AS INTERAÇÕES EM PRÁTICAS DE REVISÃO E DE REESCRITA TEXTUAIS REALIZADAS POR MEIO DO MODELO DE ROTAÇÃO POR ESTAÇÕES NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
27/06/2025 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
- Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Vinicius da Silva Zacarias
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Banca |
- Ana Karla Pereira de Miranda
- Cláudia Valéria Doná Hila
- Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
- Elaine de Moraes Santos
- Fabiana Pocas Biondo
- Rosângela Hammes Rodrigues
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Resumo |
Esta tese trata da interação entre os estudantes e deles com o professor nas
práticas de revisão e de reescrita realizadas por meio de metodologias ativas. O
trabalho resulta de uma pesquisa de natureza qualitativa, de cunho interpretativista,
filiada à Linguística Aplicada (Fabrício, 2006; Moita Lopes, 1994, 2006, 2009;
Rajagopalan, 2021) e desenvolvida pela metodologia da pesquisa-ação (Thiollent,
2011; Tripp, 2005). A tese defendida é a de que a participação dos estudantes em
atividades de revisão e de reescrita, em grupos, organizadas pelo modelo de rotação
por estações, em conjunto com as ações realizadas pelo docente ao longo da
atividade educativa, contribui para o desenvolvimento da autonomia desses
discentes enquanto revisores de seus próprios textos. Assim, o objetivo geral do
estudo é compreender como as interações dos estudantes de ensino médio
integrado, entre si e com o docente, durante a participação em atividades de revisão
e reescrita coletivas pautadas pelo modelo de rotação por estações pode
desenvolver a autonomia desses aprendizes como revisores de suas próprias
produções textuais. Os objetivos específicos são: i) analisar a contribuição dos
andaimes presentes nas interações entre os estudantes e nas deles com o docente,
durante as atividades de revisão e reescrita realizadas coletivamente, para o
desenvolvimento dos educandos enquanto revisores de textos; ii) verificar e analisar
quais aspectos das discussões em grupo aparecem refletidos na produção textual
dos estudantes quando eles precisam revisar e reescrever seus próprios textos sem
o auxílio de um leitor externo; e iii) analisar se há desenvolvimento da autonomia dos
estudantes para assumirem a posição de revisores de seus próprios textos a partir
das discussões realizadas coletivamente com os pares e/ou com o professor. As
principais bases teóricas em que se apoia o trabalho são: o entendimento
enunciativo-discursivo da linguagem (Bakhtin, 2015, 2016; Volóchinov, 2017, 2019);
a compreensão da escrita como trabalho (Fiad; Mayrink-Sabinson, 1994 [1991];
Geraldi, 1997 [1991], 2012a [1984]; Menegassi, 2016); os estudos de Vigotski (2001,
2007) sobre interação, colaboração e internalização, bem como os de Van de Pol,
Volman e Beishuizen (2010) acerca da andaimagem. Os dados foram gerados a
partir de um projeto de ensino sobre a redação do Enem, conduzido pelo autor deste
trabalho, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do
Sul (IFMS) - câmpus Coxim, em 2023. Os instrumentos metodológicos empregados,
e analisados de forma qualitativa e interpretativista, foram: gravações das interações
em áudio, questionários aplicados aos estudantes após a participação nessas
interações, entrevistas semiestruturadas, materiais escritos pelos discentes e pelo
professor pesquisador, bem como anotações de campo. A contribuição do estudo
está no fato de que ele permite ampliar a compreensão, o desenvolvimento e o
aprimoramento do trabalho com revisão e reescrita textuais coletivas e colaborativas
por meio de metodologias ativas. Os resultados indicam que tanto as interações
estabelecidas entre os estudantes quanto as deles com o educador contribuíram
para o desenvolvimento dos educandos enquanto revisores de seus próprios textos. |
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BILINGUISMO, ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO: Percepções de Alunos, Egressos e Docentes no Curso de Licenciatura em Letras Libras da UFGD |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
26/05/2025 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
- Patricia Graciela da Rocha
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Maiara Cano Romero Pereira
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Banca |
- Adriana Lúcia de Escobar Chaves de Barros
- Ana Karla Pereira de Miranda
- Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
- João Tobias Lima Sales
- Mauricio Loubet
- Patricia Graciela da Rocha
- Rodrigo Acosta Pereira
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Resumo |
RESUMO
Nas últimas décadas, as políticas de inclusão no ensino superior brasileiro têm buscado garantir o acesso e a permanência de estudantes surdos por meio da oferta de cursos específicos, como a Licenciatura em Letras Libras. Nesse contexto, os cursos na modalidade
a distância assumem papel importante, especialmente em regiões afastadas dos grandes
centros. No entanto, apesar dos avanços, ainda são escassos os estudos que investigam de
forma aprofundada os desafios e as potencialidades desses cursos na formação bilíngue de professores surdos e ouvintes. A partir dessas observações iniciais, desenvolvemos esta pesquisa com o propósito de analisar o Curso de Licenciatura em Letras Libras, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), oferecido na modalidade a distância, com especial atenção aos processos de ensino e aprendizagem, à formação docente e às
condições de acessibilidade linguística oferecidas aos estudantes. Nosso objetivo geral foi analisar as percepções de docentes, alunos e egressos do curso de Letras Libras da UFGD sobre os desafios e as potencialidades da formação bilíngue, com foco nas questões de bilinguismo e inclusão, nas dificuldades no ensino e na aprendizagem, nas metodologias e nos recursos de ensino, bem como nos desafios do Ensino a Distância (EaD). Com base nesse objetivo, os objetivos específicos foram: identificar as práticas pedagógicas desenvolvidas no curso, levantar as lacunas percebidas pelos sujeitos da pesquisa e apontar estratégias que possam contribuir para uma formação mais efetiva e inclusiva, considerando as especificidades linguísticas e educacionais dos estudantes. Fundamentamos esta pesquisa na perspectiva da Linguística Aplicada, compreendida como um campo transdisciplinar e socialmente comprometido, que busca refletir e intervir sobre problemas reais relacionados à linguagem em contextos diversos, entre eles a educação de surdos e a formação docente. Assim, dialogamos com estudos sobre a educação bilíngue de surdos com foco na formação de professores e nos desafios da acessibilidade linguística no ensino superior, articulando-nos ainda às discussões sobre educação a distância e o uso de tecnologias inclusivas. Nosso referencial teórico contempla autores que abordam a formação de professores surdos e ouvintes para o ensino bilíngue, como Quadros (2017), Fernandes (2019), Skliar (2006), Stumpf (2013) e Borges (2012), as políticas de inclusão e acessibilidade comunicacional, e nos apoiamos na Análise de Conteúdo como método qualitativo para a interpretação dos dados gerados. Como resultado, por um lado, destacamos que as análises apontaram que docentes, alunos e egressos percebem lacunas significativas na formação em Língua Portuguesa como Segunda Língua (L2), especialmente entre alunos surdos, que ingressam no ensino superior com carência de uma base linguística na L2 desde a educação básica. Nesse sentido, as dificuldades no domínio da escrita em Língua Portuguesa geram sentimentos de insegurança e dependência, o que compromete a autonomia desses estudantes. Dessa maneira, a reestruturação curricular do curso, ao reduzir a carga horária de disciplinas
voltadas à L2, não contribui para a superação desses desafios. Por outro lado, o uso de recursos tecnológicos e estratégias visuais emergiu como importante potencialidade, a ser melhor explorada, apontando caminhos para o fortalecimento da proposta bilíngue.
Concluímos, com esta pesquisa, que a efetivação de uma formação verdadeiramente inclusiva exige ações concretas de reestruturação curricular, investimento na formação de professores e intérpretes, além do aprimoramento dos materiais didáticos acessíveis a diferentes perfis de estudantes.
Palavras-chave: Letras Libras. Formação docente. Acessibilidade linguística. Bilinguismo. |
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MEMÓRIA, TRAUMA E VIOLÊNCIA NAS OBRAS DE RUBEM FONSECA: UMA ANÁLISE DO AUTORITARISMO E SUAS HERANÇAS NA LITERATURA BRASILEIRA |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
23/05/2025 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Hans Stander Loureiro Lopes
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Banca |
- Andre Rezende Benatti
- Geraldo Vicente Martins
- Livia Santos de Souza
- Ramiro Giroldo
- Raquel da Silva Ortega
- Rosana Cristina Zanelatto Santos
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Resumo |
A presente tese propõe uma análise crítica da obra de Rubem Fonseca sob a perspectiva da
memória, do trauma e da violência, refletindo sobre os efeitos do autoritarismo e de suas
heranças na sociedade e na literatura brasileira. A pesquisa tem como objetivo investigar de
que maneira a narrativa de Fonseca articula elementos históricos da repressão e da
desigualdade social, especialmente durante e após o regime militar, revelando uma literatura
atravessada por marcas da violência institucional e estrutural. A hipótese central sustenta que
a ficção de Fonseca não apenas retrata a brutalidade e a marginalização social, mas também
funciona como testemunho e denúncia dos mecanismos de poder que perpetuam o
autoritarismo no Brasil. A análise literária está amparada em um conjunto de autores que
contribuem para a compreensão da memória histórica e da violência, como Michel Foucault,
Beatriz Sarlo, Sidnei Chalhoub, Lilia Schwarcz e Flávio dos Santos Gomes. Os contos de
Rubem Fonseca são examinados à luz de episódios históricos de repressão, tortura,
desigualdade racial e social, com destaque para os relatos do projeto Brasil: Nunca Mais
(Arns, 2011) e para as confissões de Cláudio Guerra, em Memórias de uma guerra suja
(Guerra, 2012). A metodologia envolve análise textual e revisão bibliográfica, priorizando a
relação entre literatura e memória coletiva. Conclui-se que a obra fonsequiana configura uma
poética da denúncia, em que os traumas sociais da ditadura militar e suas reverberações são
mobilizados como matéria literária, produzindo uma crítica contundente ao pacto autoritário
brasileiro. A literatura, nesse sentido, emerge como espaço de resistência, de enfrentamento
ao silenciamento e de resgate da dignidade das vítimas esquecidas pela história oficial. |
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Marcas das dimensões constitutivas do jornalismo nas adaptações dos livros-reportagem Olga (1985) e Corações Sujos (2000) para a linguagem audiovisual |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
31/03/2025 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Debora Alves Pereira Cabrita
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Banca |
- Cintia Xavier
- Felipe Simão Pontes
- Geraldo Vicente Martins
- Marcia Gomes Marques
- Marcos Paulo da Silva
- Ramiro Giroldo
- Rogério Pereira Borges
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Resumo |
Esta pesquisa apresenta como objetivo central identificar as principais marcas simbólicas das dimensões estético-expressiva, pragmática e ético-deontológica do jornalismo que se esvaem e/ou que eventualmente (e paradoxalmente) são sublinhadas no processo de transposição de narrativas jornalísticas complexas – em especial, os livros-reportagem – para adaptações audiovisuais de ficção, utilizando-se como recorte empírico a transposição (Hutcheon, 2011) dos livros Olga e Corações Sujos, do jornalista Fernando Morais (1985, 2000), para os longa-metragens homônimos dirigidos respectivamente pelos cineastas Jayme Monjardim (2004) e Vicente Amorim (2011). Volta-se, portanto, aos processos de construção de "efeito de real" (Charaudeau, 2006) envolvidos nas negociações simbólicas edificadas nas fronteiras entre a não-ficção e a ficção. Utiliza-se o conceito de livro-reportagem como extensão do jornalismo convencional que diferencia-se das demais publicações jornalísticas por três condições essenciais: conteúdo, tratamento e função (Lima, 1995). O livro-reportagem não apresenta a periodicidade e o imediatismo do jornal diário, mas costuma refletir a inquietude do profissional jornalista que tem a possibilidade de aprofundar temas da contemporaneidade, além de atingir uma audiência heterogênea e dispersa geograficamente. O trabalho inscreve-se no âmbito de discussões amplas, devotadas à busca pela especificidade do jornalismo em situações fronteiriças, nas quais a atividade social e a prática profissional dialogam com outras práticas culturais e sociais – tais como o cinema e a literatura. A análise evidencia como as escolhas estéticas e narrativas dos diretores influenciaram a representação dos eventos históricos, ora enfatizando, ora diluindo elementos simbólicos do jornalismo. Olga (2004), por exemplo, privilegia uma abordagem emocional e melodramática, impactando o modo como a militância política da personagem é retratada, enquanto Corações Sujos (2011) constrói uma narrativa mais próxima da verossimilhança histórica, refletindo preocupações com autenticidade cultural e documental. Assim, esta pesquisa reforça a importância do cinema como agente de reinterpretação da memória histórica e destaca os impactos da transposição narrativa na construção simbólica dos fatos.
Palavras-chaves: deontologia jornalística; linguagem audiovisual; livro-reportagem; adaptação; transposição. |
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Entre nomes e territórios: a toponímia dos acidentes humanos rurais da Região Geográfica Intermediária de Dourados/MS |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
28/03/2025 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Silmara Cristina Batista da Silva
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Banca |
- Ana Claudia Castiglioni
- Ana Paula Tribesse Patrício Dargel
- Aparecida Negri Isquerdo
- Bruno Oliveira Maroneze
- Elizabete Aparecida Marques
- Maria Célia Dias de Castro
- Marilze Tavares
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Resumo |
A Toponímia, ramo da Onomástica que estuda os topônimos, tem como objeto de estudo os
nomes próprios de lugares, considerando motivações linguísticas e extralinguísticas. Para tanto,
parte-se do pressuposto de que a nomeação dos lugares pode registrar tantos fatos do “espírito
humano” (Dick, 1992), dentre outros, quanto elementos característicos do “ambiente físico ou
social” (Sapir, 1969), em que o denominador está inserido. Esta Tese tem como objeto de
pesquisa a toponímia de acidentes humanos rurais (fazendas, sítios, chácaras, estâncias,
assentamentos) da Região Geográfica Intermediária de Dourados/MS (IBGE, 2017). O corpus
da pesquisa é constituído por 2.874 topônimos oficiais extraídos dos mapas oficiais do IBGE
(2019), com escala 1:100.000, pertencentes aos 34 municípios que compõem a área investigada.
A pesquisa tem como objetivo geral analisar os topônimos que nomeiam os acidentes humanos
rurais da região selecionada, considerando a motivação, os mecanismos de classificação
semântica, a estrutura morfológica e a base linguística do termo específico do sintagma
toponímico. Para tanto, busca resposta para três hipóteses: i) a situação de fronteira com países
hispânicos e a presença significativa de povos indígenas contribuem para a configuração da
toponímia regional; ii) a escolha de topônimos em regiões de fronteira reflete as origens
culturais e linguísticas dos grupos migratórios que participaram do processo de colonização,
evidenciando a dinâmica sociocultural desses movimentos; iii) em regiões de confluência
cultural, a toponímia reflete um processo de hibridização, no qual elementos linguísticos e
simbólicos de diferentes grupos migratórios e colonizadores se combinam na seleção dos
topônimos. A pesquisa foi orientada, fundamentalmente, pelas contribuições teóricometodológicas de Dauzat (1926), Leite de Vasconcellos (1928), Stewart (1954), Backheuser
(1949-1950), Sapir (1969), Dick (1990; 1992; 1998; 1999, 2004, 2010), Ananias (2018) e
Isquerdo e Dargel (2020). Além disso, os dados foram cotejados com resultados obtidos por
Dick (1990; 1992), Tavares (2004), Cazarotto (2019), Ananias (2018) e Oliveira (2023), para
a busca de respostas para a segunda hipótese estabelecida para a pesquisa. Os resultados da
pesquisa indicam maior produtividade de topônimos de natureza antropocultural com 66,25%
de registros, classificados segundo as seguintes taxes toponímicas (Dick, 1992):
hagiotopônimos (24,74%), sendo mais frequentes São José, Santo Antônio, São João, Santa
Maria; animotopônimos eufóricos (11,55%) como Boa Vista, Esperança e Paraíso e
antropotopônimos (9.64%), destacando-se apelidos de família como Garcia, Martins e Silva.
Em contrapartida, os topônimos de natureza física alcançaram 31,45%, com maior índice de
frequência os fitotopônimos (9,53%), como Capão, Palmeira e Floresta; os hidrotopônimos
com 5,78%, sendo os mais frequentes Água, Lagoa e Cabeceira e os zootopônimos com 5,05%
como Sucuri e Vacaria. Topônimos não classificados: 2,30%. Predominam entre os dados
topônimos compostos (54,98%) seguidos dos com estruturas simples (40,98%), além de 4,04%
não classificados, em sua maioria de base indígena. Foram identificados topônimos formados
por unidades complexas do léxico como em Vai-quem-quer, Passa frio e Olho d’água. Além
disso, a toponímia estudada reafirma a presença da herança lusitana na nomeação de lugares,
bem como influências da realidade regional e de movimentos migratórios, o que confirma a
presença de hibridização linguístico-cultural na toponímia regional. Nesse sentido, foram
identificados na toponímia estudada traços de influência de grupos migratórios oriundos de
diversas partes do território brasileiro, como em fazendas Santa Fé do Sul e Arroio Corá, que
remetem a elementos linguísticos característicos das regiões do sul do país; topônimos como
Barretos, Aparecida do Norte, Copacabana e Mundo Novo que evidenciam homenagens a
localidades do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil. Outro aspecto observado foi a influência
histórico-social das regiões fronteiriças na toponímia, em topônimos como Rincão, Cerrito,
Padilha-Cuê e Rancho Primavera que atestam a presença das línguas oficiais do Paraguai na
toponímia examinada. Nas cinco regiões imediatas que compõem a região selecionada ficou
evidente a forte influência de acontecimentos históricos, como a Guerra do Paraguai, cuja
memória se cristalizou em nomes como Cadete-Cuê e Marquês-Cuê, Tereré. Além dos aspectos
apontados a toponímia remete ainda a processos de colonização ocorridos na região como o
desencadeado pelo projeto de colonização “Marcha para o Oeste”, na região sul do estado,
incluindo faixas de fronteira. As hipóteses estabelecidas para esta tese foram confirmadas. A
primeira que sugeria que a situação de fronteira com países hispânicos e a presença significativa
de povos indígenas contribuem para a configuração da toponímia regional, foi confirmada pela
relevante incidência de topônimos indígenas associados a línguas que figuram como oficiais
em diversos países. A segunda hipótese confirmada previa que a escolha de topônimos em
regiões de fronteira reflete as origens culturais e linguísticas dos grupos migratórios que
participaram do processo de colonização, enquanto a terceira indicava que, em regiões de
confluência cultural, a toponímia reflete um processo de hibridização no qual elementos
linguísticos e simbólicos de diferentes grupos migratórios e colonizadores se combinam na
formação dos nomes das localidades, hipótese também corroborada pela pesquisa. |
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O Discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre o indígena: a relutância de um arquivo colonial |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
28/03/2025 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
- Vania Maria Lescano Guerra
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Edgar Cezar Nolasco dos Santos
- Marcos Antônio Bessa Oliveira
- Marcos Aurélio Barbai
- Silvane Aparecida de Freitas
- Vania Maria Lescano Guerra
- Wagner Corsino Enedino
- Willian Diego de Almeida
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Resumo |
Um olhar atento para os discursos que têm circulado em nossa sociedade, a respeito do indígena,
possibilita compreender que, desde os tempos do “descobrimento”, as diversas comunidades indígenas
brasileiras são postas em um local de exclusão, à margem da sociedade. Nessa esteira, os enunciados
(re)produzidos nos dias atuais encontram raízes nas discursividades do passado, em um arquivo
colonial ainda muito presente na sociedade contemporânea. Partindo dessa conjectura, tem-se por
objetivo identificar, mediante recortes discursivos, ou seja, nos discursos de Jair Bolsonaro, as relações
de poder/saber, formações discursivas e interdiscursos que direcionam para o processo de
exclusão/marginalização do indígena, bem como para suas condições de existência/resistência,
problematizando essas discursividades e desviando a trajetória do pensamento para uma perspectiva
horizontal, heterogênea e que considera a contribuição da diversidade de saberes nas relações sociais.
Parte-se da hipótese de que os discursos bolsonaristas produzem reflexões sobre a condição de
marginalização das comunidades indígenas brasileiras, de que seus pronunciamentos
produzem(iram) resultados que vão além de convicções pessoais: são discursos que refletem o
posicionamento de uma sociedade como um todo, que ainda não aprendeu a dar o merecido
respeito ao indígena do nosso país. De forma transdisciplinar, a tese ancora-se nas teorias: da
Análise do Discurso (AD) de origem francesa, no escopo de formar um outro lugar de conhecimento,
onde a linguagem pode ser referida essencialmente à sua exterioridade, para a compreensão do seu
funcionamento enquanto processo significativo; do método arqueogenealógico de Foucault (1990,
1996, 2000a, 2000b, 2006, 2007, 2008a, 2008b), que embora tenha sido um historiador e filósofo, foi
adotado pela AD para discutir questões como o saber, o poder e a vontade de verdade, trazendo
conceitos caros à proposta de análise a ser empreendida nesta tese, como os de formação discursiva e
memória discursiva; da obra derridiana (1994, 2001a, 2001b) que, seguindo a mesma linha de
“adoção” pela AD, citada anteriormente, contribui com noções importantes como a de memória e
arquivo; e, dos estudos decoloniais, como perspectiva diferenciada das teorias eurocêntricas de outros
autores, que colaboram, portanto, de modo significativo, na desconstrução de um pensamento
unilateral e colonizatório. De maneira metodológica, a tese divide-se em três partes. Na primeira parte,
apresento as condições de produção dos dizeres de Jair Bolsonaro, no objetivo de elucidar em que
circunstâncias esses discursos foram produzidos, trazendo à tona a trajetória do deputado federal que
chegou à Presidência da República, nas eleições de 2018, sem participar da grande maioria dos debates
políticos organizados naquele pleito eleitoral. A segunda parte detalha os pressupostos teóricos e
metodológicos utilizados nesta pesquisa, apresentando os autores e suas concepções advindas da
Análise do Discurso (AD), do método arqueogenealógico, da teoria derridiana e mobilizando conceitos
dos estudos decoloniais. A terceira e última parte foi dividida em três “eixos” específicos, a fim de
estabelecer um exame mais “didático” dos recortes discursivos: representações de si do
sujeito/presidente; representação de terra do sujeito/presidente e representações que o
sujeito/presidente tem dos indígenas brasileiros. Nela, tem-se a problematização dos discursos
proferidos por Jair Bolsonaro, ao longo de mais de três décadas de carreira política, explorando
questões que, em especial, envolvem a terra, e a discriminação sofrida pelos indígenas, desde o
processo colonizatório até os dias atuais. Do gesto interpretativo analítico, resultados apontam para o
processo de exclusão/marginalização do indígena, bem como para suas condições de
existência/resistência, uma vez que, conforme a mobilidade do poder de Foucault (1990), o indígena
resiste, se organiza para lutar contra esses discursos e contra a opressão da sociedade capitalista. |
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LÉXICO E RELIGIOSIDADE POPULAR E SUAS INTERFACES COM A CULTURA: DENOMINAÇÕES PARA “DIABO” E “FANTASMA” NO INTERIOR DE SÃO PAULO - DADOS DO PROJETO ALiB |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
21/03/2025 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Aparecida Negri Isquerdo
- Beatriz Aparecida Alencar
- Bruno Oliveira Maroneze
- Elizabete Aparecida Marques
- Geisa Borges da Costa
- Greize Alves da Silva
- Renato Rodrigues Pereira
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Resumo |
O nível lexical de uma língua demonstra visões de cunho social, histórico e, sobretudo, cultural
de uma sociedade, revelando a forma como a comunidade percebe o mundo. Assim, é pelo viés
do léxico, transmitido de geração para geração, que os falantes realizam e elaboram o
conhecimento, por meio da inter-relação léxico, cultura e sociedade. Nesse sentido, esta tese
tem por objetivo mais amplo analisar um recorte do vocabulário utilizado pelos falantes
paulistas relacionado à área semântica Religião e Crenças do Questionário Semântico-Lexical
(QSL) do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), questão 147 – “Deus está no céu e no
inferno está o_______” e questão 148 - “O que algumas pessoas dizem já ter visto, à noite, em
cemitérios ou em casas, que se diz que é do outro mundo? ________” (Comitê Nacional...,
2001, p. 33), com ênfase na dimensão cultural do léxico. Para tanto, foram delimitados os
seguintes objetivos específicos: identificar e sistematizar as denominações fornecidas pelos
informantes do Projeto ALiB para nomear as entidades “diabo” e “fantasma”; analisar a
distribuição diatópica das denominações apuradas, por meio de cartas linguísticas; discutir a
proposta de um “falar paulista” na área investigada, além de investigar inter-relações entre o
acervo lexical que compôs o corpus da pesquisa e vestígios de uma cultura transmitida de
geração para geração. Para tanto, adotaram-se contribuições da Lexicologia (Biderman, 1998;
2001; 2002); da Dialetologia e Geolinguística (Amaral, 1976; Cardoso, 2010; Cardoso et al,
2014a; Cardoso et al, 2014b); da Antropologia Linguística (Duranti, 2000) e da História
Cultural (Chartier, 2002). O percurso metodológico foi traçado a partir dos dados registrados
por meio de inquéritos linguísticos realizados nas 37 localidades do interior do estado de São
Paulo, que compõem a rede de pontos do Projeto ALiB. Para a questão 147/QSL, foram
apuradas 337 registros lexicais que, após analisados, validados e agrupados, resultaram em 14
denominações para o conceito em questão: diabo, capeta, satanás, demônio, lúcifer, coisa ruim,
cão, chifrudo, inimigo, tentação, cramulhano, sujo, bicho e tinhoso. Já a questão 148/QSL
gerou 225 formas lexicais que resultaram em 17 denominações validadas: assombração,
fantasma, alma penada, vulto, alma, espírito, alma de outro mundo, visão, alma perdida,
sombra, visagem, coisa do outro mundo, alma abandonada, alma vagabunda, encosto, espírito
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ruim e capa preta. O repertório de dados catalogados que deu mostras da norma lexical do
português falado no interior de São Paulo, indicando as seguintes tendências: i) consolidação
da norma lexical dos falantes do interior do estado de São Paulo que, por sua vez, aponta para
casos de representação social, no âmbito da cultura dos paulistas – diabo, capeta, satanás,
assombração, fantasma; ii) sinalização para vestígios de uma cultura cristalizada na
configuração social, bem como a indicação de que a geração mais jovem (18-30 anos) se
apropriou de formas lexicais utilizadas pela geração mais idosa (50-65 anos) – inimigo, capeta,
coisa de outro mundo, sombra –, o que sinaliza para o fenômeno do conservadorismo lexical,
bem como para a existência de denominações “candidatas” a caírem em desuso na acepção dos
falantes em causa – tinhoso, sujo, alma de outro mundo; iii) presença de tabus linguísticos que
traduzem julgamentos sociais dos falantes e evidenciam a força de fatores extralinguísticos e
culturais na seleção vocabular dos falantes paulistas – coisa ruim, tentação, visão, sombra. Os
resultados da pesquisa apontam, pois, para a confirmação das hipóteses de que o repertório
lexical veiculado no interior de São Paulo, para denominar conceitos associados à área
semântica selecionada, resulta da interação entre léxico e cultura, transmitidos de geração para
geração, bem como que as denominações para conceitos associados à área semântica Religião
e Crenças são resultantes de práticas herdadas de diversas culturas, por meio da comunicação.
Por fim, a análise possibilita depreender que o conjunto vocabular analisado expressa aspectos
significativos para a compreensão da linguagem como prática cultural, bem como ratifica a
preeminência do léxico e a amalgamada relação entre aspectos linguísticos, históricos e
culturais da área semântica Religião e Crenças, expressos pelos paulistas entrevistados. |
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Reconfigurações da noticiabilidade na pós-convergência: manifestações residuais no jornal Correio do Estado (MS) |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
17/03/2025 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Laura Strelow Storch
- Marcia Gomes Marques
- Marcos Paulo da Silva
- Mario Luiz Fernandes
- Ramiro Giroldo
- Vivian de Carvalho Belochio
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Resumo |
Esta pesquisa se propõe a problematizar possíveis alterações na lógica jornalística da noticiabilidade (Shoemaker, 2006; Shoemaker, Cohen, 2006; Silva, 2013) em um recorte geográfico regional peculiar – na redação jornalística do Correio do Estado, veículo localizado em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul – a partir de um contexto de transformações nas formas contemporâneas de sociabilidade e nos modos de produção, circulação e consumo de bens simbólicos que aportam numa cultura de “pós-convergência midiática” (Fagerjord, 2011, Nash, 2012, Ramírez, 2013). Para tanto, a pesquisa busca compreender e debater a hipotética dissolução da noção tradicional de regularidade temporal como característica central das rotinas produtivas (Martín-Barbero, 2003; Thompson, 1998) e da própria concepção de vida cotidiana (Heller, 2016; Souza Martins, 2003) como padrão cultural hegemônico da sociedade contemporânea (Berger e Luckmann, 1985; Giddens, 1991; Lipovetsky, 2005). Para que o objetivo central do estudo seja alcançado, reflete-se sobre como a desconstrução contemporânea da noção tradicional de vida cotidiana (Heller, 2016; Souza Martins, 2003) tenciona os conceitos de “convergência midiática” (Jenkins, 2001; 2008) e de “convergência jornalística” (Salaverría; Negredo, 2008, Barbosa, 2009) como construções culturais que abrem caminho para a lógica da “pós-convergência” (Fagerjord, 2010; Nash, 2012; Ramírez, 2020) e alteram a própria concepção de seleção noticiosa em um cenário regional – isto é, busca-se uma proposição para o conceito de pós-convergência jornalística e sua aderência residual na prática do jornalismo sul-mato-grossense. Em termos do itinerário do estudo, desenvolve-se uma discussão teórico-conceitual de caráter bibliográfico que embasa a etapa empírica da pesquisa, a qual é fundamentada no modelo metodológico proposto por Lopes (2003). Tal modelo prevê o desenvolvimento de quatro instâncias de pesquisa: a) epistemológica (vigilância epistêmica); b) teórica (definição de quadros de referência); c) metódica (proposição de quadros de análise); e d) técnica (construção da empiria e análise dos dados) (Lopes, 2003). Após a realização dos
procedimentos relacionados às três primeiras instâncias, a etapa relacionada à instância técnica envolveu três momentos: 1) observação direta na redação do veículo Correio do Estado e realização de entrevistas semiestruturadas com jornalistas do veículo, contemplando diferenças, como gênero, idade e nível hierárquico; 2) tratamento dos dados por meio da descrição e 3) interpretação dos dados, com base na discussão teórica-conceitual e na sistematização dos resultados. Como principais resultados destacam-se: a) a confirmação da ideia de que a noticiabilidade não se refere às características intrínsecas de um acontecimento, mas ao “julgamento pessoal” (Shoemaker, 2016), inscrito na construção de sentido coletivo da vida cotidiana, que determina se esse acontecimento tem potencial para se tornar notícia no espaço simbólico da redação, baseado nas dimensões do “desvio e da significância social” (Shoemaker, 2014); b) que os acontecimentos relacionados ao contexto local e regional sofrem menos influência de algoritmos e métricas digitais no processo de noticiabilidade; c) que as dimensões da noticiabilidade, como o desvio e significância social, envolvem aspectos que abarcam o contexto socioeconômico e cultural nas especificidades do Mato Grosso do Sul e de seus jogos de forças; d) que o processo de noticiabilidade no contexto Sul-mato-grossense também é moldado, sobremaneira, pelas suas particularidades culturais, econômicas e sociais; e) a identificação, ainda que de forma residual, das transformações em curso no processo de noticiabilidade em um contexto peculiar de pós-convergência jornalística. |
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Escrevivência Fronteiriça: corpogeografias de vida |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
07/03/2025 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
- Edgar Cezar Nolasco dos Santos
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Viviani Cavalcante de Oliveira Leite
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Banca |
- Angela Maria Guida
- Arnaldo Pinheiro Mont'Alvão Júnior
- Carlos Igor de Oliveira Jitusumori
- Carlos Vinicius da Silva Figueiredo
- Edgar Cezar Nolasco dos Santos
- Marta Francisco de Oliveira
- Tiago Osiro Linhar
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Resumo |
Esta tese desenvolve uma teorização epistêmico-conceitual a partir do
conceito de Escrevivência, cunhado por Conceição Evaristo, expandindo-o para uma
perspectiva fronteiriça como prática epistêmica descolonial, articulando as dimensões do
ser, do saber e do método na produção de conhecimento a partir das fronteiras do
sistema-mundo moderno/colonial. A pesquisa estrutura-se em três eixos fundamentais
que correspondem aos seus capítulos centrais. O primeiro capítulo traça uma genealogia
da colonialidade do ser, estabelecendo conexões entre a perseguição histórica aos
corpos dissidentes - da fogueira europeia à colonização brasileira - e propondo a
escrevivência fronteiriça como prática de desobediência epistêmica por meio da inclusão
das corpogeografias de vida na produção do saber acadêmico. O segundo capítulo
desenvolve uma reflexão sobre as epistemologias da exterioridade, contrapondo o
mundo imaginário colonial ao mundo-vida fronteiriço, e articula os conceitos de
sentipensar e pensamento próprio para fundamentar a práxis do corpo epistêmico
fronteiriço escrevivente. O terceiro capítulo apresenta a gramática da escrevivência
fronteiriça como metodologia insurgente, fundamentada na ética do desprendimento e
na articulação entre corpopolítica e geopolítica do conhecimento, culminando na
continuidade do desenvolvimento da teorização das corpogeografias de vida, o sexto
sentido, como expressão desta prática metodológica. A pesquisa parte de uma
epistemologia de cunho crítico biográfico fronteiriço, uma vez que pensa a partir de lócus
e de corpos específicos, ancorada principalmente nas teorias descoloniais de Walter
Mignolo e nas reflexões teóricas de Edgar Cézar Nolasco. A investigação sustenta que
a escrevivência fronteiriça, ao emergir de corpos marcados pela diferença ontológica
colonial, subverte a estratégia fundamental do projeto moderno/colonial: a exclusão
epistêmica dos corpos e sua consequente desincorporação na produção de
conhecimento. Como limitações da pesquisa, reconhece-se que a própria natureza do
trabalho, ao propor uma metodologia emergente e situada, enfrenta o desafio de sua
validação nos marcos epistêmicos tradicionais da academia. Ademais, a amplitude das
experiências fronteiriças e a diversidade de contextos geopolíticos não podem ser
totalmente contempladas em um único estudo, sugerindo a necessidade de futuras
investigações que ampliem e aprofundem as proposições aqui apresentadas. |
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UM ESTUDO SEMIÓTICO SOBRE O DOMÍNIO AFETIVO DA APRENDIZAGEM |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
28/02/2025 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
- Sueli Maria Ramos da Silva
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Poliana Quintiliano Silvesso de França
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Banca |
- Aline Saddi Chaves
- Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
- Daniervelin Renata Marques Pereira
- Eliane Aparecida Miqueletti
- Fabiana Pocas Biondo
- Geraldo Vicente Martins
- Sueli Maria Ramos da Silva
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Resumo |
Após a promulgação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (Brasil, 2017), a afetividade, enquanto modalidade de aprendizagem contemplada no currículo, passou a ser considerada em livros didáticos. Em vista das estratégias de letramento em língua adicional presentes em alguns deles (Franco; Tavares, 2018a, 2018b; Franco, 2018a, 2018b), a nossa hipótese é de que as estratégias selecionadas são insuficientes para promover as habilidades afetivas ligadas ao eixo da leitura. É necessário ressaltar que a afetividade tem sido alvo de diversos debates que relacionam políticas educacionais, políticas linguísticas, currículo e práticas didáticas (Arias, 2010, 2011; Freire, 2011; Kaneoya, 2015; Leite, 2018; Hooks, 2020), uma tendência crescente diante das revisões teóricas que permeiam o campo das linguagens e questionam a racionalização e a prática científica. Diante disso, o objetivo geral deste trabalho é analisar a constituição do domínio afetivo da aprendizagem no currículo nacional (Brasil, 2017a), considerando as discussões que embasam as políticas linguísticas e culminam na formulação de livros didáticos de língua inglesa. Por sua vez, os objetivos específicos consistem na análise do domínio afetivo na sua relação com os documentos que participam do currículo nacional; a classificação das habilidades afetivas presentes na BNCC para o componente curricular de Língua Inglesa, ensino fundamental, de modo a identificar relações entre o domínio cognitivo e afetivo. De igual modo, a análise da coleção de livros didáticos Way to English (Franco; Tavares, 2018a, 2018b; Franco, 2018a, 2018b) para os anos finais do ensino fundamental. Metodologicamente, a fim de contextualizar e justificar o nosso trabalho, apresentamos a semiótica didática (Greimas, 1979), uma prática de análise que tem se estruturado no interior da Semiótica Discursiva como eixo de articulação entre o ensino e a própria teoria. Trata-se de um projeto de semiótica aplicada ao ensino (Silva et al., 2024; Pereira, 2019; Portela, 2019). Teceremos também intersecções entre as noções de competencialização e responsabilização (Greimas, 1979), tomadas como efeitos de sentido dos discursos didáticos, além de algumas contextualizações políticas e dos documentos oficiais do currículo (PCNs, DCNs e BNCC – Língua Inglesa).. Propomos uma classificação das habilidades que correspondem ao domínio afetivo e cognitivo presentes na BNCC – Língua Inglesa, em articulação às proposições de Bloom, Krathwohl e Masia (1982) e Anderson et al. (2001), que viabilizam, no último capítulo, a análise da coleção de livros didáticos supracitada. A fim de fundamentar este trabalho, partimos da noção de interação, conforme as concepções teóricas da Semiótica Discursiva, acrescida de seus recentes desdobramentos tensivos (Zilberberg, 2011; Lima, 2014; Tatit, 2019; Mancini, 2020), que a concebe também como processo de apropriação afetiva da significação. Isso se deve às proposições metodológicas da teoria, que permitem, em uma análise do devir ascendente e descendente, articulada aos eixos intensidade x extensidade, bem como da modulação de suas subcategorias, observar as interações afetivas recorrentes no discurso. Como resultado, mostramos como a afetividade se apresenta nos enunciados curriculares e quais as estratégias envolvidas na promoção de habilidades que remetem a esse domínio, mais precisamente em relação às habilidades de leitura.
Palavras-chave: semiótica didática, semiótica tensiva, habilidades afetivas. |
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LITERATURAS NATIVAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA: uma possibilidade de desobediência epistêmica |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
17/12/2024 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
- Patricia Graciela da Rocha
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Adriana Oliveira de Sales
- Angela Maria Guida
- Fabiana Pocas Biondo
- Fernanda Vieira de Sant Anna
- Patricia Graciela da Rocha
- Rodrigo Acosta Pereira
- Suzana Vinicia Mancilla Barreda
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Resumo |
A colonização de Pindorama, termo de origem tupi-guarani utilizado pelos povos nativos da
região costeira para se referir ao que hoje chamamos Brasil, deixou marcas profundas na
nossa cultura e sociedade. Desde então, as colonialidades do ser, do saber e do poder
persistem na sociedade brasileira e, de forma incisiva, no ambiente escolar. Muitos aspectos
relacionados à cultura europeia foram supervalorizados, causando o apagamento e a
desvalorização das diversidades identitárias do país, especialmente em relação aos grupos
minorizados, como os povos nativos. Durante séculos, a educação formal esteve restrita às
classes dominantes, com livros e materiais didáticos que refletiam apenas a visão dos
colonizadores. No entanto, nas últimas décadas, narrativas minoritárias, especialmente de
autoria de pessoas que se identificam com alguma etnia indígena, começaram a ser
incorporadas nos ambientes de aprendizagem, abrindo espaço para novas perspectivas
históricas e culturais. Em 10 de março de 2008, a Lei 11.645 tornou obrigatório o ensino das
histórias e culturas dos povos originários no currículo escolar nacional, com destaque nas
áreas de artes, literatura e história. Essa legislação promoveu um espaço nos currículos
escolares para a revisão de questões culturais e históricas antes silenciadas. Diante desse
contexto, este estudo, com base na linguística aplicada, objetiva refletir sobre como o trabalho
com literaturas nativas no ensino de língua portuguesa e literatura na Educação Básica,
especialmente no Ensino Médio, pode contribuir para a construção de uma nova perspectiva
sobre as identidades dos povos originários brasileiros. O estudo visa também à revisão de
mitos, crenças, preconceitos e estereótipos enraizados na sociedade e à promoção da
desobediência epistêmica no campo educacional. Para tanto, esta pesquisa qualitativa, de
caráter aplicado e exploratório, adota a metodologia de pesquisa-ação. A geração de dados
inclui a aplicação de dois questionários (inicial e final) e o desenvolvimento de uma sequência
didática de caráter decolonial, utilizando livros de literárias nativas. Essas atividades foram
realizadas com 30 alunos de uma turma da 2ª série do Ensino Médio de uma escola pública
em Porto Velho-RO, a fim de observar os impactos da Lei 11.645/08, implementada há mais
de 12 anos. A análise interpretativista foi conduzida a partir dos comentários dos alunos sobre
como se identificam e identificam o outro (o sujeito nativo), com base nas seguintes questões:
O que é ser indígena? O que define uma pessoa como indígena? Com esta pesquisa pretendo
contribuir para uma abordagem mais inclusiva e crítica no ensino de língua portuguesa e
literatura, desafiando preconceitos e promovendo uma compreensão mais profunda e
contextualizada das identidades e culturas que constituem o Brasil. |
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DOCENTES NEGRAS DA UFMS E AS MODALIDADES DE IDENTIFICAÇÃO RACIALIZADA: DISCURSO E(M) RESISTÊNCIA |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
17/12/2024 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Ovidio da Conceição Batista Junior
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Banca |
- Argus Romero Abreu de Morais
- Elaine de Moraes Santos
- Juliana da Silveira
- Kátia Alexsandra dos Santos
- Marlon Leal Rodrigues
- Rosivaldo Gomes
- Thaize de Souza Reis
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Resumo |
Esta pesquisa tem como objeto a irrupção de modalidades de identificação racializada quando professoras negras da UFMS produzem narrativas de si. Para tanto, aciono o dispositivo teórico-metodológico da Análise de Discurso pecheuxtiana, em diálogo com o Feminismo Negro. Metodologicamente de base qualitativo-interpretativista, a descrição e a interpretação das SDs – Sequências Discursivas (Courtine, 2009), recortadas das respostas obtidas em cinco entrevistas semiestruturadas, decorrem em relação direta e constitutiva com suas condições de produção (Orlandi, 2005). No bojo do arcabouço epistemológico, conjecturo a seguinte pergunta: “Como se constituem as modalidades de identificação racializada nas respostas de professoras autodeclaradas negras, ao falarem de suas trajetórias acadêmicas na UFMS?”. Mediante essa inquietude e somando-a às questões ontológicas de um pesquisador assentado em uma posição-sujeito de masculinidade – homem negro – estabeleço, como objetivo geral, analisar os processos de identificação racializada de professoras autodeclaradas negras na UFMS, no batimento entre os discursos de si e o gesto de interpretação (Orlandi, 2012) do analista. Na esteira do propósito maior, são objetivos específicos do estudo: a) problematizar como interseccionalidade se entrecruza na batalha por democracia racial e pelo fim da opressão sexista e patriarcal (Carneiro, 2003; Gonzalez, 2020; Kilomba, 2019) que atinge a trajetória de inserção e atuação de professoras negras na UFMS; b) delinear, à luz de uma disciplina de entremeio, as condições de produção e o processo de pesquisa no escopo do debate sobre discursos racializados e as modalidades de identificação; c) exercer uma escuta discursiva (Orlandi, 2005) das SDs. Tendo em vista os objetivos traçados, proponho a tese de que o construto discursivo da racialização na UFMS emerge como efeito da interpelação ideológica (Pêcheux; Fuchs, 1997) das sujeitas investigadas que se contra-identificam (Pêcheux, 2009) com uma formação social que, no escopo deste trabalho, regula uma FD patriarcal e racista. No batimento (Freire, 2021) entre as narrativas de si (delas) e uma posição-sujeito outra – a do pesquisador – para além de trajetórias marcadas pela interdição de discursos estabilizados sobre o que é ser professora negra no ensino superior e, concomitante às conquistas narradas, há, como recorrência, a produção da resistência (Pêcheux, 2014) ao epistemicídio (Carneiro, 2003). Nas SDs analisadas, isso se dá, principalmente, na articulação de duas marcas na superfície linguística: a negação e a presentificação da ausência. No que tange à historicidade com que irrompe a não identificação plena com os saberes defendidos pela forma-sujeito que opera regulando uma FD patriarcal e racista, no jogo entre reconhecimento e representação, a legitimidade do lugar ocupado pode ser parte preponderante na produção de mais sensibilidades epistêmicas racializadas em âmbito universitário.
Palavras-chave: Docentes negras. Masculinidade negra. Discursos racializados. Ensino superior. |
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Sentidos em versos: correlações poéticas, figuras e temas de identidade na obra de Cristiane Sobral |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
12/12/2024 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Geraldo Vicente Martins
- José Antonio De Souza
- Julio Neves Pereira
- Leticia Moraes Lima
- Rosana Cristina Zanelatto Santos
- Sueli Maria Ramos da Silva
- Tiana Andreza Melo Antunes
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Resumo |
Este trabalho analisa, na poesia de Cristiane Sobral, poeta mineira, os efeitos de sentido resultantes da correlação entre categorias do plano de conteúdo e categorias do plano de expressão, a partir dos quais é possível estabelecer a elocução de uma poética identitária própria, marcada pela especificidade de sua criação no contexto da literatura brasileira contemporânea cuja autoria provém de mulheres negras. Para isso, recorremos ao modelo teórico-metodológico proposto pela semiótica discursiva para estudar o modo de geração dos sentidos no interior desses textos na articulação dos elementos do conteúdo com elementos da expressão, decorrente das projeções semissimbólicas. Ainda, para respaldarmos nossas análises, fez-se necessário agregar aos estudos a semiótica das paixões, uma vez que a dimensão passional se faz presente nos textos poéticos, dos quais se tem a percepção dos “estados de alma do sujeito”, explícita ou implicitamente investidos no discurso. Além das análises propriamente ditas, discorremos sobre estudos da literatura de autoria feminina negra, destacando-se a proposição de uma estilística afrodescendente que perpassa as produções de autoria feminina negra; ademais, fez-se importante estabelecer a condição da mulher submetida ao escravismo, procedendo-se a um recorte histórico desse período. Finalmente, apresentamos a análise semiótica dos seguintes textos da obra Não vou mais lavar os pratos, de autoria de Cristiane Sobral (2016a): “Escuridão da vitória”; “Opção”; “Nzingas guerreiras”; “Escova progressiva”; “Refazendo a cabeça”; “Heroína crespa”; “Lente de contato”; “Verdade”, nos quais foi possível perceber a construção da temática da identidade negra a partir da correlação entre categorias do plano do conteúdo e do plano da expressão, cuja essência figurativa recai sobre o “cabelo negro”, em discurso que propõe o enaltecimento da mulher negra a partir de sua raiz identitária.
Palavras-chave: Poética; Conteúdo e expressão; Semissimbolismo; Dimensão passional. |
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DIALOGANDO SOBRE EDUCAÇÃO DE SURDOS, (DE)COLONIALIDADE E LETRAMENTO VISUAL CRÍTICO |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
12/12/2024 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
- Danielle Cristina Mendes Pereira Ramos
- Felipe de Almeida Coura
- IVANI RODRIGUES SILVA
- Nara Hiroko Takaki
- Patricia Graciela da Rocha
- Rosivaldo Gomes
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Resumo |
A educação de alunos Surdos é uma questão amplamente debatida devido aos inúmeros obstáculos linguísticos e metodológicos que comprometem o desenvolvimento da aprendizagem desses estudantes. Para desenvolver a pesquisa, estabelecemos o seguinte objetivo geral: problematizar as contribuições do letramento visual crítico e da perspectiva (de)colonial para a educação de Surdos. Partindo de tal objetivo, especificamente almejamos: 1) Discutir os conceitos de Letramento Visual Crítico articulando suas definições, características e relevância no contexto educacional; 2) Descrever as manifestações e implicações de ocorrências (de)coloniais na educação de Surdos. Com o intento de alcançarmos tais objetivos, selecionamos a pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa, para desenvolver as reflexões emergidas durante a pesquisa. O levantamento bibliográfico foi realizado em janeiro de 2023 e identificou teses e dissertações publicadas de 2000 a 2019. Sendo assim, recorremos a pesquisas atinentes à educação de Surdos (Ferreira, 2019; Mendes, 2015; Perlin, 2003; Giordani, 2003; Nascimento, Silva, 2019; Mahl, Ribas, 2013; Sá, 2006; Lane, 2008; Longman, 2007; Freitas, 2021; Lobato, 2023; Quadros, 1997 e entre outras), ao letramento visual crítico (Ferraz, 2011, 2012, 2014, 2019; Mizan, 2011, 2013; Cotrim, 2018; Ferraz e Mizan, 2019, 2023; Mizan e Ferraz, 2021; Cotrim e Ferraz, 2014; Takaki, 2012 e entre outras) e à (de)colonialidade (Maldonado-Torres, 2003; Mignolo, 2003, 2017; Quijano, 2005, 2007; Walsh, 2009 e entre outras). Além de discutirmos esses âmbitos, elaboramos três eixos reflexivos com indagações para fomentar as possíveis significações e pontos de vista gerados a partir de imagens que selecionamos. Os resultados indicam uma ausência de pesquisas focadas no letramento visual crítico para Surdos, destacando a necessidade de expandir os horizontes metodológicos e teóricos para incluir e valorizar as experiências visuais e comunicativas dos Surdos nesse âmbito de pesquisa.
Palavras-chave: Surdos, educação, letramento visual crítico, (de)colonialidade |
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A POÉTICA ECOLÓGICA EM OBRAS DE MIA COUTO: UMA ANÁLISE ECOCRÍTICA |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
05/12/2024 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Gleidson André Pereira de Melo
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Banca |
- Angela Maria Guida
- Antônio Máximo von Söhsten Gomes Ferraz
- Edgar Cezar Nolasco dos Santos
- Leoné Astride Barzotto
- Marta Francisco de Oliveira
- Patricia Graciela da Rocha
- Raysa Luana da Silva
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Resumo |
Esta tese tem como objetivo apresentar aspectos da poética ecológica em obras
selecionadas do escritor moçambicano Mia Couto e analisar, sob a orientação dos
pressupostos da ecocrítica, questões relacionadas à estreita relação entre humanos
e natureza. Narrativas e cenários ambientais presentes nas obras de Mia Couto
destacam-se por apresentarem características que podem ser lidas por meio da
compreensão ecocrítica que perpassam por aspectos culturais e ambientais do
lugar comum à relevância de temáticas ambientais de interesse global. Por este ângulo,
o corpus literário sinaliza para um olhar crítico e atento às inter-relações entre o humano
e a natureza, não por modismos ecológicos, mas sobre as atitudes humanas diante
de contextos sociais, culturais e econômicos. A fim de alcançar os objetivos propostos,
foram analisados os seguintes contos: “A palmeira de Nguézi”, Contos do nascer da
Terra (Couto, 2014); “O embondeiro que sonhava pássaros” e “A princesa russa”,
Cada homem é uma raça (Couto, 2013); “Chuva: a abensonhada”, Estórias
abensonhadas (Couto, 2012); “Rosita”, Na berma de nenhuma estrada (Couto, 2016)
e “O observatório”, As pequenas doenças da eternidade (Couto, 2023). As bases
teóricas que fundamentaram os estudos ecocríticos foram amplas e incluíram autores
como Cheryll Glotfelty, Timothy Morton, Greg Garrard, Terry Gifford, Donna Haraway,
Catherine Walsh, Evando Nascimento, Stefano Mancuso, Malcom Ferdinand,
Vandana Shiva e Ailton Krenak. Esta tese possibilitou reflexões que evidenciam a
literatura de Mia Couto como uma das precursoras no âmbito dos estudos ecocríticos
relacionados à literatura africana. Ao buscar respostas para os objetivos e hipótese
de pesquisa, o estudo evidenciou que a poética ecológica nas obras de Mia Couto
apresenta relevância fundamental para a compreensão das relações entre seres
humanos e natureza. Diante do contexto transdisciplinar que envolve literatura e meio
ambiente, o estudo fornece elementos importantes para a compreensão das relações
humanas com a natureza na perspectiva ecocrítica, e amplia o diálogo entre diferentes
áreas do conhecimento.
Palavras-chave: Mia Couto; Literatura e meio ambiente; Ecocrítica; Ecologia decolonial;
Ecologia das imagens. |
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A DESOBEDIÊNCIA POÉTICA DE CORPOS-ANTÍGONAS: CENAS DE CORPOS QUE NÃO IMPORTAM |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
04/12/2024 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Andre Rezende Benatti
- Angela Maria Guida
- Igor Teixeira Silva Fagundes
- Leoné Astride Barzotto
- Patricia Graciela da Rocha
- Raysa Luana da Silva
- Rosana Cristina Zanelatto Santos
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Resumo |
O presente trabalho apresenta uma investigação sobre a apropriação e a desapropriação, nos termos de Rivera Garza (2013), pela América Latina contemporânea da figura clássica Antígona. Assumindo uma perspectiva adjetiva de antígona, o trabalho explora novas possibilidades interpretativas de corpos-antígonas latino-americanas por meio da arte performática e da literatura. Para isso, ele se divide em dois momentos. No primeiro, compartilho as experiências de minhas vivências artísticas, tanto como artista quanto como espectadora e pesquisadora. Nessa troca, compartilho leituras a partir da vivência artística da minha participação no Projeto Agora Antígona — Performance em Rede, desenvolvido pela Grupo e Produtora Cultural Cabeça de Cuia, da Bahia, no início da pandemia de 2020. Esse projeto convocou artistas a reinterpretarem o mito de Antígona por meio de performances realizadas em rede, enfatizando a relevância contemporânea da desobediência e da resistência encarnadas pela personagem. Na reflexão proposta sobre as performances, trago algumas considerações acerca da performance, especialmente sob o olhar de Cohen (2002) e de Zumthor (2007), o primeiro elucidando a performance enquanto arte de fronteira, múltipla, e o segundo propondo a performance como um ato da linguagem, dotada de corporeidade. No segundo momento, volto a falar a partir da obra literária que aqui será lida: Antígona González. Uma obra latino-americana que, ainda que recupere a figura mitológica grega, transcende-a para as lutas do lado de cá, trazendo para o seu poema-dramatúrgico várias vozes de muitos corpos-antígonas, ficcionais e não-ficcionais. A leitura analítica de Antígona González vai se compondo por meio de três pontos especiais. São eles: o corpo, a desobediência e a memória. Esses pontos também são discutidos se entrelaçando e resgatando a abordagem performática trazida na primeira parte. O corpo lido nessas obras, literária e performática, vai sendo construído e amparado nas teorias de David Lapoujade (2002), Deleuze (2002), Le Breton (2007), José Gil (1997), Butler (2019) e Henz (2012). O corpo, nessas obras, é entendido não apenas como uma entidade física, mas como um espaço de resistência, criação de sentido e elaboração de memórias. A desobediência é outro ponto fundamental do trabalho, abordada tanto como um ato político quanto como uma prática epistêmica. Para amparar a discussão, são trazidas as teorias de Frédéric Gros (2018), Judith Butler (2022), Walter Mignolo (2008) e outros para demonstrar como a desobediência desses corpos-antígonas, nas obras analisadas, se manifesta como uma resistência à necropolítica (Mbembe, 2018) e ao controle social, político e cultural. A desobediência é, portanto, vista como uma alternativa radical e poética à violência do estado e à hierarquização da vida. Entrelaçando toda a escrita do trabalho, a memória é explorada como um processo de construção e reconstrução contínua, mediado pela arte, literária ou não, e pela performance. Para tanto, é proposto diálogo com os trabalhos de Assmann (2011), Gagnebin (2006) e Rivera Garza (2013) para argumentar que as obras literárias e performáticas investigadas não apenas recuperam memórias silenciadas, mas também criam novos espaços de resistência e identidade. A memória, na perspectiva do trabalho, é um ato de desobediência contra a história oficial e os regimes de esquecimento. |
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O ESPAÇO E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO MELANCÓLICO: UM ESTUDO DE BARBA ENSOPADA DE SANGUE E OUTRAS OBRAS DE DANIEL GALERA |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
22/11/2024 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Samara Pereira Souza de Lima
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Banca |
- Altamir Botoso
- Andre Rezende Benatti
- Fábio Dobashi Furuzato
- Ramiro Giroldo
- Rosana Cristina Zanelatto Santos
- Volmir Cardoso Pereira
- Wellington Furtado Ramos
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Resumo |
A presente tese tem como objetivo analisar a confluência e as implicações entre o elemento espaço ficcional e a melancolia, de modo a verificar a configuração do sujeito melancólico no romance brasileiro contemporâneo Barba ensopada de sangue (2022), e em outras obras de Daniel Galera. No decorrer da pesquisa, foram observados os conceitos de melancolia e as suas possibilidades de manifestação, por meio dos estudos de pesquisadores como Sigmund Freud (2011), Luiz Costa Lima (2017), Moacyr Scliar (2003), Hélder Moura (2022), e Jean Starobinski (2016), dentre outros. No que tange ao espaço ficcional, foram apresentadas as concepções dos estudiosos Gaston Bachelard (1978), Ricardo Gullón (1980), e Osman Lins (1976). A tese buscou analisar como o espaço contribui para provocar e revelar as nuances melancólicas que compõem a formação do protagonista de Barba ensopada de sangue (2022). As implicações entre espaço e melancolia, e a constituição do sujeito melancólico, também foram analisadas em outros personagens do autor, nas obras Até o dia em que o cão morreu (2007), Mãos de cavalo (2010), Cordilheira (2008), Meia-noite e vinte (2016) e O deus das avencas (2021). Nesse ínterim, em Barba ensopada de sangue (2022), questões como a composição do espaço hostil, a cidade em que o enredo se desenvolve, e outras manifestações simbólicas desse elemento articulador da narrativa foram essenciais para evidenciar aspectos melancólicos como a crise familiar, a solidão, a sensação de não pertencimento, a rejeição, o isolamento, a despretensão, e o vazio existencial do protagonista representado. Ademais, por meio deste estudo, é possível afirmar que a nuance melancólica é uma constante na representação dos personagens analisados, o que indica um aspecto estético da produção de Daniel Galera. Desse modo, a presente tese se mostra significativa pelas contribuições que alavanca acerca da consonância entre espaço e melancolia na constituição de personagens do autor, em especial, o protagonista de Barba ensopada de sangue (2022). |
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Corpos-vozes nas cenas de vidas guineenses |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
25/10/2024 |
Área |
LITERATURA COMPARADA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Betinha Yadira Augusto Bidemy
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Banca |
- Angela Maria Guida
- Edgar Cezar Nolasco dos Santos
- Igor Teixeira Silva Fagundes
- Marta Francisco de Oliveira
- Patricia Graciela da Rocha
- Raysa Luana da Silva
- Vicente Aguimar Parreiras
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Resumo |
Esta tese buscou apresentar, por meio de narrativas diversas produzidas na GuinéBissau, um espaço para discutir e refletir acerca das relações existentes entre saberes
literários e culturais construídos nos ambientes institucionais ou fora deles, com
ênfase em produções engendradas por mulheres, de modo especial, Odete Semedo
e Domingas Samy. Odete Semedo é uma poeta atuante nas pautas ligadas à
alteridade feminina, na vida política do país e direitos das mulheres guineenses.
Domingas Samy também volta seu olhar para as alteridades femininas e as tradições
do povo guineense. A ela coube o pioneirismo de ter publicado a primeira obra em
prosa na Guiné-Bissau – o livro de contos A escola, em 1993, obra com a qual
dialogamos nesta tese, chamando atenção para questões como colonialismo
português e casamentos arranjados. Demonstramos a relevância do Partido Africano
para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e sobretudo a participação
das mulheres na luta armada, em especial, Carmem Pereira e Titina Silá, excombatentes, que foram figuras emblemáticas dentro do PAIGC, sendo Titina
considerada hoje Heroína nacional da Guiné-Bissau. As narrativas de ex-combatentes
junto às narrativas de mulheres comuns do cotidiano junto às narrativas de mulheres
literatas guineenses apareceram lado a lado nesta tese como elementos importantes
na construção das cenas de vidas femininas da Guiné-Bissau, por isso teorias ligadas
à oratura, oralitura e a ética e filosofia ubuntu nos foram caras para as reflexões nesta
tese. Tentamos demonstrar com esta pesquisa que pensar literatura separadamente
de política é uma tarefa difícil em qualquer situação, sobretudo, quando se trata de
uma literatura produzida em países de África, ex-colônias, sob a rubrica de mulheres
pretas. Desse modo, os corpos-vozes, os corpos-textos desta tese constituem-se
naturalmente como corpos políticos. Minha hipótese de pesquisa, desse modo, centrase na proposta de ler os corpos-vozes das cenas femininas guineenses como
movimentos de desobediência epistêmica, em que privilegio produções e saberes do
universo acadêmico e também fora dele. Uma hipótese que sustenta que produções
literárias e culturais guineenses que mesmo que não se proponham a ser políticas,
uma vez estando em lugar de resistência, de desobediência epistêmica são narrativas
que se colocam como políticas. É isso que defendo, porque são produzidas, em sua
maioria, em uma língua não hegemônica, em uma língua ancestral étnica ou crioula,
enfim, em uma língua que não é a do colonizador. Produções de autoria feminina
engendradas em uma sociedade que ainda se encontra pautada em valores
masculinos, logo, o diálogo com essas obras também é político. Uma política do
feminino. |
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Memoria y violencia en las producciones artísticas colombianas contemporáneas: Doris Salcedo, Óscar Muñoz y Clemencia Echeverri |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
24/10/2024 |
Área |
LITERATURA COMPARADA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Miguel Angel Ariza Benavides
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Banca |
- Angela Maria Guida
- Edgar Cezar Nolasco dos Santos
- Igor Teixeira Silva Fagundes
- Marcia Gomes Marques
- Marcos Antônio Bessa Oliveira
- Patricia Graciela da Rocha
- Raysa Luana da Silva
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Resumo |
A partir do estudo das obras de Doris Salcedo: 6 e 7 de Noviembre (2002) e Quebrantos (2019),
de Óscar Muñoz: Ambulatorio (1994), Proyecto para um Memorial (2004-2005), Biografias (2002),
Aliento (1995), Impresiones débiles (2011) e de Clemencia Echeverri: Treno (2007), Nóctulo
(2015) e Duelos (2019), o seguinte trabalho propõe problematizar a relação entre arte, memória
e corpo em um cenário de violência. Através de uma análise das obras e da forma como os
diferentes atores da violência - vítimas, responsáveis e testemunhas - são representados.
Buscando também promover uma reflexão sobre as possíveis relações desses conceitos com o
poder estatal e suas instituições de forma concreta, metafórica ou simbólica nas obras de arte.
Para isso, será realizado um estudo e análise teórica, abordando principalmente os conceitos de
memória, imagem e representação nas obras artísticas dos três artistas mencionados. Como
ponto de debate teórico entre as diferentes obras e os conceitos abordados, a seguinte pergunta
será levantada como norte de estudo: como, através das obras artísticas desses três artistas, se
propõe uma forma alternativa de formulação da memória histórica dos corpos representados em
contextos de violência, neste caso o colombiano, e como essa memória pode-se inscrever nos
corpos físicos, teóricos, artísticos e institucionais, que se perguntam sobre a memória da
violência? Refletindo e mostrando alguns dos limites da representação e a abertura para as
possibilidades do irrepresentável e indizível através da arte, bem como algumas de suas
possibilidades expressivas. A tese está dividida em cinco capítulos: o primeiro é introdutório para
alguns conceitos básicos que permeiam as obras estudadas, bem como para entender o contexto
político e social a partir do qual os artistas e suas obras são abordados neste trabalho; um capítulo
será dedicado a cada artista. II. Doris Salcedo, III. Óscar Muñoz, IV. Clemencia Echeverri e o
quinto e último capítulo corresponderá a uma reflexão da confluência artística e metodológica
entre os três artistas assim como as suas possíveis diferenças. Busco demonstrar com o estudo
desses três artistas e com algumas das suas obras, parte das formas em que se constitui a
memória da violência e o conflito armado na Colômbia, como também, possíveis caminhos que
vislumbrem outras possibilidades de entender e criar memória dessa violência através da relação
entre arte e memória. |
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TOPONÍMIA DE MATO GROSSO: RELAÇÕES ENTRE LÉXICO TOPONÍMICO, CULTURA E HISTÓRIA. |
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Curso |
Doutorado em Estudos de Linguagens |
Tipo |
Tese |
Data |
22/10/2024 |
Área |
LETRAS |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Ana Paula Tribesse Patrício Dargel
- Aparecida Negri Isquerdo
- CELINA MARCIA DE SOUZA ABBADE
- Elizabete Aparecida Marques
- Marcelo Rocha Barros Goncalves
- Maria Cândida Trindade Costa De Seabra
- Renato Rodrigues Pereira
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Resumo |
A Toponímia é uma disciplina da Onomástica, campo de estudo vinculado à Linguística, que tem por objeto de investigação os nomes próprios de lugares, tanto de áreas rurais quanto urbanas, com fortes ligações com a História, a Geografia, a Antropologia, dentre outras áreas do conhecimento. Não obstante a importância dos nomes próprios de lugares, por se configurarem como a parcela do léxico que tende a ser mais longeva e, assim, perpetuar informações da língua dos povos de uma região, perfeitamente sedimentada em seus valores culturais e nos aspectos do ambiente físico onde veicula, o estado de Mato Grosso ainda carece de estudos menos pontuais que possam cobrir o estudo dos nomes de lugares do seu imenso território. É premissa básica que a Toponímia revela aspectos do ambiente físico e sociocultural de uma região. Nesse contexto, foram estabelecidas as seguintes hipóteses para esta pesquisa: i) a nomenclatura geográfica da área investigada valoriza a norma lexical regional; ii) a toponímia de base indígena é significativa em termos quantitativos no vocabulário toponímico dos municípios em causa e iii) o processo de toponimização dos acidentes geográficos é produtivo na toponímia da área investigada. Esta Tese tem como objetivo geral estudar a toponímia dos acidentes físicos e humanos de 27 municípios de Mato Grosso, em uma interface entre o léxico toponímico, a história e a cultura da região investigada e, como objetivos específicos, o estudo se propôs: i) investigar os topônimos que integram a área da pesquisa com foco na motivação semântica, na língua de origem e na estrutura morfológica, fundamentando-se em obras nas áreas de Lexicologia e Onomástica, em especial, Dick (1990; 1992; 1997; 2004); Biderman (1981, 1998...); Isquerdo (1996; 1997; 2001; 2012; 2013...); Trapero (1995), dentre outros autores; ii) analisar a representatividade das línguas faladas pelos povos originários na toponímia; iii) descrever particularidades da toponímia examinada quanto à distribuição diatópica e iv) avaliar em que medida nomes genéricos são projetados na toponímia por meio do processo de toponimização dos acidentes geográficos. Para alcançar os objetivos, foram adotados procedimentos característicos da pesquisa toponímica, tais como: i) coleta de dados das cartas topográficas do IBGE (2010); ii) classificação dos topônimos segundo a taxonomia; iii) quantificação e análise dos dados e iv) exame de possíveis conexões estabelecidas entre as informações linguísticas e aspectos da geografia, da história e da cultura, relevantes no tempo e no espaço em que ocorreu a denominação. A análise do corpus (2.012 topônimos) demonstrou que a motivação toponímica da soma total dos nomes investigados está na natureza, com sua variedade de plantas, na categoria dos fitotopônimos (Bananal, Sapezal, Taquaruçu...); de animais, nos zootopônimos (Uirapuru, Lambari, Onça...); de riquezas hídricas na categoria dos hidrotopônimos (Corgão, Corixão, Cabeceira...); de formas do relevo, nos geomorfotopônimos (Pantanal, Bocaina, Morrinho...). A par dessas tendências, a pesquisa demonstrou que o homem, apossando-se do lugar e considerando entes culturais, nomeia o espaço pelo viés da cultura e da história: antropotopônimos (Florestan Fernandes, Marcela, Cáceres, Clemente, Adrianópolis...); hagiotopônimos (São Miguelito, São José do Pingadouro, Santa Rita...); animotopônimos (Alegre, Formoso, Bonito, Confusão...); ergotopônimos (Curral Velho, Pilão, Monjolinho...); sociotopônimos (Retiro, Porto, Mascate...). Em termos linguísticos, a língua portuguesa está presente em 1.522 topônimos (75,64%), seguida pela língua tupi que está na base de 357 topônimos (17, 74%), seja como estrutura simples ou híbrida. Na soma total dos dados, 409 (20,32%) topônimos configuram-se como nomes constituídos por, pelo menos, um formante de língua indígena tupi, guarani, bororo ou aruaque. Quanto à estrutura morfológica, 881 (43,78%) nomes têm estrutura simples; 436 (21,66%) têm estrutura composta; 190 (9,44%) denominativos apresentam estrutura composta híbrida e 165 (8,20%) simples híbrida. A pesquisa atestou, ainda, a presença de toponimização de acidentes em 222 (11,03%) topônimos. Quanto às marcas regionais na toponímia, os 29 (1,44%) topônimos que guardam sentidos regionais evidenciam que, pelo menos, quatro estados brasileiros influenciaram no processo de constituição e nomeação de acidentes pertencentes aos municípios. O baixo índice de ocorrência de topônimos formados por regionalismos mato-grossenses testemunha a miscigenação linguístico-cultural ocasionada pelo processo de colonização e ocupação do território do estado de Mato Grosso por habitantes de outras regiões brasileiras, com destaque para o Sul e o Sudeste.
Palavras-chave: Mato Grosso. Cáceres. Cuiabá. Linguística. Léxico. Onomástica. Toponímia. |
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