Relações saber-poder: discursos, tensões e estratégias que (re)orientam a constituição do livro didático de matemática |
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Curso |
Doutorado em Educação Matemática |
Tipo |
Tese |
Data |
26/02/2019 |
Área |
MATEMÁTICA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Armando Traldi Júnior
- Elenilton Vieira Godoy
- Fernanda Wanderer
- Joao Ricardo Viola dos Santos
- Jose Luiz Magalhaes de Freitas
- Marcio Antonio da Silva
- Thiago Pedro Pinto
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Resumo |
Esta pesquisa teve por objetivo analisar e descrever o modo como o livro didático de Matemática situa-se em um terreno árido de disputas constantes, onde as relações de poder que atravessam o campo da produção didática produzem normatizações e instituem práticas que o constituem. Inspirados nos estudos de Michel Foucault – mais especificamente nas relações saber-poder, análise do discurso e governamentalidade – bem como na perspectiva de pesquisa cartográfica proposta por Kastrup, mobilizamos como principal recurso para produção dos dados entrevistas com autores reconhecidos no campo da produção didática de Matemática e com editores, designers, freelancers, ex-integrantes do Programa Nacional de Livros Didáticos e professores da rede pública de ensino. A partir da construção/análise dos dados, organizamos o texto em quatro capítulos iniciais, nos quais se discorre sobre temáticas que apresentam uma compreensão geral do campo, bem como dos fundamentos teórico-metodológicos mobilizados. Complementam o texto cinco artigos que podem ser lidos de modo independente, cujas articulações possibilitam uma compreensão da pesquisa como todo. Tais artigos enfocam: a idealização do livro didático de Matemática a partir dos discursos que compõem o campo de sua produção (primeiro artigo); os processos de normatizações, vigilância, exame e classificação presentes no ambiente panóptico da produção didática de Matemática (segundo artigo); as relações de poder que atuam na produção em rede, promovendo o aparecimento e desaparecimento do autor, bem como a emergência de ghost writers (terceiro artigo ); as múltiplas direções no fluxo do poder e os reajustes que este suscita por meio da contraconduta (quarto artigo); e o modo como o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) é afetado pelas relações de poder, atuando como instrumento de uma governamentalidade neoliberal (quinto artigo). Esse percurso conduz à compreensão da produção do livro didático de Matemática como espaço por onde circula um poder metamorfo, que se adapta para sobreviver. Sob a lente foucaultiana, podemos identificar elementos de um poder disciplinar em diferentes setores dessa produção, ambiente panóptico onde livros e sujeitos, após examinados, comparados, pesados, medidos, são valorados sob parâmetros meramente econômicos. Como efeitos dessas relações, produzem-se sujeitos úteis, docilizados, normatizados, transformando todos e cada um, vigilantes e vigiados. No limite, vigilante de si mesmo. Nesse contexto, os resultados de pesquisas focus group, a leitura das enunciações dos professores, as estatísticas e os relatórios produzidos a partir das avaliações pedagógicas do PNLD, entre outros mecanismos, destacam a intrínseca relação saber-poder, à medida que são os saberes produzidos na rede que movimentam o poder em fluxo. Ao colocar em xeque a figura do autor como “gênio criador” e “arquiteto intelectual da obra”, evidenciando, em seu desaparecimento, a emergência de ghost writers, destituímos o livro de sua “imagem sacra”, colocando-o no jogo das estratégias de poder, em que ele, livro, ocupa o lugar de produto econômico rentável. Destacamos, nesse contexto, o papel do PNLD como instrumento útil a uma governamentalidade neoliberal que contribui para a instituição de uma cultura da performatividade, tornando trabalhadores disciplinados em empreendedores de si. Portanto, evidencia-se, nos capítulos e artigos que se seguem, o modo como o livro didático de Matemática apresenta-se como produto e potência em uma maquinaria de poder que se retroalimenta, produzindo, em meio às relações que dela decorrem, conhecimentos e sujeitos úteis à manutenção e perpetuação de um “modelo” de produção, no qual os grandes grupos editoriais mantêm sua hegemonia a partir dessas mesmas relações de poder, sempre flexíveis, multidirecionais e (re)adaptáveis. |
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Interações e mediações propiciadas pela pesquisa colaborativa e o desenvolvimento profissional de professores de matemática |
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Curso |
Doutorado em Educação Matemática |
Tipo |
Tese |
Data |
22/09/2018 |
Área |
MATEMÁTICA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Adriana Fátima de Souza Miola
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Banca |
- Abigail Fregni Lins
- Anemari Roesler Luersen Vieira Lopes
- Edilene Simoes Costa dos Santos
- Fernanda Malinosky Coelho da Rosa
- Ivana Maria Lopes de Melo Ibiapina
- Klinger Teodoro Ciriaco
- Patricia Sandalo Pereira
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Resumo |
Esta pesquisa tem como finalidade investigar as interações e as mediações que ocorreram em uma proposta de formação continuada desenvolvida por meio da metodologia da pesquisa colaborativa para o desenvolvimento profissional de professores de Matemática. A pesquisa decorreu no âmbito do projeto em rede “Trabalho colaborativo com professores que ensinam Matemática na Educação Básica em escolas públicas das regiões Nordeste e Centro-Oeste”, vinculado ao Programa Observatório da Educação (OBEDUC), financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O núcleo UFMS, em que a nossa pesquisa foi realizada, era composto por uma coordenadora institucional, quatro mestrandos em Educação Matemática, quatro licenciandos em Matemática da UFMS, oito professores da Educação Básica da rede pública de Campo Grande e por mim, após a nossa entrada no doutorado. Em nossa pesquisa, investigamos as interações e as mediações de dois participantes do grupo, que foram identificados por nomes fictícios, sendo Lorenzo e Valentina. A escolha desses dois participantes justifica-se por atuarem na Educação Básica e terem participado nos encontros, além de terem acompanhado o projeto, ao longo dos três anos de seu desenvolvimento. O projeto utilizou a pesquisa colaborativa, segundo Ibiapina, como metodologia, sendo essa uma modalidade de pesquisa que se encontra ancorada na Abordagem Histórico Cultural de Vigotski, em que a sua premissa é conhecer a essência do fenômeno por meio de seu processo histórico real e de seu desenvolvimento, em que o sujeito é considerado parte inerente à sociedade da qual faz parte. Os dados desta pesquisa foram produzidos entre 2013 e 2016 no projeto OBEDUC, núcleo UFMS, a partir de 38 sessões e uma entrevista coletiva. Para análise dos dados, construímos dois eixos temáticos, Mediação e Colaboração, os quais nos permitiram atingir os objetivos desta investigação. Como resultado das análises, destacamos que a formação realizada no projeto, por meio da metodologia da pesquisa colaborativa, tornou-se uma oportunidade também de pesquisa para todos os participantes, propiciou coprodução de saberes, possibilidade de reflexão crítica, de colaboração, partindo das necessidades dos participantes e, principalmente, contribuindo para o seu desenvolvimento profissional. Esse formato de formação criou vínculo e foi além das produções que gerou, foi uma abordagem de formação contínua, que atinge a vontade de ser professor do graduando, do professor de ser pesquisador, e de cruzar os caminhos da universidade e da escola. |
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Licenciaturas em Matemática como produção narrativa: aberturas para experiências |
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Curso |
Doutorado em Educação Matemática |
Tipo |
Tese |
Data |
21/09/2018 |
Área |
MATEMÁTICA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Adriana Barbosa de Oliveira
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Banca |
- Adair Mendes Nacarato
- Aparecida Santana de Souza Chiari
- Filipe Santos Fernandes
- Joao Ricardo Viola dos Santos
- Jose Luiz Magalhaes de Freitas
- Marilena Bittar
- Thiago Pedro Pinto
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Resumo |
Nesta pesquisa busco investigar como cursos de Licenciatura em Matemática, de diferentes localidades do país, são construídos narrativamente por seus estudantes quando esses são indagados acerca de sua formação inicial para atuarem como professores de Matemática na Educação Básica. Para isso realizei um total de onze entrevistas com grupos de licenciandos em matemática, ingressantes e concluintes, de instituições públicas de ensino superior nas regiões Centro-Oeste, Norte, Sul e Sudeste do Brasil. Diante das textualizações produzidas a partir desses encontros optei pela realização de uma análise narrativa, na perspectiva de Bolívar, tendo em vista a possibilidade de explorar as singularidades percebidas nesses encontros de modo particular e, além disso, por meio de sua forma, destacar o tom implementado pelos estudantes. Como olhar teórico os estudos desenvolvidos por Jorge Larrosa acerca da noção de experiência e de Carlos Skliar quanto a leitura do outro mostraram-se um caminho fértil para a produção de compreensões acerca das narrativas desses estudantes. No processo de escuta desses acadêmicos foi possível ouvir os silenciamentos que perpassam suas formações e os afetam, tais como o afastamento da escola e a falta de diálogo com o curso. Outro ponto bastante explorado por eles diz respeito às relações humanas vivenciadas no convívio com professores; afetividade e acolhimento são traços significativos de suas narrativas. |
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Cola em prova escrita: de uma conduta discente a uma estratégia docente |
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Curso |
Doutorado em Educação Matemática |
Tipo |
Tese |
Data |
07/06/2018 |
Área |
MATEMÁTICA |
Orientador(es) |
- Regina Luzia Corio de Buriasco
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Joao Ricardo Viola dos Santos
- Luzia Aparecida de Souza
- Magna Natália Marin Pires
- Marcele Tavares Mendes
- Maria Tereza Carneiro Soares
- Marilena Bittar
- Regina Luzia Corio de Buriasco
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Resumo |
Esta pesquisa tem natureza qualitativa e subverte a ideia de cola em provas escritas. Parte de sua universalidade e persistência sinalizando que os mecanismos de controle podem provocar seu aperfeiçoamento e mudanças de estratégia na sua utilização. Convencionalmente, a cola desafia os professores, seus métodos avaliativos, suas escolhas metodológicas, seu domínio de sala de aula e até mesmo sua presença nela. Sai-se desse contexto para investigar a utilização da cola como um processo de subversão, ou seja, partindo de uma conduta comum dos discentes para uma estratégia docente. Para tanto, tomamos a prova-escrita-em-fases como instrumento avaliativo. O estudo, desenvolvido com estudantes de um Curso de Licenciatura em Matemática, teve por principal objetivo investigar a utilização da cola em uma prova-escrita-em-fases como estratégia docente na formação inicial de professores de matemática. A Educação Matemática Realística (RME) foi tomada como abordagem para o ensino de matemática. Nesse ambiente, os alunos são conduzidos a terem participação ativa, a avaliação é integrada à ação de formação e posta em prol do ensino e aprendizagem, constituindo-se em um elemento de formação, uma oportunidade de aprendizagem e uma prática de investigação. Ao final, considera-se que a prova-escrita-em-fases altera a natureza dos instrumentos convencionais de avaliação, coloca o aluno no direito de errar sem ser penalizado e lhe oferece a oportunidade de ampliar seus conhecimentos, a partir de suas maneiras de lidar com seus tempos e caminhos. As intervenções inerentes às fases reduzem a utilidade da cola porque individualiza a prova. A cola como conduta marginal discente interessa a um tipo de prova que privilegia a repetição. No contexto desta estratégia docente, ela perde sua finalidade, uma vez que a prova realizada em fases elimina a regra da não comunicação. Desse modo, a utilização da cola desperta interesse nos alunos e incentiva o estudo. Já as intervenções revelaram ser um recurso potencial para o professor orientar a resolução dos estudantes e regular o ensino e a aprendizagem. |
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