| Resumo |
Este trabalho sustenta a hipótese de que o conceito da angústia, assim como os demais conceitos da economia psíquica, podem ser abordados segundo o axioma lacaniano do inconsciente estruturado como uma linguagem. Com este intuito, percorremos as duas teorias freudianas da angústia, a primeira como afeto transformado a partir do recalque, e a segunda, pertencente à segunda tópica, da angústia como sinal que aponta para o recalque, ou seja, como causa deste. Em seguida, destacamos a questão da tradução do termo Angst e propusemos algumas possíveis aproximações e afastamentos do conceito de angústia com as descrições de transtorno de ansiedade presentes no DSM-IV-TR e na CID 10, com o objetivo de apontar para um resquício da utilização da terminologia freudiana nos manuais, apesar de sua proposta universalizante e descritiva, sem o uso de referências teóricas diretas. Ao contrário do apagamento do sujeito proposto pelos manuais, temos as conceituações lacanianas sobre angústia, sobretudo a partir do Seminário 10, como constitutiva da estruturação do sujeito. Dentro desta perspectiva, destacamos alguns aspectos da abordagem da angústia na teoria lacaniana, tomando-a como um afeto que não engana, ou seja, como norteadora da ação do analista. Além disso, destacamos as relações do conceito de angústia e objeto a, e buscamos, a partir dos conceitos de discurso do analista, discutir a atuação do psicanalista frente à angústia e seu surgimento na clínica.
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