Mestrado em Letras

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Trabalhos

Trabalhos Disponíveis

TRABALHO Ações
Os homófonos não homógrafos em dicionários pedagógicos de língua inglesa: possíveis sugestões lexicográficas
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 06/03/2023
Área LETRAS
Orientador(es)
  • Vanessa Hagemeyer Burgo
Orientando(s)
  • Raquel de Oliveira
Banca
  • LETÍCIA JOVELINA STORTO
  • Marcelo Saparas
  • Mirian Ruffini
  • Taisa Peres de Oliveira
  • Ulisses Tadeu Vaz de Oliveira
  • Vanessa Hagemeyer Burgo
Resumo As unidades léxicas homônimas (ULH) possuem formas idênticas (seja em sua realização oral ou escrita), expressando, todavia, conteúdos distintos. Em decorrência dessa característica linguística, a homonímia pode causar ambiguidade lexical, resultando em um grande desafio, especialmente para aprendizes de uma língua estrangeira. Com efeito, há três tipos básicos de homonímia, a saber: os homófonos homógrafos (que possuem mesma pronúncia e grafia, porém significados distintos); os homófonos não homógrafos (que possuem mesma pronúncia, porém grafia e significados distintos); e os homógrafos não homófonos (que possuem mesma grafia, porém pronúncia e significados distintos). No cenário da Lexicografia, unidades léxicas que possuem valores semânticos distintos, mesma pronúncia e grafia diferente, temos ULH que nem sempre costumam receber tratamentos condizentes com suas características funcionais e pragmáticas nos repertórios lexicográficos, como demonstramos com o desenvolvimento desta pesquisa. Por esse motivo, ressaltamos, nesse contexto, a necessidade de um tratamento lexicográfico de ULH especial, sobretudo no âmbito da Lexicografia Pedagógica (LEXPED). Assim, o objetivo geral da pesquisa de Mestrado, que desenvolvemos no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFMS/CPTL, é identificar e analisar como os homófonos não homógafos são registrados em dicionários pedagógicos de inglês como língua estrangeira e, em seguida, elaborar uma proposta de tratamento lexicográfico homogêneo dessas formas homônimas para esses dicionários, de maneira que seu caráter didático seja potencializado. Para tanto, orientamo-nos por princípios teóricos e metodológicos da LEXPED em sua interface com a área de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, bem como com a área da fonologia da língua inglesa, sendo estes alguns dos autores que consultamos: Ullmann (1973), Biderman (1978), Berruto (1979), Underhill (1994), Garriga Escribano (2003), Zavaglia (2003), Scrivener (2005), entre outros. Nessa perspectiva, selecionamos 14 (quatorze) unidades léxicas homófonas, as quais buscamos em 20 (vinte) dicionários selecionados para análise, dentre os quais se encontram dicionários bilíngues impressos, monolíngues impressos e dicionários da internet (alguns monolíngues e alguns bilíngues). Na pesquisa, buscamos essas unidades léxicas nos dicionários, observando se estes apresentavam algum registro explícito dos casos de homofonia ou se relegavam para o consulente a tarefa de fazer a comparação entre os pares/ trios de homófonos não homógrafos e de concluir por conta própria que existia uma semelhança sonora entre elas. Até o presente momento, dentre as obras analisadas, constatamos que apenas três dos dicionários da editora Oxford disponibilizam informações explícitas sobre Homófonos não Homógrafos aos consulentes. Assim, após identificar algumas lacunas nos dicionários analisados, desenvolvemos um protótipo de um dicionário online monolíngue para Homófonos não Homógrafos, o qual já se encontra em funcionamento. Ressaltamos que muitas das propostas que fizemos são inovadoras, pois rompem com tradições lexicográficas existentes e não foram encontradas em nenhum dos repertórios lexicográficos analisados. Por fim, considerando todas as reflexões conduzidas em torno de nosso objeto de estudo, esperamos que estas possam ser úteis à elaboração de novos dicionários nos anos vindouros.
MARCAS DIATÓPICAS EM DICIONÁRIOS: uma proposta de registro para dicionários pedagógicos
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 02/03/2023
Área LETRAS
Orientador(es)
  • Renato Rodrigues Pereira
Orientando(s)
  • Larissa Santos da Silva Bibo
Banca
  • Beatriz Aparecida Alencar
  • Elizabete Aparecida Marques
  • Odair Luiz Nadin da Silva
  • Renato Rodrigues Pereira
Resumo As marcas diatópicas (MD) costumam ser registradas em dicionários com vistas à
demonstrar ao potencial consulente a região geográfica em que determinadas palavras são
empregadas. Na tradição lexicográfica, esse tipo de registro, de modo geral, é apresentado
por meio de abreviaturas que precedem a definição. Ao que temos percebido, as MD são
contempladas em diferentes tipologias de dicionários de forma assistemática. Nesse
sentido, elaboramos uma proposta de tratamento lexicográfico para marcas diatópicas que
possam servir de parâmetro no processo de elaboração de dicionários pedagógicos. Para
tanto, objetivamos: i) discorrer sobre o conceito de marcas de uso com foco para a marca
diatópica, ressaltando a importância desse tipo de informação em dicionários
pedagógicos; ii) apresentar a posição de diferentes autores sobre a questão das marcas de
uso em dicionários; iii) verificar como ocorre o tratamento lexicográfico dispensado às
marcas diatópicas nos dicionários que serão analisados; iv) identificar possíveis
procedimentos lexicográficos a respeito das marcas que possam servir de parâmetro no
processo de elaboração de futuras obras lexicográficas. Para o alcance dos objetivos
estabelecidos, além de nos orientar pelos princípios teóricos e metodológicos da
Lexicografia Pedagógica (LEXPED), procuramos responder, durante o desenvolvimento
do trabalho, às seguintes questões: i) as marcas diatópicas são registradas nas obras
lexicográficas escolhidas para a pesquisa? Se positiva a resposta, como elas são
registradas? ii) as formas de tratamento lexicográfico das MD nos dicionários podem
atender às necessidades do aluno brasileiro aprendiz de espanhol, de acordo com o nível
de competência na língua em que o estudante se encontra? iii) das diferentes formas de
tratamento de marcas diatópicas nas obras, há alguma que possa contribuir de maneira
satisfatória para o conhecimento das diferenças de uso de determinadas unidades léxicas
da língua, numa perspectiva diatópica? Os resultados das análises demonstram que o
registro das marcas diatópicas, na maioria das vezes, é feito numa perspectiva
macroespacial, por meio de abreviaturas indicativas de americanismos e brasileirismos.
Considerando, pois, as realidades sociais, linguísticas, culturais e geográficas de
determinadas unidades léxicas da língua e as demandas de aprendizagem dos consulentes
dos dicionários monolíngues pedagógicos de E/LE, refletimos sobre a necessidade de
mais registros diatópicos numa perspectiva microespacial. Esperamos que nossas
reflexões e nosso modelo de verbete destinado ao registro das MD possam servir de
parâmetro no processo de elaboração e/ou reorganização de obras lexicográficas
pedagógicas, de forma que atendam às necessidades dos consulentes, em especial, o
consulente brasileiro aprendiz de espanhol.
A ESPACIALIDADE EM BAIXO ESPLENDOR, ROMANCE DE MARÇAL AQUINO
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 28/02/2023
Área LITERATURA BRASILEIRA
Orientador(es)
  • Ricardo Magalhaes Bulhoes
Orientando(s)
  • George de Santana Mori
Banca
  • Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira
  • João Adalberto Campato Junior
  • Ricardo Magalhaes Bulhoes
  • Vanessa Hagemeyer Burgo
  • Wagner Corsino Enedino
Resumo A categoria narrativa espaço, bem como o tema que envolve o erotismo ocidental vem
recebendo, na contemporaneidade, um enorme destaque nos estudos literários. Autores
como Bachelard (1978), Brandão (2013), Dalcastagnè e Azevedo (2015), Dimas (1985),
Lins (1976), entre outros, são importantes contribuições que refletem acerca dessa
categoria em produções literárias atuais. Contudo, não se constata a temática do
erotismo ocidental entre os estudiosos da categoria espacial, logo, faz-se necessário
compreendê-la por meio de pesquisas de autores como, Branco (1984), Bataille (2020),
Bidarra (2006), Bulhões (2003), Freud (1990), e Maingueneau (2010). A partir desse
pressuposto, como objetivo geral será discutido nesta pesquisa a representação espacial
na narrativa Marçaliana e, como objetivos específicos serão investigados a relação da
categoria espacial com o erotismo ocidental, assim como suas contribuições para a
compreensão dos sentidos tomando como objeto de pesquisa a obra Baixo Esplendor
(2021). Visando atingir os objetivos acima descritos, serão apresentados os conceitos
gerais de espaço, topoanálise e outras discussões como ambientação, espacialidade e
entre-lugar para constatar a forma como o espaço urbano é representado na narrativa de
Marçal Aquino. Ainda, serão expostas as contribuições da psicanálise com a finalidade
de constatar o cruzamento do erotismo ocidental que se apresenta nos espaços através
dos personagens. Também, associando a obra e as teorias, será analisado o modo como
espaço e erotismo ocidental se relacionam e contribuem para a compreensão de sentidos
no romance. No recorte utilizado, é possível notar que Marçal Aquino evidencia o
erotismo ocidental transpassando toda a narrativa, apresentando uma literatura com uma
infinidade de subjetividades que ressignificam e reorientam certos espaços sociais que
se realizam com a inserção e movimentação dos personagens da obra.
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PROTÓTIPO DE DICIONÁRIO PEDAGÓGICO DE ESCRITORES DA LITERATURA BRASILEIRA
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 20/12/2022
Área LETRAS
Orientador(es)
  • Renato Rodrigues Pereira
Orientando(s)
  • Gabriela Antonio Romancini
Banca
  • Aparecida Negri Isquerdo
  • Bruno Oliveira Maroneze
  • Elizabete Aparecida Marques
  • Renato Rodrigues Pereira
  • Solange de Carvalho Fortilli
Resumo O reconhecimento da importância pedagógica de um dicionário utilizado como material didático no processo de ensino-aprendizagem em contextos escolares foi o que motivou o desenvolvimento desta pesquisa de Mestrado. À vista disso, foi elaborado um protótipo de dicionário pensado especificamente para alunos do Ensino Médio, respeitando as recomendações de ensino propostas pela BNCC (Brasil, 2018) e aprovadas pelo MEC (2021) e pela LDB (Lei nº 13.415/2017). Para tanto, estabeleceu-se como objetivo geral elaborar um protótipo de dicionário pedagógico de escritores da literatura brasileira, que atenda às necessidades dos potenciais consulentes, no caso específico, alunos do Ensino Médio. Os objetivos específicos foram: i) analisar dicionários com temáticas relacionadas à literatura brasileira, com vistas a identificar parâmetros organizacionais que possam servir de modelo para a elaboração do protótipo de dicionário da pesquisa; ii) realizar pesquisas bibliográficas com a intenção de inventariar dados que sirvam para o estabelecimento da nomenclatura e todas as partes que compõem a hiperestrutura do protótipo; iii) promover maior reconhecimento sobre a importância do dicionário no âmbito da educação básica, especificamente, em contextos de ensino e de aprendizagem da língua portuguesa no Ensino Médio; iv) estimular novas pesquisas que deem maior visibilidade à produção lexicográfica. Com esse propósito, o estudo pautou-se em princípios teóricos e metodológicos da Lexicografia Geral, da Lexicografia Pedagógica, em epistemologias referentes à Literatura brasileira e em leituras que versam sobre o uso do dicionário no ensino. Para se chegar ao protótipo almejado, primeiramente, foram selecionados cinco dicionários com temas relacionados à Literatura e a escritores brasileiros, com o intuito de analisar todas as partes que compõem a hiperestrutura de cada obra. Em seguida, realizou-se uma análise descritiva dos dicionários, apontando como as informações estavam organizadas, que tipo de informações eram apresentadas e se eram adequadas ao público-alvo. Em outra etapa, selecionaram-se dois escritores do cânone literário brasileiro, a partir do Quinhentismo até o Modernismo, para compor o conjunto de lemas registrados nos verbetes. Por último, recorreu-se aos cinco dicionários analisados junto a outras obras e páginas virtuais com o intuito de pesquisar informações sobre os escritores e sobre a literatura brasileira, registrando aquelas essenciais para atender às necessidades do aluno do Ensino Médio. Portanto, o protótipo de dicionário é de grande importância para o aluno em situação de ensino-aprendizagem pois pode auxiliar em processos como: conhecimento histórico, social e cultural do país por meio das diferentes obras literárias; reconhecimento dos principais escritores brasileiros; aperfeiçoamento das práticas discursivas; melhor desenvolvimento prático da leitura e da escrita; construção do pensamento crítico; formação da auto identidade, entre outros. Assim, por meio desta dissertação espera-se que o aluno, especialmente do Ensino Médio, tenha acesso a informações que complemente o seu desenvolvimento intelectual de maneira positiva, atendendo suas necessidades e interesses.
Palavras-chave: Lexicografia Geral; Lexicografia Pedagógica; Literatura Brasileira, Ensino Médio.
Orações finais introduzidas por "para (que)" e "a fim de (que)": uma abordagem discursivo-funcional
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 31/08/2022
Área LÍNGUA PORTUGUESA
Orientador(es)
  • Michel Gustavo Fontes
Orientando(s)
  • Fabio de Lima Moreira
Banca
  • Edson Rosa Francisco de Souza
  • Erotilde Goreti Pezatti
  • Michel Gustavo Fontes
  • Solange de Carvalho Fortilli
  • Taisa Peres de Oliveira
Resumo Este trabalho, amparando-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Gramática Discursivo-Funcional (doravante GDF), de Hengeveld e Mackenzie (2008), analisa e descreve, no português brasileiro, construções finais articuladas pelos conectivos para, para que, a fim de e a fim de que. Assume-se, aqui, que uma construção final envolve a articulação entre duas orações, uma nuclear e outra subordinada adverbial final (NEVES, 2018a), e entende-se que a relação final pode ser de natureza semântica e/ou discurso-pragmática, o que, na GDF, implica conceber que a formulação de uma construção final pode se dar nos níveis Representacional e/ou Interpessoal (FONTES, 2015; 2016b). Mais especificamente, o trabalho busca (i) descrever as propriedades funcionais e formais subjacentes aos usos de construções finais com para, para que, a fim de e a fim de que; (ii) especificar o grau de vinculação semântico-sintático entre as orações da construção final; (iii) determinar o estatuto léxico-gramatical dos conectivos finais. A partir desses objetivos, as seguintes hipóteses de pesquisa são conjecturadas: (i) a relação de finalidade instaurada entre a oração nuclear e a oração final pode ser de diferentes tipos; (ii) os conectivos finais para, para que, a fim de e a fim de que apresentam diferentes estatuto léxico-gramatical; (iii) os conectivos finais estabelecem tipos diferentes de finalidade. Os resultados obtidos com as análises dos dados revelam que, a depender do escopo da oração final nos níveis Representacional e Interpessoal, há cinco tipos diferentes de construções finais: eventivas, epistêmicas, de motivação, de orientação, modificadoras interpessoais. Ademais, os resultados mostram que os conectivos finais possuem estatuto léxico-gramatical diferentes, sendo organizados pelo seguinte cline de gramaticalidade, em que o conectivo mais à direita é mais gramatical que o(s) conectivo(s) mais à esquerda: a fim de que> a fim de> para que> para, e, portanto, são classificados, na GDF, como Conjunção Lexical, Preposição Lexical, Conjunção Gramatical e Preposição Gramatical, respectivamente. Além disso, esses conectivos saucionam valores de finalidade diferentes: os conetivos gramaticais para e para que instauram a finalidade a partir do esquema origem>trajetória>meta (DIAS, 2001a; 2001b; 2002; 2005; 2010), ao passo que os conectivos lexicais a fim de e a fim de que marcam uma relação de finalidade com traços de volição (CRISTOFARO, 2003; MATEUS et al, 2003; CABRILLANA, 2009).
Palavras-chave: construções finais; conectivos finais; estatuto léxico-gramatical; finalidade.
CONSTITUIÇÃO IDENTITÁRIA FEMININA: CORPOS VIOLENTADOS, VOZES SILENCIADAS
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 31/08/2022
Área LETRAS
Orientador(es)
  • Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento
Orientando(s)
  • Maressa Garcia Urbano
Banca
  • Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento
  • Claudete Cameschi de Souza
  • Ilka de Oliveira Mota
  • Silvelena Cosmo Dias
  • Valdeni da Silva Reis
Resumo Esta pesquisa se justifica por surgir “das cinzas”, de caminhos dos discursos de gênero, principalmente, pelo que me toca: violência contra a mulher, por desde criança ter presenciado cenas de violência doméstica, sobretudo a psicológica, doentia e perspicaz, oriundas de toda uma geração de traumas. Hoje, de 2019 a 2023, o histórico-social, envolto de dados presenciados e levantados a partir da pandemia do Covid-19, que funcionaram como um gatilho para abordar tal temática nesse texto, mostra o quanto os índices de violência contra a mulher aumentaram significativamente. Segundo dados levantados pela série de reportagens ‘Um vírus e duas guerras’, projeto desenvolvido de forma colaborativa entre mídias independentes, o estado de Mato Grosso do Sul, por exemplo, tem a terceira maior taxa de feminicídio do país, no período que compreende entre março e agosto de 2020. A série mencionada visou monitorar os casos de feminicídios e de violência doméstica, no período da pandemia no Brasil, em 2020, visibilizando o debate sobre a criação ou manutenção de políticas públicas de prevenção à violência de gênero no Brasil. Nesta toada, tem-se como pressuposto que desde a antiguidade as mulheres são vítimas de maus-tratos e violência, seja ela de forma psicológica, física ou moral. Assim temos como hipótese de trabalho que a violência é parte constituinte do sujeito mulher, implicando em desdobramentos e fazendo com que a mulher assuma papel de subalterna, conforme a própria sociedade lhe impõe. Sendo assim, problematizamos: quais são os efeitos de sentido dos discursos patriarcais/misóginos, sobretudo em relação à constituição identitária do sujeito mulher? As mulheres são, de fato, silenciadas? A análise se dá por meio do aporte teórico-metodológico do filósofo Foucault (1987; 2013), para as noções de discurso, formação discursiva, saber-poder; da analista do discurso francês Orlandi (2003), essencial para as questões relativas às condições de produção; da Linguística Aplicada desconstrutiva, representada por Coracini (2007, 2015), para as noções de sujeito e identidade, numa interface com Lacan (1998), acerca do sujeito psicanalítico. Também recorremos a Butler (2015), Ribeiro (2017), Saffiotti (1987; 1995; 2004), Spivak (2010) e Faludi (2001), acerca das questões de gênero, silenciamento, patriarcado e violência de gênero, dentro das quais esta última autora traz o conceito de backlash. O principal objetivo consiste em discutir questões que constituem a identidade do sujeito mulher que esteve em situação de violência. Já os objetivos específicos são: 1) Discutir as principais regularidades como discursos, relações de saber-poder e resistência que constituem a identidade do sujeito mulher; e, 2) Analisar as práticas discursivas que atravessam as noções do medo e do silenciamento. Assim, o olhar dessa dissertação recai sobre constituição identitária do sujeito mulher em situação de violência, constituído a partir de cinco vídeos depoimentos disponíveis na plataforma de domínio público Youtube, sendo três deles gravados em 2013, um em 2017 e outro em 2019, mas praticamente todos publicados em 2020 no referido site. A pesquisa foi organizada em três capítulos, os quais problematizam: condições de produção, questões teórico-metodológicas e análise. Por meio da análise, foi possível perceber que os sujeitos mulheres em situação de violência estão nessas situações porque foram assujeitadas a tal, a partir do discurso patriarcal, vigente na sociedade até hoje. Destarte, discutir o assunto da violência de gênero e o efeito backlash se faz mister para que se reconheça quais são as tradições políticas, socioculturais e jurídicas que permeiam a sociedade, no intento de escutar, ativamente, o que essas mulheres em situação de violência têm a dizer, sobretudo, mulheres em condição de subalternidade.

Palavras-chave: Identidade, Discurso patriarcal, Violência contra a mulher.
Será o príncipe pequeno?
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 30/08/2022
Área LETRAS
Orientador(es)
  • Claudete Cameschi de Souza
Orientando(s)
  • Priscila Keila de Mendonça
Banca
  • Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento
  • Claudete Cameschi de Souza
  • Ilka de Oliveira Mota
  • Josemar de Campos Maciel
  • Neiva de Aquino Albres
Resumo Com o objetivo de problematizar a produção de sentidos e a subjetivação (Orlandi) no processo de tradução do livro O Pequeno Príncipe, do Português para a Língua Brasileira de Sinais – Libras, este trabalho busca aporte teórico na Análise do Discurso (Pêcheux), área transdisciplinar que buscará na Teoria da Adaptação (Hutcheon) e da Tradução(Barbosa (2020), Batalha e Pontes (2008), Derrida (2001/02), em específico na Tradução Intersemiótica (Jakobson), noções básicas para a discussão do processo e do produto final. Assim, além dos aspectos específicos das teorias citadas, em uma análise qualitativa, a arqueogenealogia de Foucault (2015) será acionada para que se possa decompor as produções midiáticas e escavar os sentidos possíveis marcados pela subjetividade do tradutor/ator ouvinte em paralelo com os sentidos e subjetividades do tradutor/ator surdo. O livro “O Pequeno Príncipe” de Antoine Saint-Exupéry, foi originalmente publicado em inglês e francês no ano de 1943 pela Reynal & Hitchcock, enquanto seu autor estava exilado na América do Norte, foi traduzido pela primeira vez para o Português por Dom Marcos Barbosa, em 1952 pela editora Agir. Para a composição desse trabalho foram utilizadas as versões: - Livro impresso em Português: 49ª edição. Editora Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 2015; - Vídeo no Youtube com tradução/adaptação em Libras: Projeto Acessibilidade em Bibliotecas Públicas: São Paulo, 2016; e - Vídeo-book com tradução/interpretação em Libras: Editora Arara Azul: São Paulo, 2013. Nosso intuito maior é compreender como as diferenças constitutivas e identitárias, para além da Tradução Intersemiótica.
O SUBESQUEMA [ADV DE EXCLUSÃO + SE] NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 30/08/2022
Área LÍNGUA PORTUGUESA
Orientador(es)
  • Taisa Peres de Oliveira
Orientando(s)
  • Diogo Ayano Braga da Silva
Banca
  • Cibele Naidhig de Souza
  • GISELE CÁSSIA DE SOUSA
  • Michel Gustavo Fontes
  • Solange de Carvalho Fortilli
  • Taisa Peres de Oliveira
Resumo O principal objetivo desta dissertação é descrever o subesquema [ADV de exclusão + se]
pautado na noção de que ele integra a rede dos conectores condicionais e que os
conectores instanciados pelo subesquema, somente se, só se e exceto se, são conectores
restritivos, diferindo-se do sentido manifestado pelo conector prototípico se, que é capaz
de acionar uma condicionalidade mais básica. O embasamento teórico desta pesquisa é
composto, principalmente, pelos teóricos que interpretam as unidades linguísticas em
termos de pareamentos de formas e significados, as construções, como Traugott e
Trousdale (2021) juntamente com os estudos de Bybee (2016), os quais possibilitam a
interpretação do sentido condicional por meio da correlação de aspectos formais e
semântico-pragmáticos, que foram essenciais para comprovar que a hipótese de que os
conectores complexos instanciados pelo subesquema [ADV de exclusão + se] são
diferentes dos casos em que há somente a presença de se, bem como comprovar que há
diferenças entre os conectores instanciados pelo subesquema desta pesquisa. Para a
interpretação da condicionalidade nas ocorrências coletadas foi utilizado a obra de
Dancygier (1998), que reúne alguns parâmetros que caracterizam a categoria condicional,
a saber: não assertividade, predição, espaços mentais, causalidade e postura epistêmica.
Somam-se aos parâmetros de Dancygier (1998) outros parâmetros relevantes para a
interpretação das ocorrências, tal como: função dos advérbios e conectores, correlação
modo-temporal, posição da oração condicional, hierarquia construcional de [ADV de
exclusão + se] na rede dos conectores condicionais, os slots do subesquema [ADV de
exclusão + se]. Para este estudo, de cunho sincrônico, foram consideradas 600 ocorrências
do século atual, coletadas no Corpus do Português (disponível em:
www.corpusdoportugues.org) na modalidade Web/Dialetos e após as análises ficou
constatado que o sentido restritivo dos advérbios foi essencial para que o sentido restritivo
fosse mantido ao formar um conector condicional complexo, bem como foi possível notar
que os conectores possuem diferenças em alguns parâmetros da condicionalidade.
Adolescentes-mães em (dis)curso nos documentários online
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 29/06/2022
Área LÍNGUA PORTUGUESA
Orientador(es)
  • Claudete Cameschi de Souza
Orientando(s)
  • Ágata de Carvalho Ferreira
Banca
  • Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento
  • Claudete Cameschi de Souza
  • Fabricio Tetsuya Parreira Ono
  • Silvane Aparecida de Freitas
Resumo O tema dessa dissertação volta o olhar para o sujeito adolescente-mãe constituído em documentários online “Eu, Adolescente Mãe” (SÁ, 2008) e “Saúde no Rolê: Gravidez na Adolescência” (PLAN INTERNACIONAL, 2019). Este olhar refere-se às problematizações identitárias que levam o sujeito adolescente-mãe a performar (BUTLER, 2017). O problema de pesquisa se constitui nos questionamentos a partir das condições de produção, bem como suas relações de saber, poder e resistência que envolvem o sujeito adolescente-mãe na sociedade em que se insere. Logo, a hipótese se constitui na compreensão de que existe um apagamento nos papéis sociais destinados à menina adolescente-mãe e uma adultização precoce a ela direcionada. Como objetivo geral, elegeu-se problematizar as performances históricas e culturais destinadas ao sujeito adolescente-mãe. O córpus se constitui em seis recortes das falas dos sujeitos adolescentes-mães contidos nos documentários, e, a partir deles, como primeiro objetivo específico, interpretar e rastrear as marcas de subjetividade e instabilidades do sujeito adolescente-mãe, em relação aos dispositivos da maternidade, trabalho e casamento. Como segundo objetivo específico, propõe-se rastrear as formações discursivas, os inter/intradiscursos, memória discursiva e arquivo; e, como terceiro objetivo, discutir as relações de identidade, identificação e relações de saber, poder e resistência que envolvem o sujeito adolescente-mãe e a figura paterna. O aporte teórico se constitui na tríade conflituosa e transdiciplinar entre a Linguística, a História e a Psicanálise, pela perspectiva discursivo-desconstrutiva de Derrida (1995), com gestos interpretativos de Coracini (2007). E assim, escavar as possíveis gêneses das descontinuidades e rupturas, por meio da arqueogenealogia de Foucault (1979). Do mesmo autor, utilizamos as noções de discurso, enunciado, formação discursiva, arqueologia e genealogia (FOUCAULT, 1987, 2002, 2015). Como noções de condições de produção elegeu-se Orlandi (2004). Para as questões relativas ao inconsciente Lacan (2009). Para interdiscurso, o suporte deu-se com Authier-Revuz (1998). Apoiamo-nos em Coracini (2007) e Lacan (1998) no trabalho com as noções de sujeito. As noções de identidade encontram suporte em Coracini (2015), Butler (2017) e Bauman (2005). Para efeitos de sentidos valemo-nos no pensamento de Orlandi (1988, 1996, 1999, 2007). A noção de identificação fundamenta-se em Lacan (2003); e, performance com Butler (2017). Como resultado, o sujeito adolescente-mãe se constitui na fragmentação do ser não-um: ser adolescente, ser mãe, mulher, ser periférica e resistente aos embates de poder e saber que o outro a inscreve.

Palavras-chave: Análise do Discurso, Adolescência, Maternidade, Instabilidades.
HIV/aids e poesia contemporânea brasileira na antologia “Tente entender o que tento dizer”, organizada por Ramon Nunes Mello
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 04/03/2022
Área LITERATURA BRASILEIRA
Orientador(es)
  • Cristiane Rodrigues de Souza
Orientando(s)
  • Leandro Noronha da Fonsêca
Banca
  • Alexandre de Melo Andrade
  • Antônio Donizeti Pires
  • Cristiane Rodrigues de Souza
  • Ricardo Magalhaes Bulhoes
  • Susanna Busato
  • Wagner Corsino Enedino
Resumo Acompanhando a humanidade durante inúmeros períodos históricos, as doenças e as epidemias foram amplamente retratadas na literatura a partir de contextos sociais, religiosos, culturais e políticos específicos das sociedades. Partindo das potencialidades de estudo entre “epidemias” e “literatura”, considera-se o HIV/aids como questão fundamental da presente dissertação. Foi identificada em estudos acadêmicos certa predominância da tematização do HIV/aids em obras em prosa, tais como romances, contos, novelas etc., o que nos impulsiona à compreensão da temática no gênero poético. Dessa forma, objetivamos compreender as representações do HIV/aids na poesia contemporânea brasileira a partir de “Tente entender o que tento dizer: poesia + hiv/aids”, primeira antologia poética publicada no Brasil voltada exclusivamente a esta pauta. Publicada em 2018, a obra conta com 101 poemas de 96 poetas brasileiros e foi organizada pelo poeta e jornalista carioca Ramon Nunes Mello. Elaboramos breve panorama a partir de textos não inéditos desta antologia, de livros voltados ao universo homoerótico e de levantamentos na Internet, e que compreende o período de 1980 a 2021. Os elementos estruturais dos textos, seus aspectos formais e semânticos, foram analisados com aporte teórico-crítico da Teoria da Poesia, a exemplos de Antonio Candido (1970; 1999; 2004; 2006; 2006b; 2017), Octavio Paz (1982; 1994; 2009), Alfredo Bosi (1977; 2015), dentre outros. O percurso panorâmico é seguido de reflexão acerca da história e das configurações das antologias poéticas, e da função crítica e autoral desempenhada pelo antologista na organização de obras antológicas. Investigamos ainda os elementos paratextuais de “Tente entender o que tento dizer” e suas repercussões na literatura e cultura nacionais, articulando uma discussão sobre a antologia brasileira em comparação com as antologias estrangeiras “Poets for Life” (1992), “Unending Dialogue” (1993), “POESÍdA” (1995) e “Still Here” (2008). Por fim, são analisados com maior profundidade três poemas de “Tente entender o que tento dizer”: “Ponto de corte”, de Bruna Mitrano, “Célio no céu, com toda a sorte de pedras preciosas”, de Angélica Freitas, e “Cego amor”, de Armando Freitas Filho. O estudo estrutura-se nas seguintes seções: 1) Introdução; 2) “Infecções literárias: um panorama do HIV/aids na poesia brasileira contemporânea”; 3) “Antologias poéticas e HIV/aids: as flores de ‘Tente entender o que tento dizer’”; 4) “As representações do HIV/aids em três poemas de ‘Tente entender o que tento dizer’”; e 5) Considerações finais. De modo geral, os três poemas analisados elaboram sentidos sobre o HIV/aids distintos dos discursos estigmatizantes, fortemente presentes nas primeiras décadas da epidemia. Ao aproximar a temática das incertezas e dualidades não apenas do sexo, mas da própria vida, os poemas humanizam, cada qual ao seu modo, uma temática ainda marcada pelo preconceito e a discriminação.
HOMÔNIMOS VERBAIS EM DICIONÁRIOS PEDAGÓGICOS DE E/LE: por uma proposta de definição didática para aprendizes brasileiros
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 25/02/2022
Área LÍNGUA PORTUGUESA
Orientador(es)
  • Renato Rodrigues Pereira
Orientando(s)
  • Bruna Aparecida Oliva Ferreira dos Anjos
Banca
  • Aparecida Negri Isquerdo
  • Elizabete Aparecida Marques
  • Odair Luiz Nadin da Silva
  • Renato Rodrigues Pereira
Resumo Na tradição lexicográfica, os Homônimos Verbais (HV), com exceção das formas nominais de infinitivo, não são contemplados nos dicionários, como temos percebido nos diferentes repertórios lexicográficos existentes e também na literatura que versa sobre a homonímia em dicionários. Consequentemente, modelos de definições para essa categoria de palavras nem sempre ficam em evidência, a menos que visitemos os princípios teóricos que regem a elaboração de definições lexicográficas. Por esse motivo, com o desenvolvimento desta pesquisa de mestrado, apresentamos uma proposta de definição lexicográfica destinada a HV que vierem a compor a nomenclatura de dicionários pedagógicos de espanhol como língua estrangeira. Para isso, objetivamos: i) refletir teórica e metodologicamente sobre a definição lexicográfica, com vistas a buscar princípios que alicercem nossa proposta; ii) inventariar candidatos a HV a partir do listado de frecuencia (2.000 palavras mais frequentes) disponível no Corpus de Referencia del Español Actual (CREA) da Real Academia Española, com o propósito de constituir uma nomenclatura que sirva para compor a macroestrutura de dicionários pedagógicos; iii) analisar as definições de Unidades Léxicas Homônimas (ULH) de categoria verbal em diferentes dicionários, como forma de verificar se os modelos de definição utilizados nas obras podem contribuir com nossa proposta; iv) contribuir com dados para o Projeto “Lexicografia Pedagógica: elaboração do dicionário monolíngue de formas homônimas em espanhol para aprendizes brasileiros”. Para tanto, fundamentamo-nos pelos princípios teóricos e metodológicos da Lexicografia Geral, da Lexicografia Pedagógica e da Lexicologia. Adotamos também os seguintes procedimentos metodológicos: i) inventário dos candidatos a HV; ii) seleção dos dicionários para a análise; iii) seleção das ULHV; iv) análise descritiva das ULHV de acordo com a divisão de enunciados proposto por Seco (2003) e a tipologia de definições lexicográficas apresentada por Porto Dapena (2002). Dada a natureza da pesquisa e os objetivos aqui estabelecidos chegamos às seguintes conclusões: i) das 2.000 palavras mais frequentes do espanhol, 84 são HV; ii) os dicionários não registram em sua macroestrutura definições para os HV em sua forma conjugada, apenas em sua forma no infinitivo; iii) em geral, os tipos de definições lexicográficas mais recorrentes nos dicionários investigados são as orientadas ao signo de tipo conceitual perifrástica substancial incluente positiva e as orientadas ao signo de tipo híbrida; iv) o tipo de definição mais adequada a nossa proposta é o de caráter híbrido, que mescla características das definições conceituais e das funcionais. Por fim, esperamos que o nosso modelo de definição lexicográfica destinado às ULH de categoria verbal atenda às necessidades do consulente brasileiro aprendiz de espanhol, com definições didáticas que possam contribuir para o entendimento da lexia em questão, servindo de modelo para futuros dicionários pedagógicos de espanhol como língua estrangeira.
UMA ANÁLISE DE PODE CRER À LUZ DOS MODELOS BASEADOS NO USO
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 31/08/2021
Área LÍNGUA PORTUGUESA
Orientador(es)
  • Solange de Carvalho Fortilli
Orientando(s)
  • Lucas Borel Cristiano
Banca
  • Cibele Naidhig de Souza
  • Michel Gustavo Fontes
  • Solange de Carvalho Fortilli
  • Taisa Peres de Oliveira
Resumo Esta dissertação volta-se para a análise da expressão pode crer como marcador discursivo (doravante, MD) no português. MD são expressões revestidas de forte valor pragmático, que indicam, dentre outros aspectos, como o emissor deseja que o enunciado seja compreendido pelo receptor (BYBEE, 2020[2015]). Composto pelo verbo modal auxiliar poder e o verbo cognitivo crer, pode crer pode ser visto como MD nesta ocorrência, dos falantes A e B: A- Aconteceu (atraso) comigo no começo da pandemia, mas uma hora chegou. Eles tão sobrecarregados e com funcionários a menos. B- pode crer. (Twitter). O objetivo geral dessa pesquisa foi observar mudanças em pode crer ao longo da história do português, demarcando aspectos formais e funcionais que desencadearam o seu papel mais recente, o de MD. Estima-se que o tipo de mudança ocorrido possa ser explicado pelos modelos baseados no uso (CROFT; CRUSE, 2004; BYBEE, 2010; TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013), os quais defendem a língua como uma rede de construções, formadas por uma relação simbólico de uma forma com um significado. Assim, o estudo teve como objetivos específicos definir, por um lado, os traços que alocam a expressão, atualmente, no grupo dos MD e, por outro, explorar questões de mudança construcional, já que pode crer nem sempre apresentou características alinhadas com tal agrupamento. Desse modo, pode crer mostrou-se como um pareamento genuíno de forma e significado, uma vez que, ao longo dos séculos contemplados (XVI a XXI), foi afetado por reestruturação de forma e instauração de novo significado, o de assentimento, como na ocorrência acima. O corpus foi construído por meio do sítio Corpus do Português, um diacrônico (DAVIES; FERREIRA, 2006), correspondendo os séculos XVI a XX, e outro sincrônico (DAVIES, 2016), representando o século XX. Em adição aos usos mais recentes, do banco de dados supramencionado, foram coletados dados do ano de 2020 da rede social Twitter. Os resultados sugerem que pode crer nasce de um conjunto de usos diversos nos séculos iniciais até sua convencionalização como marcador, tornando-se gradativamente, menos composicional e mais esquemático, integrando a rede [pode + V]MD dentro da língua portuguesa, especializando-se como expressão de assentimento.
CONSTRUÇÕES RELACIONAIS DE FINGIMENTO COM OS VERBOS "PAGAR" E "DAR"
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 30/08/2021
Área LÍNGUA PORTUGUESA
Orientador(es)
  • Michel Gustavo Fontes
Orientando(s)
  • Kátia Roberta Rodrigues Pinto
Banca
  • Ivo da Costa do Rosário
  • Michel Gustavo Fontes
  • Solange de Carvalho Fortilli
  • Taisa Peres de Oliveira
Resumo Com base nos pressupostos teórico-metodológicos dos Modelos Baseados no Uso (KEMMER; BARLOW, 2000; BYBEE, 2010), e concentrando-se nos princípios da Gramática de Construções (GOLDBERG, 1995; 2006), este estudo objetiva descrever o pareamento de forma-significado de construções que denotam fingimento de estado, recortando-se àquelas com os verbos "pagar" e "dar". Especificamente, objetiva-se: (i) caracterizar tais construções em termos de esquematicidade, produtividade e composicionalidade (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2021), (ii) distinguir seus padrões microconstrucionais e (iii) determinar suas relações hierárquicas e de herança no interior da rede mais ampla de construções relacionais.
Adotando parâmetros que mapeiam aspectos tanto formais quanto semântico-pragmáticos dessas construções, pode-se chegar a resultados que apontam para padrões construcionais instanciados por dois subesquemas, no caso um subesquema de fingimento + durativo, Suj+Vrel+de+SN/SAdj, e um subesquema de fingimento + pontual, Suj+Vrel+uma+de+SN/SAdj, que se desdobram em quatro microconstruções, representadas da seguinte maneira: Suj+pagar+de+SAdj/SN; Suj+dar+de+SAdj/SN, Suj+pagar+uma+de+SAdj/SN e Suj+dar+uma+de+SAdj/SN. Para tanto, recorreu-se ao banco de dados do Corpus do Português, seção Web Dialetos (DAVIES; FERREIRA, 2006).
Defende-se que as construções de fingimento de estado pertencem à rede das construções relacionais, cujos membros mais prototípicos são as construções de estado com os verbos "ser" e "estar" (FERREIRA, 2015). As construções de fingimento de estado com "pagar" e "dar" configuram-se como membros mais marginais dessa rede, já que, ao mesmo tempo em que compartilham certos traços com os membros protótipos da rede, como, por exemplo, significado relacional e condição de estado do indivíduo, também se distanciam deles por apresentarem propriedades distintas, como, sujeito agente e natureza pragmática disfórica.
A IMPOLIDEZ NO DISCURSO POLÍTICO COMO ENCORAJAMENTO DA VIOLÊNCIA VERBAL
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 26/08/2021
Área LÍNGUA PORTUGUESA
Orientador(es)
  • Vanessa Hagemeyer Burgo
Orientando(s)
  • Gabriela Viviana Barrueco Valenzuela
Banca
  • ELIANE VITORINO DE MOURA OLIVEIRA
  • Solange de Carvalho Fortilli
  • Taisa Peres de Oliveira
  • Vanessa Hagemeyer Burgo
Resumo RESUMO
Este estudo tem como objetivo analisar a impolidez nas entrevistas do atual presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, e a violência verbal nas redes sociais após suas declarações. Tratamos de apontar os mecanismos linguísticos de que se vale para preservar a própria face e ameaçar a do outro. Também apontamos a desinibição dos internautas ao reagirem a tais manifestações. O propósito é, portanto, analisar quais as intenções comunicativas das estratégias de impolidez usadas pelo presidente; como retenção e tomada de turnos, mudança de tópicos, ameaças, uso de imperativos e palavras de baixo calão; assim como, seus efeitos na interação verbal e no comportamento social no âmbito das redes sociais. A pesquisa está ancorada em uma abordagem sociointeracional da língua falada, e o corpus é formado por entrevistas concedidas por Bolsonaro à imprensa e os comentários dos internautas postados nas redes sociais onde circulam as entrevistas. O aporte teórico tem como base os princípios da Análise da Conversação (MARCUSCHI, 1986); (KERBRAT-ORECCHIONI, 2006) e (KOCH, 2015, 2016), bem como na teoria de face formulada por Goffman (1967), na teoria da polidez de Brown e Levinson (1987 [1978]), nos estudos sobre violência verbal de Fuentes Rodríguez e Alcaide Lara (2008), Bousfield (2008) e Culpeper (1996, 2005, 2011) e nas pesquisas acerca de redes sociais de Recuero (2014, 2018). No que concerne à estrutura, este trabalho é composto por quatro seções: na seção um, apresentamos questões pertinentes à língua falada e a organização da conversação; a segunda seção trata das características da interação digital; a terceira da Face e da Impolidez. Na quarta seção, descrevemos a metodologia, constituição do corpus e a análise e discussão dos dados. Por fim, apresentamos as considerações finais a respeito da pesquisa. De acordo com os resultados, constatamos que a dimensão da postura e do comportamento de autoridades políticas, com relação ao planejamento de suas falas diante de um grande público, pode ocasionar grande influência de seus adeptos. Nos dias atuais com o advento das redes sociais, as pessoas têm acesso a muita informação, não só como espectadores, mas como disseminadores de verdades e mentiras, de harmonia e violência e que, muitas vezes, apenas reproduzem a fala do influenciador, reforçando e propagando agressividade e preconceitos. Evidenciamos ainda que Bolsonaro ao tentar preservar uma imagem que não deseja ver exposta, ao ser questionado sobre alguns assuntos, usa com grande frequência recursos de impolidez como defesa.

Palavras-chave: Análise da Conversação; Violência Verbal; Impolidez; Redes Sociais; Preservação da Face.

Teatro, sociedade e comparativismo literário: filigranas do discurso jurídico em A Partilha, de Miguel Falabella
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 30/06/2021
Área LITERATURA BRASILEIRA
Orientador(es)
  • Wagner Corsino Enedino
Orientando(s)
  • Jéssica Nágilla Hagemeyer
Banca
  • Agnaldo Rodrigues da Silva
  • Cristiane Rodrigues de Souza
  • João Adalberto Campato Junior
  • Marlene Durigan
  • Wagner Corsino Enedino
Resumo Ancorando-se nos estudos de Ubersfeld (2005), Ryngaert (1996), Pallottini (1998) e Pavis (1999) acerca do modo de estruturação do texto teatral, nos postulados de Bachelard (1996) concernentes à poética do espaço, apoiada pelas contribuições de Antonio Candido (2000) no que diz respeito aos aspectos sociológicos que circunscrevem um texto literário, associada às contribuições de Lenza (2012) e Venosa (2014) no que tange aos Direitos Fundamentais e Direito de Família, esta pesquisa tem como objetivo discutir e analisar os aspectos jurídicos encontrados na peça teatral A Partilha, de Miguel Falabella. Seguindo o método qualitativo-descritivo, o aporte teórico desta dissertação está fundamentado na vertente da Literatura Comparada, especificamente, na interação entre Direitos Fundamentais, conexos à subárea do Direito de Família, e Literatura. Sob o viés do discurso teatral, este estudo propõe uma análise das questões socioafetivas e suas implicações no ambiente familiar durante o processo de inventário e partilha de bens. Tendo em vista que se trata de uma relevante obra da dramaturgia brasileira, bem como de uma representação das relações de desavenças familiares, A Partilha se mostra como o palco ideal para a reflexão sócio jurídico presente nas relações pessoais. Com efeito, cumpre destacar que na seção “Por entre letras, palcos e telas: o (re)teatralizar de uma bios” incursionarmos por uma síntese biográfica do artista Miguel Falabella, bem como sua dramaturgia, a fim de compreendermos a configuração do seu projeto estético. Em “Do panorama histórico ao contexto social: na ribalta, A Partilha” abordamos o momento histórico em que a peça foi concebida, a fim de compreendermos o processo de criação artística da obra e os motivos ensejadores de sua elaboração. As reflexões inscritas na seção “As filigranas dos Direitos Fundamentais na peça A Partilha” partem dos elementos que compõe a ação dramática da obra, associado ao que rege os Direitos Fundamentais na seara do Direito de Família, bem como suas implicações no ambiente familiar. Por meio da análise dos diálogos das personagens, é possível compreender como se realiza um processo de partilha no Brasil, as particularidades da escolha do inventariante e quais as suas atribuições nessa fase processual. Além disso, evidenciamos as significativas transformações na legislação civilista, desde a concepção/encenação da peça até o contexto atual, no que diz respeito ao processo sucessório, a fim de acompanhar a dinâmica social de proteção das (novas) composições familiares inscritas na diegése. Por fim, constatamos que a peça proporcionou o debate da socioafetividade, a qual ganhou destaque no ordenamento jurídico hodierno, pois prioriza a proteção jurídica dos laços afetivos construídos ao longo da vida.
DANTAS MOTA E MÁRIO DE ANDRADE: ENTRE A CORRESPONDÊNCIA, AS ANOTAÇÕES MARGINAIS E A POESIA
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 28/06/2021
Área LITERATURA COMPARADA
Orientador(es)
  • Cristiane Rodrigues de Souza
Orientando(s)
  • Ana Elisa Tonetti de Almeida
Banca
  • Alexandre de Melo Andrade
  • Cristiane Rodrigues de Souza
  • Marina Damasceno de Sá
  • Ricardo Magalhaes Bulhoes
  • Wagner Corsino Enedino
Resumo Com base nas contribuições de Pino & Zular (2007) acerca da Crítica Genética; nas reflexões de Sandra Nitrini (2000) concernentes à Literatura Comparada, bem como nos estudos de Michel Collot (2013) sobre a poética e a filosofia da paisagem, este trabalho focaliza o diálogo que se estabelece entre o escritor mineiro José Dantas Mota e o paulistano Mário de Andrade, percebido por meio da correspondência entre os dois, das anotações marginais presentes no volume Surupango: ritmos caboclos (1932), de Dantas Mota, parte da biblioteca do escritor paulistano, assim como em poemas do escritor mineiro, marcados pela relação com o autor de Pauliceia desvairada. Objetivamos, assim, estudar a construção da poesia de Dantas Mota em Surupango e em alguns poemas de Elegias do país das gerais (1988), identificando as influências que o poeta mineiro recebeu de Mário de Andrade em relação à construção de paisagens poéticas, música e cultura popular. Assim, partimos do pressuposto de que as cartas que ambos trocaram influenciaram significativamente a composição artística de Dantas. A pesquisa se desenvolve a partir do estudo das cartas inéditas de Dantas Mota, localizadas no acervo de Mário de Andrade, disponível no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP), e das cartas do escritor paulistano publicadas no volume de poesias completas Elegias do país das gerais, de Dantas Mota, bem como das anotações de Mário de Andrade, no exemplar de 1932, integrante de sua biblioteca pessoal, que compõe seu acervo no IEB-USP. Além disso, são feitas leituras comparativas de poemas de Dantas Mota e de Mário de Andrade, escolhidos por se aterem a temas relevantes para ambos: a paisagem, a música e a cultura popular já que esses elementos os aproximam.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura Brasileira. Literatura Comparada. Crítica Genética. Mário de Andrade. Dantas Mota. Poesia. Cartas.
Um olhar discursivo-desconstrutivo sobre a Carta Aberta "Contra o genocídio da população indígena
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 22/12/2020
Área LÍNGUAS INDÍGENAS
Orientador(es)
  • Vania Maria Lescano Guerra
Orientando(s)
  • Graziele Ferreira dos Santos
Banca
  • Fabricio Tetsuya Parreira Ono
  • Flávio Roberto Gomes Benites
  • Marcos Antônio de Oliveira
  • Silvelena Cosmo Dias
  • Vania Maria Lescano Guerra
Resumo SANTOS, Graziele Ferreira dos Santos. Um olhar discursivo-desconstrutivo sobre a
Carta Aberta “Contra o genocídio da população indígena”. Três Lagoas: Câmpus de
Três Lagoas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2020. 115f. (Dissertação de Mestrado).
Os povos indígenas brasileiros sofreram (e sofrem) discriminação desde os tempos
coloniais, apesar do avanço intelectual que a sociedade adquire recorrentemente. A
representação sobre os povos indígenas acarreta essa situação periférica, com base em estereótipos que permeiam o imaginário social. Para tanto, nosso objetivo é
problematizar as representações sobre os povos indígenas sul-mato-grossenses e sobre o governo brasileiro que atravessam o discurso da Carta Aberta ‒ Contra o genocídio da população indígena ‒ e da produção audiovisual ‒ Massacre de Caarapó: o assassinato de Clodiodi Guarani Kaiowá. Dessa forma, o corpus desta pesquisa reúne representações sobre o indígena, do indígena sobre si mesmo e do governo, a partir de recortes do texto da Carta e de relatos do vídeo. Levantamos a hipótese de que as representações sobre os povos indígenas, no discurso da Carta Aberta e da produção audiovisual, podem contribuir para a luta por seus direitos, mas também acarretar a demarcação da posição de sujeito da exclusão. Pautamos nosso olhar no arcabouço teórico da Análise do Discurso de origem francesa (PÊCHEUX, 2009; FOUCAULT, 1995; ORLANDI, 2003; CORACINI, 2007), por meio do método foucaultiano arqueogenealógico (FOUCAULT, 2014; GREGOLIN, 2004) e da perspectiva discursivo-desconstrutiva (CORACINI, 2010; GUERRA, 2010, 2012). Os resultados demonstram que as representações sobre o sujeito indígena, ainda, são perpassadas pelo imaginário colonial, em que as marcas de exclusão atravessam o dizer do enunciador, a partir das denúncias marcadas pelo descaso e pela situação periférica em que se encontram os povos indígenas brasileiros perante a sociedade hegemônica. Com esse pensar e com base em reflexões discursivas, consideramos que o discurso indígena constitui denúncia sobre exclusão, representações estereotipadas, que surgiram à época em que o Brasil foi colônia de Portugal.
CONSTRUÇÕES CONDICIONAIS COM “DESDE QUE” NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 31/08/2020
Área LÍNGUA PORTUGUESA
Orientador(es)
  • Taisa Peres de Oliveira
Orientando(s)
  • Ingridy Inara Perico
Banca
  • Edson Rosa Francisco de Souza
  • Flávia Bezerra de Menezes Hirata Vale
  • Michel Gustavo Fontes
  • Solange de Carvalho Fortilli
  • Taisa Peres de Oliveira
Resumo O objetivo principal deste estudo foi analisar como o conectivo desde que pode instaurar a condicionalidade e, então, estar conectado à rede de condição, enquanto exemplar não prototípico. Este trabalho foi organizado em quatro capítulos, os quais se distinguiram em fundamentação teórica, construções condicionais, metodologia e os resultados, aspectos formais e funcional-cognitivos para a leitura condicional introduzida por meio do exemplar desde que, a fim de compreender a manifestação hipotética, distinguindo-a da temporal, e ainda comparar essa a dos itens protótipos da categoria condicional no português do Brasil, se e caso. Essa pesquisa fundamentou-se na abordagem dos Modelos Baseados no Uso (MBU), bem como, para a compreensão da nuance semântico-pragmática, foram elencados alguns parâmetros teórico-analíticos que permitiram a verificação de como a condicionalidade funciona em construções iniciadas por desde que. Estes parâmetros foram investigados na análise desse trabalho, especificamente contida no capítulo quatro, e baseiam-se nos estudos e classificações desenvolvidos por Dancygier (1998) acerca da execução dentro do paradigma condicional. Entre as características da condicionalidade enquanto categoria cognitiva, foram analisados esquemas conceituais que envolvem o processamento de informação, entre os quais estão: a não assertividade; os domínios cognitivos; a criação de espaços mentais, o distanciamento epistêmico e a predição. Cabe salientar que nossa pesquisa se vinculou a uma abordagem baseada no uso e funcional, logo envolvendo as propriedades morfossintáticas, semântico-pragmáticas e funcionais de acordo com o uso. Sabe-se também que o conectivo desde que pode assumir funções diferentes conforme o contexto, a configuração modo temporal: a nuance temporal e a nuance condicional. De acordo com o princípio de não sinonímia (Goldberg, 2005) e os MBU sobre a fluidez categorial, sobretudo no entendimento da expressão condicional em português brasileiro, como as pesquisas de Oliveira (2008; 2014); Neves (1997; 2010); Hirata-Vale (2005; 2009, 2011), entre outros, pautou-se esta pesquisa na diversidade de formação de conectores, em especial na seleção e na classificação de conectivos adverbiais ainda são extremamente difusas e complexas, visto que entendemos que, se existem formas diferentes, os significados também são ligeiramente diferentes entre as estruturas linguísticas. Enfim, a categoria de conectivos passou a ser delineável e com possibilidade grande de variação na base conceitual que os forma. Mas, quando se considerou a condicionalidade como uma categoria conceitual, foi necessário explanar quais as especificidades de cada exemplar associado ao eixo condicional, para que pudéssemos compreender melhor como a condicionalidade em si pode ser processada não só contextualmente e no discurso, mas também na formação cognitiva e formal das construções condicionais com desde que. Os dados da pesquisa foram coletados na base online Corpus do Português (FERREIRA, DAVIES, 2006), no recorte sincrônico dos séculos XX e XXI. A análise, por sua vez, foi assentada em pressupostos dos modelos baseados no uso, tais como encontrados em: Sweetser (1990); Dancygier (1998); Bybee (2010), entre outros. Junto com os parâmetros de condicionalidade, foram considerados ainda parâmetros formais, como: a ordenação sintática dos enunciados e a correlação modo-temporal entre núcleo e a oração condicional.
USOS DO VERBO DEITAR: UM EXERCÍCIO DE ANÁLISE COM A ABORDAGEM CONSTRUCIONAL
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 31/08/2020
Área LÍNGUA PORTUGUESA
Orientador(es)
  • Solange de Carvalho Fortilli
Orientando(s)
  • Arielly Ferreira Berlandi
Banca
  • Renato Rodrigues Pereira
  • Sebastião Carlos Leite Gonçalves
  • Solange de Carvalho Fortilli
  • Vanessa Hagemeyer Burgo
Resumo
MARCADORES CONVERSACIONAIS EM AUDIÊNCIAS TRABALHISTAS: ESTRATÉGIAS LINGUÍSTICAS DOS JURISTAS
Curso Mestrado em Letras
Tipo Dissertação
Data 28/05/2020
Área LÍNGUA PORTUGUESA
Orientador(es)
  • Vanessa Hagemeyer Burgo
Orientando(s)
  • Julia Augusta Oslei de Souza
Banca
  • LETÍCIA JOVELINA STORTO
  • Solange de Carvalho Fortilli
  • Taisa Peres de Oliveira
  • Vanessa Hagemeyer Burgo
Resumo O objetivo geral deste trabalho é evidenciar, dentro de uma perspectiva sociointeracional da língua falada a presença de marcadores conversacionais e as estratégias linguísticas dos juristas, utilizadas a fim levar as partes do processo a formular acordos ou provar as matérias fáticas objetivamente, sem vícios e do modo imparcial. O aporte teórico desta pesquisa está fundamentado nos princípios da Análise da Conversação e da Pragmática em relação de interface com a Linguística Forense, Direito e Processo do Trabalho, com base, especialmente, nos trabalhos de Sacks, Schegloff e Jefferson (1974), Koch (2015, 2016), Marcuschi (1986), Caldas-Coulthard (2014), Couthard e Johnson (2010) e Coulthard (2014). No que concerne à estrutura, este trabalho é composto por cinco capítulos: no capítulo um, apresentamos questões pertinentes à língua falada e marcadores conversacionais; o segundo capítulo trata da Face, Polidez e Atenuação; o terceiro da Linguística Forense e da interação em contextos legais. No quarto capítulo, descrevemos a metodologia, constituição do corpus e no quinto análise e discussão dos dados. Por fim, apresentamos as considerações finais a respeito da pesquisa. De acordo com os resultados, assinalamos que o intuito primordial dos juristas é por fim a lide, respeitados os princípios e normas jurídicos e, assim, os falantes aplicam os marcadores conversacionais, em suas diversas funções, como estratégias linguísticas, visto que são de extrema importância para desenvolvimento coerente do texto falado e utilizados, a fim de atenuar o discurso, planejar a sua fala, manifestar opinião, dentre outras. Na tentativa de formalizar acordos processuais, os juízes e advogados se valem de mecanismos como a polidez, atenuação e também do marcador paralinguístico riso, o qual traz ao contexto forense maior grau de informalidade, beneficiando as tratativas. Já nas audiências em que a instrução processual não pode ser evitada, os marcadores conversacionais são utilizados, mormente, no sentido de conter as partes no que tange a observância de imparcialidade e objetividade. Por derradeiro, as articulações por meio do uso dos marcadores conversacionais transformam em efeitos semânticos explícitos as intenções implícitas do locutor. Percebe-se que a maior incidência quanto à utilização dos marcadores conversacionais se dá nas audiências em que o acordo é firmado entre as partes. Logo, nas audiências em que não há acordo, mas oitiva de testemunhas, o diálogo é mais engessado e sequencial.
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