O CUIDADO NUTRICIONAL DA PESSOA COM OBESIDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE SOB A PERSPECTIVA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM MATO GROSSO DO SUL |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
08/05/2024 |
Área |
SAÚDE PÚBLICA |
Orientador(es) |
- Camila Medeiros da Silva Mazzeti
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Coorientador(es) |
- Bruna Paola Murino Rafacho
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Orientando(s) |
- Fabiana Santos Araujo de Oliveira
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Banca |
- Alessandro Diogo de Carli
- Camila Medeiros da Silva Mazzeti
- Erika Cardoso dos Reis
- Mariane Helen de Oliveira
- Osvaldinete Lopes de Oliveira Silva
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Resumo |
Introdução: A obesidade é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, apresenta causa multifatorial influenciada por fatores genéticos, metabólicos, culturais, sociais e comportamentais, acarretando grande impacto na qualidade de vida. O estado de Mato Grosso do Sul ainda não possui um fluxo ordenado para
atendimento do paciente com sobrepeso e obesidade na forma de linha de cuidado. Objetivo: Analisar o cuidado do sobrepeso/obesidade no estado do Mato Grosso do Sul na perspectiva de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN). Métodos: Foi aplicado um questionário aos profissionais de saúde do estado no âmbito da Atenção Primária em Saúde, para coleta de informações sobre a capacidade e estrutura do atendimento
no SUS para pessoas com sobrepeso/obesidade. Os profissionais de todo o estado foram questionados sobre recursos humanos, infraestrutura, práticas, ações e programas para o cuidado da obesidade em seu território. A coleta de dados foi conduzida em parceria e com a autorização da Secretaria Estadual de Saúde (SES)
do estado de Mato Grosso do Sul. Os dados foram analisados por teste de qui-quadrado para analisar as diferenças entre o grupo de profissionais que realizavam ou não Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) em sua prática diária, e entre o grupo de municípios que manteve ou não as equipes multiprofissionais na Atenção Primária à Saúde (APS) em apoio à equipe Saúde da Família (eSF). Resultados: Os municípios que afirmaram que praticam VAN são 40,18% (n=45) e 59,82% (n=67) afirmaram que “Não” que praticam VAN. O grupo que não realiza VAN não refere nenhuma vez realizar “Estudo dos determinantes e condicionantes dos problemas
alimentares e nutricionais no território” em nenhuma circunstância. Observou-se que profissionais que realizavam VAN encaminhavam mais para ações em grupo relacionadas aos cuidados para pessoas com sobrepeso/obesidade na UBS/USF e/ou polos de Academia da Saúde ou similares (p=0,040) e referiram mais
encaminhamentos para outras ações em pontos de ações intersetoriais (p=0,034). Na análise de OR observou-se que a ausência de VAN, diminui a chance de oferta de Praticas Integrativas e Complementares (PIC) (OR= 3,78; IC95%1,29–11,05), conhecer dos fluxos de encaminhamento (OR = 2,99; IC95%1,40–6,37), realizar a
avaliação do consumo alimentar (OR=3,72; IC95%1,48–9,32) e oferecer atendimento individual ao sobrepeso/obesidade (OR = 3,70; IC95%1,06–12,94).Conclusão: As análises de dados demonstram indícios que a VAN pode favorecer um fluxo mais coeso do paciente com sobrepeso e obesidade na APS, ele se processou quando as análises foram feitas sob a perspectivas da manutenção das equipes multiprofissionais. Portanto a manutenção das equipes e a implementação da prática de VAN no território de Mato Grosso do Sul são necessários para a viabilização da LCSO. |
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PRONTIDÃO ORGANIZACIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE PARA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA CARTILHA DE INTRODUÇÃO ALIMENTAR NO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE, MS. |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
30/04/2024 |
Área |
SAÚDE PÚBLICA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Camila Medeiros da Silva Mazzeti
- Edilson Jose Zafalon
- Inara Pereira da Cunha
- Rafael Aiello Bomfim
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Resumo |
Para implementar mudanças no serviço que permitam uma modificação de sucesso
no cenário de prática, instrumentos que buscam avaliar se a organização de saúde
está apta para a inovação segundo seus profissionais, utilizam escalas destinadas a
medir a prontidão organizacional. Este estudo teve como objetivo avaliar a prontidão
organizacional dos profissionais de saúde da Atenção Primária antes e após a
implementação de um guia de introdução alimentar para crianças de 0 a 2 anos. Foi
realizado um estudo longitudinal de métodos mistos utilizando o questionário
Organizational Readiness for Implementing Change (ORIC-Br) e entrevistas
estruturadas em oito unidades de saúde em Campo Grande, Mato Grosso do Sul,
Brasil. Três estratégias de implementação – controle, síncrona e assíncrona - foram
avaliadas. O estudo qualitativo envolveu uma entrevista semiestruturada com base
nos domínios do Consolidated Framework for Implementation Research (CFIR),
aplicada antes da intervenção. Os dados qualitativos foram coletados com a aplicação
do instrumento ORIC-Br e processados, analisados e submetidos a estatísticas
descritivas e inferenciais com o Teste T Anova, considerando o nível de significância
de 5%. A média do escore de prontidão organizacional entre enfermeiros (M=4,11,
DP=0,77) foi significativamente maior do que a dos dentistas (M=3,47, DP=0,86) e
médicos (M=3,48, DP=0,92) na dimensão de comprometimento no momento préimplementação. No entanto, essa prontidão diminuiu pós-implementação (M=3,56,
DP=0,95). Os dentistas exibiram a média mais baixa de escore de prontidão
organizacional antes da implementação, com disparidades significativas observadas
na dimensão de comprometimento (M=3,47, DP=0,86). Não foram identificadas
diferenças significativas em ambas as dimensões na fase pós-implementação entre
as categorias profissionais. Além disso, não foram observadas discrepâncias
significativas de prontidão entre os grupos que utilizaram diferentes estratégias de
implementação em relação ao grupo controle. Pesquisas futuras devem adotar uma
abordagem mais robusta e adaptável para avaliar estratégias de implementação em
configurações de APS. A adoção de abordagens que incorporam o feedback dos
interessados e adaptam as estratégias de implementação será fundamental para
promover a melhoria e abordar os desafios de forma proativa. |
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SINTOMAS ANSIOSOS E DEPRESSIVOS EM PESSOAS IDOSAS ASSISTIDAS PELA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM ÁREA RURAL DE CAMPO GRANDE/MS |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
25/03/2024 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
- Arthur de Almeida Medeiros
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Arthur de Almeida Medeiros
- Bianca Cristina Ciccone Giacon Arruda
- Isabelle Ribeiro Barbosa Mirabal
- Kenio Costa de Lima
- Sonia Maria Oliveira de Andrade
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Resumo |
O envelhecimento envolve uma série de processos, incluindo mudanças em aspectos psicológicos e a vivência de lutos, decorrentes, em especial, da perda de condições de saúde que passam a mudar nessa fase da vida. Pessoas idosas que residem em áreas rurais lidam com processos naturais do envelhecer e algumas podem se encontrar em vulnerabilidade. Há pessoas idosas que possuem limitações relacionadas aos meios de transporte, acesso à saúde e demais recursos sociais, o que pode gerar grandes impactos em sua saúde mental. Devido à importância de estudos voltados à saúde mental da população idosa, o objetivo geral desta pesquisa é identificar a prevalência de sintomas ansiosos e depressivos em pessoas idosas assistidas pela Estratégia Saúde da Família em áreas rurais de Campo Grande/MS. Trata-se de uma pesquisa quantitativa, voltada para o rastreio de sintomas ansiosos e depressivos em pessoas idosas residentes na área rural e que são assistidas pela Estratégia Saúde da Família no município de Campo Grande/MS, através de aplicação de um questionário de caracterização da amostra e instrumentos breves de avaliação da multimorbidade, funcionalidade e que rastreiam sintomas ansiosos e depressivos em pessoas idosas, como o Inventário de Ansiedade Geriátrica (GAI) e a Escala de Depressão Geriátrica (GDS). Há, aproximadamente, 946 pessoas idosas que residem em áreas rurais e são assistidas pela ESF. Tendo tal número como parâmetro, considerando nível de confiança 95%, margem de erro de 5% e frequência de 22% de sintomas depressivos na população idosa residente em áreas rurais, o número da amostra mínima necessária foi de 207 sujeitos. Foi acrescido 20% para efeito de análises múltiplas, resultando em uma amostra de 239 pessoas. Foram realizadas análises descritivas e aplicou-se a regressão de Poisson com variância robusta para identificar os fatores associados aos sintomas depressivos e ansiosos na população idosa rural. Os resultados da pesquisa apontam que a prevalência de sintomas depressivos nas pessoas idosas do estudo foi de 23,29% (IC95% 18,42; 28,98) e de sintomas ansiosos foi de 22,09% (IC95% 17,33; 27,20). Os fatores idade, estado civil, prática de atividade física, autoavaliação do estado de saúde e uso de medicamento estiveram associados à presença de sintomas depressivos. Já os fatores sexo, estado civil, prática de atividade física, autoavaliação do estado de saúde e presença de multimorbidade, relacionaram-se aos sintomas ansiosos. Por meio dos fatores associados a tais sintomas, verificou-se que o adoecimento psíquico deriva-se de vulnerabilidades sociais e condições de saúde física, envolvendo o contexto socioeconômico, falta de mecanismos para lidar com situações estressoras, sensação de solidão e perda da autonomia. Com isso, conclui-se que a população idosa em áreas rurais necessita de visibilidade e cuidados em saúde mental pela ESF, tendo a criação de políticas públicas voltadas a esse público, com foco em ações de promoção, prevenção e reabilitação da saúde. Esta pesquisa possui potencial para fortalecer a ESF no sentido do desenvolvimento de caminhos possíveis para o cuidado da saúde mental das pessoas idosas em áreas rurais, como a criação de políticas públicas, ações em saúde e qualificação dos profissionais da APS que atendem esse público.
Descritores: pessoa idosa; saúde mental; estratégia saúde da família; zona rural. |
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ANÁLISE DAS AÇÕES DE APOIO MATRICIAL EM CENTROS DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS BRASILEIROS EM INTERFACE COM A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE BUCAL |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
23/02/2024 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
- Alessandro Diogo de Carli
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Thaislaine Gonçalves Martins Santos
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Banca |
- Alessandro Diogo de Carli
- Edilson Jose Zafalon
- Rafaela da Silveira Pinto
- Rafael Aiello Bomfim
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Resumo |
A Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), foi implantada em 2004, assumindo um papel importante na Atenção Primária a Saúde (APS), visando estratégias para a redução das desigualdades em saúde bucal neste nível de atenção e ampliando o acesso a tratamentos especializados por meio da criação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO). Estes ainda enfrentam desafios, demonstrando fragilidades em determinadas situações, principalmente no que se refere à integralidade do cuidado, que depende da interlocução com os profissionais de outros níveis de atenção, podendo ser realizada por meio do Apoio Matricial (AM). Este foi um dos aspectos avaliados pelo Programa de Melhoria da Qualidade e Acesso dos Centros de Especialidades Odontológicas (PMAQ-CEO). O objetivo desse estudo foi investigar se há associação do AM realizado na atenção especializada em saúde bucal no Sistema Único de Saúde com aspectos do processo de trabalho integrado com a Atenção Primária em Saúde e variáveis contextuais. O desenho metodológico do estudo é de natureza quantitativa analítica de delineamento transversal. Foram analisados os dados secundários referentes à Avaliação Externa do segundo ciclo PMAQ-CEO, relativos ao Módulo II. Variáveis contextuais foram selecionadas no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e por meio de consulta ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foram realizadas análises descritivas e para as variáveis cobertura de saúde bucal na Estratégia Saúde da Família e índice de Gini foi realizada dicotomização pela mediana, classificando os municípios com menor e maior cobertura e com menor e maior índice Gini. A seguir foram ajustados quatro modelos múltiplos. Modelo 1 (modelo vazio), Modelo 2 (variáveis dos CEO, individuais), Modelo 3 (variáveis significativas dos CEO) e Modelo 4 (incluindo as variáveis contextuais). A partir dos modelos, foram estimados os odds ratio brutos e ajustados, com os respectivos intervalos de 95% de confiança. Os resultados mostraram que cerca de metade dos CEO não realizavam projetos terapêuticos construídos com as equipes de Saúde Bucal da APS. Verificou-se que a falta de projetos terapêuticos construídos com as equipes estava associada à falta de discussão de casos complexos pela equipe, falta de discussão de projeto terapêutico singular, ausência de atividades de educação permanente conjunta, falta de construção e discussão de protocolos clínicos, e a falta de crença na importância do planejamento e avaliação periódica. Os resultados sugerem que a articulação entre a APS e a atenção secundária em saúde bucal ainda apresenta fragilidades no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A integralidade do cuidado precisa ser fortalecida, exigindo uma intervenção maior por parte da gestão. Concluiu-se que os fatores relacionados ao funcionamento interno dos CEO têm maior influência na falta de integração entre as equipes de saúde bucal da APS, em comparação com as variáveis contextuais dos municípios. Essas conclusões destacam a necessidade de fortalecer a colaboração e a comunicação entre os CEO e as equipes de Saúde Bucal da ESF (Estratégia Saúde da Família), a fim de promover uma atenção odontológica mais integrada e efetiva para os usuários do SUS.
Descritores: Atenção Secundária à Saúde, Integralidade em Saúde, Estratégia Saúde da Família
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ANÁLISE DO TRABALHO DAS EQUIPES DE CONSULTÓRIO NA RUA DE MATO GROSSO DO SUL SOB A ÓTICA DA INTERSETORIALIDADE |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
14/12/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
- Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- André Barciela Veras
- Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
- Luiza Helena de Oliveira Cazola
- Marcelo Pedra Martins Machado
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Resumo |
A desigualdade social no Brasil foi agravada em virtude da pandemia da Covid-19, com aumento exponencial da população em situação de rua (PSR) em todo o território nacional. Por isso, a equipe de consultório na rua que visa atendimento de saúde integral à PSR, mostra-se ainda mais necessária para a garantia de direitos sociais àqueles que vivem em situação de extrema pobreza e vulnerabilidade. Historicamente, essa população sofre com as inúmeras iniquidades em saúde, na perspectiva dos determinantes sociais de saúde, o que requer o desenvolvimento de ações intersetoriais para superar a complexidade dos problemas de saúde aos quais estão expostos. Neste sentido, os estudos com este enfoque são necessários para subsidiar as políticas públicas que garantam direitos fundamentais da PSR. O objetivo desta pesquisa foi analisar o trabalho das equipes de consultório na rua (eCR) de Mato Grosso do Sul sob a ótica da intersetorialidade. Trata-se de um qualitativo, transversal, descritivo, exploratório, realizado de outubro de 2022 a agosto de 2023 com a participação de 18 trabalhadores de saúde das 04 equipes de consultórios na rua do estado, nos municípios de: Campo Grande, Corumbá, Ponta Porã e Três Lagoas, e da equipe gestora da Secretaria Estadual de Saúde. Os dados foram coletados por meio de 03 grupos focais e analisados, após transcrição, com base no referencial de análise de conteúdo preconizado por Bardin (BARDIN, 2011) e no referencial teórico de intersetorialidade de AKERMAN et al. (2014) define a intersetorialidade como ações realizada por um conjunto de diferentes setores que tem o mesmo público alvo e que sofrem com as iniquidades em saúde. Da análise dos discursos emergiram quatro categorias: o processo de trabalho das equipes de consultório na rua; o vínculo viabilizando o acesso; o estigma no cotidiano da prática; a intersetorialidade na informalidade e as competências de cada esfera. Tais categorias evidenciaram que o trabalho é realizado observando as necessidades dessa população mesmo com os desafios para organização do cuidado devido à falta crônica de recursos materiais e humanos. Apesar disso, o trabalho com o vínculo forte entre equipes e população é uma potencialidade dessas equipes. O estigma sofrido por essa população é ponto nevrálgico que afeta o trabalho das eCR juntamente com outros serviços que não veem tais ações como prioridade. As ações intersetoriais não institucionalizadas e dependente das relações interpessoais dos trabalhadores são consequência da marginalização das políticas relacionadas as populações vulneráveis, da escassez de parcerias, da falta de protocolos organizacionais e da fragmentação dos serviços. Além disso, a fragilidade no apoio da gestão, a dificuldade de acesso à garantia de serviços básicos de higiene e conforto para as pessoas em situação de rua, a falta de fluxos de atendimento ao migrante e barreira linguísticas também são fatores que comprometem o cuidado integral. Apesar desses entraves, as equipes trabalham diariamente na organização de ações que possam reduzir tais obstáculos. Desse modo, essa pesquisa mostrou que apesar dos desafios que as eCR sofrem para efetivar o seu trabalho na perspectiva da intersetorialidade, eles concordam que essa abordagem pode ser eficaz para superar essas dificuldades desde que seja bem organizada e institucionalizada para evitar relações de trabalho profissionais dependente. Outrossim, a partir dos achados encontrados foi possível elencar recomendações para a gestão e para as equipes, de ações voltadas a atenção integral a PSR. Tais recomendações abrangem: a criação de seminários de experiências, as capacitações em equipe, o restabelecimento de grupos intersetoriais, atividades de educação permanente, a criação de colegiados entre trabalhadores, ampliação do escopo de prática das equipes, o estabelecimento de rotinas de planejamento, monitoramento e avaliação do trabalho das equipes e a inclusão da equipe como campo de estágio extracurricular.
Descritores: Estratégia Saúde da Família; Atenção Primária à Saúde; Pessoas em Situação de Rua; Equidade em Saúde; Sistema Único de Saúde; Colaboração Intersetorial.
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PERCEPÇÕES DE CUIDADORES DE USUÁRIOS ACAMADOS FRENTE AOS DESAFIOS IMPOSTOS PELA PANDEMIA DE COVID-19 NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
31/10/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
- Sonia Maria Oliveira de Andrade
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Lena Lansttai Bevilaqua Menezes
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Banca |
- Cássia Barbosa Reis
- Juliana Pedroso Bauab Geraldo
- Mara Lisiane de Moraes dos Santos
- Sonia Maria Oliveira de Andrade
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Resumo |
O cenário mundial foi transformado com a propagação do novo coronavírus, intitulado
SARS-CoV-2, que causa a Covid-19, devido, principalmente, à sua capacidade de
rápida disseminação geográfica. Esse singular contexto gerou grandes desafios,
como o enfrentamento da crise sanitária na Atenção Primária à Saúde e a prestação
de assistência a usuários fragilizados que dependem da assistência de terceiros. Esta
pesquisa tem uma abordagem quanti-qualitativa de tipo descritivo e exploratória, com
base nos dados coletados em unidade de saúde da família no município de Campo
Grande, Mato Grosso do Sul. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas
direcionadas ao público-alvo de cuidadores de usuários que recebem insumos
médico-hospitalares para uso em domicílio, que compõem useram a amostra por
conveniência. Para organização dos dados, foi utilizada a técnica do Discurso do
Sujeito Coletivo, de Fernando Lefèvre e Ana Maria Lefèvre, e a análise se deu na
perspectiva do método materialista histórico-dialético sob o ponto de vista do singular-
-particular-universal. Assim, os resultados obtidos sinalizam que ainda há
predominância de cuidadoras do sexo feminino (73,3%) em resposta à cultura
brasileira. Entre estes cuidadores, existem também pessoas idosas, devido ao
aumento da expectativa de vida. A respeito dos usuários sobre os quais os cuidadores
são objeto da pesquisa, ficou evidente que fazem uso de convênio médico e consultas
particulares devido à dificuldade de acesso, via SUS, a profissionais de várias
categorias, tais como fisioterapia e ortopedia, entre outros. Outrossim, todos eles
deveriam contar com a assistência de uma equipe paliativista via Estratégia Saúde da
Família. Cerca de 20 milhões de pessoas deixaram de ter acesso a remédios através
da Farmácia Popular do Brasil devido à queda do orçamento destinado pelo Governo
Federal ao programa na última década. Conclui-se que o enfrentamento da pandemia
no Brasil foi deficitário. Os números de incidência e mortalidade fizeram do Brasil um
epicentro da doença e a falta de conhecimento sobre esta causou muito sofrimento,
tanto para os profissionais de saúde quanto para os cuidadores formais e informais,
em especial os familiares que prestam a assistência e não podem contar com nenhum
benefício assistencial ou previdenciário para sua própria subsistência. Nesse sentido,
torna-se imprescindível a implantação da Política Nacional de Cuidado no Brasil e que,
nela, esteja preconizada a participação dos profissionais da ESF na capacitação dos
cuidadores. Apesar do caótico contexto pandêmico, de todo desgaste físico, mental e
da sobrecarga, os cuidadores têm aprendido, sentindo satisfação no ato de cuidar, e
saído em busca dos direitos de seus assistidos.
Descritores: pandemia; COVID-19; Estratégia Saúde da Família; cuidados primários;
cuidadores. |
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Conhecimento sobre a infecção e vacinação contra o Papilomavírus humano em estudantes do ensino fundamental da rede pública em Campo Grande-MS |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
28/09/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
- Cacilda Tezelli Junqueira Padovani
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Cacilda Tezelli Junqueira Padovani
- Ines Aparecida Tozetti
- Marco Antonio Moreira Puga
- Sonia Maria Oliveira de Andrade
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Resumo |
O Papilomavírus humano (HPV) é causador da infecção sexualmente
transmissível (IST) mais incidente, podendo ocasionar verrugas na pele e mucosas
da região genital, assim como, câncer por infecção com os tipos virais de alto risco
oncogênico. O início da atividade sexual cada vez mais precoce propicia alta
vulnerabilidade das adolescentes em relação às IST, incluindo aquela causada pelo
HPV. A falta ou limitação do conhecimento entre os adolescentes acerca deste vírus,
assim como o desconhecimento da sua relação com o desenvolvimento do câncer de
colo de útero e outros, apresenta relevância e deve ser questionado. A prevenção
através da vacinação é o método mais eficaz e deve ser incentivado entre os que
estão na faixa etária indicada, visto que a cobertura vacinal, atualmente, encontra-se
abaixo do esperado. A pesquisa teve como objetivo analisar o conhecimento sobre a
infecção por HPV e incentivar a vacinação contra o HPV, em escolas da rede pública.
Tratou-se de uma pesquisa descritiva, transversal, quantitativa, com coleta de dados
primários, mediante entrevista estruturada entre estudantes do 6º ao 9º ano das
escolas municipais Professor Luiz Cavallon e Domingos Gonçalves Gomes, no
município de Campo Grande - MS. A maioria dos participantes estava na faixa etária
de 11 a 14 anos e pertencia ao sexo feminino (63,4%). Os dados mostraram que a
maioria dos alunos já ouviu falar sobre o HPV (70,1%), porém poucos sabem o que o
vírus causa. Dentre os participantes, somente 38,1% afirmaram que é um vírus que
causa câncer e 11,3% responderam que é um vírus que causa verrugas. A existência
da vacina contra o HPV foi relatada por 84,5%; 89,7% acham que essa vacina é
importante e 57,7% sabiam que a vacina está disponível de forma gratuita para
meninos e meninas com 9 a 14 anos. Apontou-se que 49% dos alunos referiram estar
vacinados, 38,7% não estariam vacinados e 12,4% não souberam responder. Quanto
à quantidade de doses, 25,3% referiram duas doses, 19,1% uma dose, 14,4% não
souberam responder quantas doses e 41,2% relataram não ter tomado nenhuma
dose. No entanto, quando consultados os dados referentes à vacinação (ESUS e
carteiras vacinais) encontrou-se uma cobertura vacinal superior ao referido, 62,3%
dos alunos estavam vacinados e 32,5% não. As ações de vacinação, após ação
educativa na escola resultaram em 79 alunos vacinados, a maioria deles com a
primeira dose (70,9%, n=56) e os outros 29,1% (n=23) receberam a segunda.
Concluiu-se que há déficit de conhecimento entre os participantes, visto que, a maioria
já ouviu falar sobre o HPV, no entanto, grande parte dos adolescentes não soube
afirmar a sua relação com o câncer de colo uterino. A aplicabilidade e relevância do
estudo para a Estratégia Saúde da Família (ESF) se deu por meio do aumento efetivo
da quantidade de doses de vacina administradas e através da disseminação do
conhecimento acerca do HPV, favorecendo a prevenção contra esta
infecção. Recomenda-se estratégias que possam aumentar a adesão vacinal sejam
otimizadas através da oferta da vacinação nas escolas e intensificação das ações de
educação em saúde. |
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ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E O PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO : UMA DISCUSSÃO SOBRE OS FATORES QUE IMPACTAM A VACINAÇÃO NO PRIMEIRO ANO DE VIDA DA CRIANÇA. |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
14/09/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Joseane Recalde Demenciano
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Banca |
- Everton Ferreira Lemos
- Nathan Aratani
- Renata Palopoli Picoli
- Sydia Rosana de Araujo Oliveira
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Resumo |
O binômio cuidado na saúde da criança e vacinação como medida de prevenção em saúde pública, certamente impacta diretamente na diminuição da morbimortalidade no Brasil, ficando atrás somente dos cuidados de saneamento básico e fornecimento de água potável. Diante deste cenário existe a necessidade de monitoramento da cobertura vacinal do Programa Nacional de Imunização - PNI, pelos estados e municípios. Este estudo teve como objetivo avaliar os processos de trabalho relativos as salas de vacinação, que possam impactar na imunização da criança de um ano idade, nas unidades de Atenção Primária em Saúde – APS no município de Campo Grande – MS. Trata-se de uma pesquisa com métodos mistos, exploratória, descritiva, observacional com coleta de dados primários e secundários. Inicialmente foram coletados dados secundários do sistema de informação de imunização nacional (SIPNI- WEB) e, em seguida, coleta de dados qualitativos, em Campo Grande – MS. Para tanto, foram avaliadas amostras de 14 (quatorze) unidades de saúde da atenção básica, 2 (duas) por região sanitária. Utilizou-se um instrumento de supervisão em sala de vacinação com base no documento padronizado pelo Ministério da Saúde e disponibilizado pelo PNI. Este instrumento foi adaptado para coleta de dados primários nestas unidades, como roteiro de observação da rotina e processos na sala de vacina durante os atendimentos. No processo de análise foi utilizada a Matriz SWOT ferramenta que aponta pontos fortes e fracos, sendo possível intervenções pontuais, conforme relatado na pesquisa. Concluiu-se que o processo de imunização visando a cobertura vacinal no primeiro ano de vida, vem sendo comprometido por alguns fatores como más condições estruturais, rotatividade de profissionais nas unidades de saúde e ausência de capacitação continuada, os profissionais estão sem cursos específicos de atualização a mais de 10 (dez) anos. Em contrapartida, as unidades contam com um bom processo logístico que garante o abastecimento das vacinas e insumos, a busca ativa com a ajuda dos agentes comunitários de saúde, e horários estendidos para o atendimento. Salienta-se que as demandas associadas a imunização são desenvolvidas por meio de um financiamento tripartite que envolve investimentos dos governos Federal, Estadual e Municipal. Contudo, é necessário que em todas as esferas sejam desenvolvidas ações efetivas com base nas demandas da comunidade, ou seja, na gestão municipal é preciso que seja feito o levantamento das necessidades específicas do município, por conseguinte, o repasse das informações para que sejam implementadas as ações por parte das esferas estadual e federal de modo a efetivar as políticas públicas em saúde. Quanto as contribuições para a Estratégia Saúde da Família a pesquisa são de extrema relevância, partindo do pressuposto de que poderá fornecer subsídios para a adequação de estratégias voltadas a continuidade da vacinação na primeira infância. De modo que contribui para a conscientização quanto a importância da imunização, bem como, o acesso aos postos de vacinação, campanhas e intensificação do programa na atenção primária, traduzindo-se em uma vigilância epidemiológica eficiente no município. |
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Caracterização do Acesso aos Serviços de Atenção Primária à Saúde de Pessoas Situadas em Núcleos Urbanos Informais na Região Urbana de Campo Grande/MS |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
12/09/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Emerson Andrade Gonçalves
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Banca |
- André Barciela Veras
- Antonio José Grande
- Clayton Peixoto de Souza
- Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
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Resumo |
Os serviços de saúde são essenciais para a qualidade de vida da população,
sobretudo, para as famílias e pessoas em maior vulnerabilidade social e que convivem
em áreas consideradas de risco, seja físico, biológico, psicológico, social ou
econômico, por conterem características territoriais e geográficas desfavorecidas.
Esses lugares, comumente denominados de favelas, estão frequentemente ligados a
índices baixos de desenvolvimento humano e deficiência de serviços públicos. Este
estudo buscou caracterizar o acesso aos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS)
de pessoas situadas em Núcleos Urbanos Informais (NUI) na região urbana de Campo
Grande/MS, tendo como objetivo específico caracterizar o acesso dos serviços de
APS das pessoas que vivem em locais com perfil análogo às favelas na área urbana
do município, com cadastro social na Agência Municipal de Habitação e Assuntos
Fundiários (AMHASF). Também teve por finalidade identificar os núcleos urbanos
informais e a frequência dessa população à APS; expor os determinantes de saúde e
o perfil social para o acesso desta população ao serviço de APS; e identificar o tipo
de equipamento em saúde mais buscados por esta população. O método, seguindo
as diretrizes de STROBE para estudos observacionais, foi baseado em análise
quantitativa por banco de dados secundários de saúde, assistência social e habitação
do governo municipal, com delineamento transversal, descritiva e observacional, entre
os períodos de 2019 a 2021, na busca para a contribuição na discussão das
demandas, políticas, tipos e volume de serviços em saúde que são acessados por
estes usuários, principalmente, as da Rede de Atenção à Saúde (RAS), que estão
diretamente ligadas a promoção e prevenção de riscos e agravos em saúde. Os
principais resultados sugerem haver uma possível causalidade entre moradores que
ganham menores médias de renda entre as variáveis analisadas e demandarem com
maior frequência dos atendimentos em APS. Isso tem um fator importante para o
melhor direcionamento das políticas públicas no município, visando uma melhor
cobertura da Atenção Básica dos serviços da saúde, garantindo melhor eficácia e
equidade nos atendimentos para a Estratégia da Saúde da Família (ESF). |
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Avaliação dos usuários do Programa Nacional de Controle do Tabagismo e sua interface com os agravos de saúde durante a pandemia de Covid-19 |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
12/09/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
- Leonardo Henriques Portes
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Orientando(s) |
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Banca |
- Adriane Pires Batiston
- Arthur de Almeida Medeiros
- Elen Ferraz Teston
- Fernando Pierette Ferrari
- Leonardo Henriques Portes
- Maristela Rodrigues Sestelo
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Resumo |
O tabagismo é considerado um grave problema de saúde mundial. O Programa Nacional de Controle do Tabagismo lidera o enfrentamento ao hábito de fumar principalmente na Estratégias Saúde da Família, que durante o período pandêmico da covid-19, enfrentou vários desafios. Com isso, objetivou-se avaliar os usuários do referido programa quanto às condições de saúde e sua situação em relação ao hábito de fumar. Procedeu-se a um estudo descritivo transversal, com coleta de dados secundários no período de novembro de 2022 a fevereiro de 2023 para levantamento dos participantes do programa em Campo Grande-MS no período de 2020 a 2021. Utilizou-se de um formulário estruturado para coleta dos dados primários, aplicado via telefone no período de março a junho de 2023, investigou-se, pela ótica do usuário, os seguintes fatores: 1) Frequência da covid-19 nos participantes; 2) Desenvolvimento de complicações pós-infecção pela covid-19; 3) Hábito de fumar durante a pandemia de covid-19. Os resultados foram tabulados com a utilização do software Microsoft Excel 2010® e analisados utilizando estatística descritiva a partir do software SPSS 25.0. Identificou-se que a participação dos usuários do programa foi reduzida consideravelmente entre os anos de 2020 e 2021, principalmente quanto à adesão dos participantes às sessões de acompanhamento; tendo a covid-19 contribuído como um importante fator para a não adesão ao programa. Foram entrevistadas 119 pessoas, assistidas pelo programa de cessação do tabagismo, sendo que: 104 pessoas (87,39%) fizeram uso exclusivo do SUS; 85 pessoas (71,43%) autodeclararam-se fumantes; 99 usuários (83,19%) participaram apenas uma vez do programa; 61 participantes (51,26%), iniciaram, mas não concluíram o programa; 62 pessoas (52,10%) declararam ter contraído o vírus da covid-19, dentre outras variáveis. Conclui-se que a participação dos usuários ao programa foi reduzida nos anos pesquisados (2020 e 2021), principalmente devido à situação pandêmica de covid-19. A maioria dos entrevistados, mesmo tendo realizado o programa, autodeclararam-se fumantes. Embora este estudo tenha sido realizado em um momento pandêmico, sua aplicabilidade é demonstrada no que tange o levantamento de informações importantes, tanto sobre o comportamento e adesão e percepção dos usuários quanto ao programa. Com isso, propõe-se que os dados apresentados nesta pesquisa possam somar para desenvolvimentos de novos desfechos das terapias para cessar o fumo.
Descritores: Estratégia saúde da família; Covid-19; Tabagismo; Programa Nacional de Controle do Tabagismo.
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SITUAÇÃO VACINAL DAS PESSOAS IDOSAS ACOMETIDAS PELA COVID-19 ASSISTIDAS PELA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NA FRONTEIRA BRASIL-PARAGUAI |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
11/09/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
- Arthur de Almeida Medeiros
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Hélcia Carla dos Santos Pitombeira
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Banca |
- Adriane Pires Batiston
- Arthur de Almeida Medeiros
- Elen Ferraz Teston
- Kenio Costa de Lima
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Resumo |
O surgimento da pandemia de Covid-19 significou impactos significativos à saúde pública.
Foram realizados esforços no sentido de mitigar os efeitos da doença, sobretudo àqueles
classificados como população de risco. No Brasil, observou-se que a oferta da vacinação
repercutiu significativamente na redução da morbimortalidade sobretudo na população idosa.
Desse modo, o estudo tem como objetivo conhecer a situação vacinal das pessoas idosas
acometidas pela Covid-19 assistidas pela Estratégia Saúde da Família (ESF) na fronteira BrasilParaguai. Trata-se de um estudo transversal desenvolvido com a população idosa acometida
pela Covid-19 assistida pela ESF na microrregião de Ponta Porã em Mato Grosso do Sul. Após
identificação das pessoas acometidas pela Covid-19, que se encontravam fora do período de
isolamento em até 30 dias, realizou-se contato telefônico e posterior visita domiciliar, momento
em que foi aplicado instrumento para caracterização sociodemográfica, da condição de saúde
específica à Covid-19 e da situação vacinal. As entrevistas aconteceram no período de
maio/2021 a março/2022. Procedeu-se análise descritiva, com resultados apresentados em
frequências absolutas e relativas, e medidas de centralidade e dispersão. Aplicou-se teste de
regressão de Poisson com variância robusta, para estimar a razão de prevalência e o respectivo
intervalo de confiança em relação ao desfecho “ciclo vacinal completo”. Adotou-se nível de
significância de 5%. Participaram do estudo 140 pessoas idosas, sendo a maior proporção com
até 79 anos (81,4%), do sexo feminino (63,6%) e autodeclaradas brancas (50,7%). Em relação
à escolaridade, 56,8% possuem nível fundamental incompleto, 10,1% nível médio completo e
apenas 0,7% nível superior. Aqueles que afirmaram não possuir renda ou que recebem valor de
até um salário mínimo correspondeu a 50,4% da população estudada. Quanto à situação vacinal
observou-se que 85,0% dos participantes haviam concluído o ciclo vacinal estabelecido com as
duas doses, nos casos das vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer, ou com a dose única da
vacina da Janssen, e a vacina administrada com maior frequência foi a CoronaVac (81,7%). O
tempo médio entre a primeira e a segunda dose das vacinas foi de 30,15 ± 21,96 dias na
CoronaVac, na Pfizer o intervalo foi de 76,5 ± 14,84 dias, e entre os que receberam o imunizante
da AstraZeneca o tempo médio foi de 83,46 ± 28,79 dias. O tempo entre o surgimento do
primeiro sintoma da doença e a confirmação do diagnóstico foi, em média, de 4,05 ± 2,91 dias,
e o tempo médio entre a conclusão do ciclo vacinal primário e a confirmação do diagnóstico de
Covid-19 foi de 140,02 ± 109,24 dias. Não foi observada associação entre a conclusão do ciclo
vacinal em relação as variáveis sociodemográficas. Por fim, verificou-se que a cobertura vacinal
foi inferior à preconizada pelo Ministério da Saúde e que o protocolo estabelecido pelo governo
estadual divergiu daquele estabelecido pelo governo federal. O diagnóstico da Covid-19 entre
as pessoas vacinadas aconteceu após o período médio reportado na literatura de eficiência da
vacina. Nesse sentido, o fortalecimento da ESF no enfrentamento à pandemia sobretudo com
ações direcionadas a grupos vulneráveis tornou-se imperativo no combate à Covid-19. |
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ENCONTROS, DESEJOS E CUIDADO NO TRABALHO VIVO EM ATO EM DUAS UNIDADES DE ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLA EM CAMPO GRANDE/MS. |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
11/09/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
- Mara Lisiane de Moraes dos Santos
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Sacadura Espada Lima Junior
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Banca |
- Alcindo Antonio Ferla
- Alessandro Diogo de Carli
- Emerson Elias Merhy
- Mara Lisiane de Moraes dos Santos
- Maria Paula Cerqueira Gomes
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Resumo |
O cuidado em saúde é fundamental para a produção da vida, devendo se constituir como o
propósito das ações das equipes de saúde. Entretanto, nem todas as ações de saúde são
necessariamente cuidadoras. Nessa perspectiva, o trabalho na Estratégia Saúde da
Família produz incômodos e interrogações sobre como o cuidado é produzido nos encontros
entre usuários e trabalhadores nas Unidades de Saúde da Família (USF), bem como
dúvidas sobre quais desejos estariam envolvidos na produção do cuidado. O objetivo foi
cartografar experiências de cuidado em saúde a partir de encontros no trabalho vivo em ato
na Rede Básica em duas USF de Campo Grande (MS), e instaurar conexões teóricas com
as narrativas produzidas com base nos encontros no campo da pesquisa. Foi realizado um
estudo qualitativo, com utilização da cartografia, a qual permite conhecer e acompanhar as
subjetivações dos cenários psicossociais e relacionais da produção do cuidado em saúde.
Foram realizados encontros semanais com trabalhadores e usuários nos momentos do
trabalho vivo em ato, durante 6 meses. Em vários encontros houve conflitos durante as
ações de cuidado ou, ainda, ausência de relações ou vínculos, com encontros “mecanizados”.
Ao mesmo tempo, houve encontros em que ficaram evidentes conexões das produções
desejantes de usuários e trabalhadores, produzindo novas possibilidades de cuidado que
fugiam das limitações impostas pelas práticas e rotinas instituídas. Nesses casos, as
experiências de cuidado mostraram a criação de linhas de fuga ao instituído, produzindo
outras possibilidades de cuidado singulares, e mais alinhadas aos desejos dos atores
envolvidos na produção do cuidado. Houve experiências com trabalhadores de saúde com
autonomia, demonstrando capacidade de produzir formas de se reinventar, abrindo espaços
para produzir cuidado centrado nos desejos do usuário. Houve também experiências com
trabalhadores de saúde que se afastaram da produção do cuidado como caminho
fundamental em defesa da vida, desconsiderando a produção dos desejos nos encontros.
Nessas situações foi evidente a atuação a partir da clínica baseada em estados de
dominação, ações castradoras da liberdade, limitadas ao tratamento das doenças do corpo
biológico, repleta de disciplinarizações que tentam a todo momento atuar e interceptar a
produção do desejo dos usuários. A cartografia desenvolvida mostra que é fundamental
que os espaços micropolíticos nas unidades de saúde tornem-se permeáveis às produções
desejantes dos encontros, promovendo a transformação dos atores envolvidos no processo
do cuidado, em um permanente tornar-se, em um eterno devir. Sem a pretensão de
generalização dos resultados, essa pesquisa é relevante ao dar visibilidade aos diferentes
modos de produzir cuidado em saúde no cotidiano de duas USF, seja o cuidado como
vigilância e dominação sobre o outro, como o cuidado que defende a vida com autonomia e
que considere os movimentos dos desejos dos usuários, com acolhimento, emancipação e
trocas, mediante processos de subjetivação que reinventem as possibilidades de existir e que
enfatizem a produção de saúde como produção de subjetividades. Ao problematizar o
cuidado no trabalho vivo em ato no campo da Saúde da Família, que essa pesquisa
produza incômodos e convoque pensamentos que nos instiguem, como trabalhadores da
saúde, a produzirmos práticas cuidadoras na Estratégia Saúde da Família com possibilidades
que considerem a produção do desejo e de mais vida nas vidas. |
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AVALIAÇÃO DO CUMPRIMENTO DE INDICADORES E DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS EM UNIDADES DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE CAMPO GRANDE (MS) |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
05/09/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
- Alessandro Diogo de Carli
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
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Banca |
- Alessandro Diogo de Carli
- Livia Fernandes Probst
- Mara Lisiane de Moraes dos Santos
- Rodrigo Dalla Pria Balejo
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Resumo |
O Programa Previne Brasil (PPB), atual programa de financiamento de custeio da
Atenção Primária à Saúde (APS) do Ministério da Saúde tem gerado dúvidas,
incertezas e controvérsias. O principal receio de gestores municipais, membros do
CONASS e CONASSEMS é a possível perda de recursos financeiros da saúde. Neste
modelo, o subsídio se dá por meio de quatro critérios: capitação ponderada,
pagamento por desempenho, incentivo para ações estratégicas, e o incentivo
financeiro com base em critério populacional, acrescentado posteriormente. Nesse
ínterim, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) é o modelo prioritário da Atenção
Primária à Saúde (APS). Para fortalecer a ESF, o município de Campo Grande-MS
(CG-MS) estabeleceu, desde 2020, uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz
(FIOCRUZ) através do Laboratório de Inovação da Atenção Primária à Saúde (LIAPS).
Com a parceria, houve a incorporação dos Programas de Residência Multiprofissional
em Saúde da Família (RMSF) e Residência em Medicina de Família e Comunidade
(RMFC). Sendo assim, se faz necessários estudos que avaliem as possíveis
consequências da implementação do PPB e do LIAPS, pois a captação de recursos
pode variar nas diferentes regiões do território em virtude da heterogeneidade
existente e das estratégias municipais adotadas. Ainda não se encontrou um padrão
de concentração de ganhos ou perdas nas diferentes regiões do país, portanto, esse
estudo comparou a captação de recursos da APS de CG-MS antes e após a
implantação do PPB. O objetivo desse estudo foi de verificar o desempenho e o
potencial de expansão de captação de recursos de todas as Unidades de Saúde da
Família participantes e não participantes do LIAPS em relação ao cumprimento dos
Indicadores do PPB. Trata-se de um estudo quantitativo, observacional, analítico, de
corte transversal, baseado em dados secundários relativos ao período de janeiro de
2018 a dezembro de 2022 provenientes do Sistema de Informação do Ministério da
Saúde (E-SUS), plataforma do Egestor, do Fundo Nacional de Saúde (FNS) e
informações cedidas pela Secretaria de Saúde de Campo Grande-MS (SESAU),
utilizado para a conferência dos indicadores. Os dados foram submetidos à análise
estatística analítica, através dos testes de qui-quadrado e Exato de Fisher utilizados
para analisar as associações entre as variáveis categóricas. O teste de Mann Whitney
foi utilizado para comparar as equipes de unidades com e sem LIAPS, quanto aos
critérios de capitação ponderada. Todas as análises foram realizadas no programa R,
8
com nível de significância de 5%. Os resultados revelaram uma tendência de aumento
nos repasses de custeio, considerando o período como um todo (2018 a 2022),
sugerindo uma possível interferência nos achados devido ao período de transição
prolongado em virtude da pandemia de Covid-19. Após a análise, verificou-se que em
2021 foram reduzidas as associações estatísticas significativas entre as unidades de
saúde com e sem LIAPS. Mas, em 2022, as unidades LIAPS obtiveram desempenho
superior as demais. As porcentagens mais relevantes das unidades LIAPS foram
obtidas no critério de pagamento por desempenho referentes aos indicadores 1, 3, 5,6
e 7. Entretanto, o município, entre o período de 2020 e 2021, não alcançou as metas
propostas pela pactuação do PPB. Ao analisar a viabilidade da Estratégia Saúde da
Família após a implantação do programa de financiamento do Ministério da Saúde,
esse estudo se torna relevante, com impacto para a mesma, pois, para que haja
aperfeiçoamento contínuo da capacidade de gestão e manutenção dos serviços de
saúde é imprescindível analisar os critérios e parâmetros de capitação de recursos
financeiros da APS. Além disso, foi avaliada uma estratégia de reestruturação das
USF do município (o LIAPS), a qual impulsionou o aumento do cumprimento de
indicadores do PPB nas unidades implantadas. Isto ocorreu, provavelmente, devido
ao fortalecimento dos atributos essenciais e derivados, a utilização de ferramentas de
gestão do cuidado, a qualificação das práticas através da educação permanente em
saúde e a implementação da carteira de serviço. Ações estas com possibilidades de
aplicabilidade imediata nas demais ESF. |
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ANÁLISE DA DESCENTRALIZAÇÃO DO COMPARTILHAMENTO DO CUIDADO DA PESSOA VIVENDO COM HIV (PVHA) À ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM CAMPO GRANDE, MS. |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
05/09/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
- Alessandro Diogo de Carli
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Fabiane Marques Neves Dittmar Duarte
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Banca |
- Alessandro Diogo de Carli
- Livia Fernandes Probst
- Sandra Maria do Valle Leone de Oliveira
- Sonia Maria Oliveira de Andrade
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Resumo |
A descentralização do cuidado da pessoa vivendo com HIV (PVHA) na Atenção
Primária em Saúde teve seu marco inicial em 2013, mas o município de Campo
Grande (MS) só incorporou essa diretriz em 2019, com a sistematização da
assistência em 22 unidades de Atenção Primária em Saúde (APS), conhecidas
também como Unidades Dispensadoras de Medicamentos Antirretrovirais (UDM).
Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo analisar a descentralização do
Compartilhamento do Cuidado da PVHA à APS em Campo Grande – MS. Trata-se de
um estudo quantitativo, analítico que foi realizado com os profissionais médicos,
enfermeiros, farmacêuticos, gerentes e usuários UDM. Os dados primários foram
coletados por meio da aplicação de dois formulários estruturados. Um destes, foi
adaptado do QualiAids, e avaliou aspectos correspondentes à estrutura e processo.
O segundo, de autoria da própria pesquisadora, foi respondido por PVHA em
tratamento nessas unidades de saúde, a partir do qual foi possível avaliar a satisfação
destes usuários com o serviço de saúde. Os dados coletados foram organizados em
planilha Excel e em seguida foram realizadas análises. As informações foram
descritas com frequências absolutas e relativas, apresentando a distribuição dos
dados de forma detalhada. A seguir o teste Exato de Fisher foi utilizado para analisar
as associações entre as avaliações dos usuários e a vulnerabilidade dos bairros das
unidades de saúde onde eles fazem o acompanhamento na APS. Para essas análises
de associação, os bairros das unidades foram classificados em baixa (0,05 a 0,45),
média (0,46 a 0,61) e alta vulnerabilidade social (0,62 a 0,96), a partir dos índices de
exclusão social dos bairros. Todas as análises foram realizadas no programa R,
considerando o nível de significância de 5%. Os resultados foram organizados por
meio de categorias, realizando a apresentação da categorização geral dos resultados
obtidos por meio de dados primários e secundárdios, seguido da apresentação dos
resultados considerando os quatro atributos essenciais para as ações e serviços da
APS, sendo apresentados em (1) acesso do primeiro contato do indivíduo com o
sistema de saúde; (2) longitudinalidade do cuidado a PVHA; (3) integralidade na
assistência; e (4) coordenação de atenção a PVHA, e por fim a avaliação dos usuários
das Unidades do Compartilhamento do Cuidado da pessoa vivendo com HIV (PVHA)
com a vulnerabilidade. Os resultados do estudo apontaram o tempo de consulta
médica para novos PVHA é de 30 a 45 minutos e os retornos de 15 a 30 minutos; o
profissional médico identifica a necessidade de encaminhar PVHA para outro
profissional e outros serviços; não é realizado atividades em sala de espera; o principal
motivo de procura por consulta extra é falta de medicamentos; a dispensação do ARV
é realizada pelo SICLOM e apesar da satisfação dos usuários ser elevada, o tempo
de espera pela consulta é algo que incomoda. Entre as estratégias de atenção à saúde
ofertada ao HIV na APS, o estudo apontou potencialidades de acesso ao diagnóstico
e tratamento oportuno no território próximo ao domicílio da PVHA, fatores importantes
para a vinculação e retenção desse usuário ao serviço público, cujo o maior objetivo
é a supressão viral. Essas estratégias do cuidado da PVHA vem ao encontro dos
atributos essenciais da APS no que tange acesso de primeiro contato;
longitudinalidade; coordenação e integralidade do cuidado da PVHA e dos serviços
que poderão ser acessados, tendo em vista que o HIV é uma doença crônica com
importante redução da morbimortalidade dentro do roll de agravos que a equipe de
saúde do território necessitam manejar. O estudo apontou também elevado grau de
satisfação das PVHA que frequentam as UDM em destaque para a organização das
unidades e atendimento pela recepção e equipe de saúde. Em relação ao seguimento
da PVHA, 65,05% não apresentam doença avançada e 94,18% dignósticadas no
período estão vivas. No tocante aos fatores individuais e contextuais que interferem
no processo saúde-doença das PVHA, três quesitos foram destacados: satisfação
com a higiene, limpeza e organização da unidade; atendimento da recepção
(gentileza, atenção, informações) e, atendimento e tratamento recebido pela equipe
de saúde. O modelo sistemático de avaliação incorporado na descentralização do
Compartilhamento do Cuidado da PVHA na APS produzidas neste estudo pode
influenciar decisões pautadas em dados validados cientificamente e subsidiar
estratégias de gestão política, socialmente adequadas para o fortalecimento da
Política de Assistência da PVHA. |
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COMPORTAMENTO DE USUÁRIOS EM RELAÇÃO À IMUNIZAÇÃO DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 NA PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
30/08/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Luana Cristina Roberto Borges
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Banca |
- Adriane Pires Batiston
- Bianca Cristina Ciccone Giacon Arruda
- Elen Ferraz Teston
- Sonia Silva Marcon
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Resumo |
O Programa Nacional de Imunização possui papel fundamental na redução das taxas de morbimortalidade de doenças imunopreveníveis no país. Contudo, a expansão de correntes obscurantistas tem gerado frequentes questionamentos em relação a efetividade e segurança das vacinas, situação agravada pela pandemia da covid-19. Reconhecer as atitudes da população, sob a ótica dos profissionais de saúde durante um período de calamidade pública, pode contribuir para a adoção de estratégias de enfrentamento às fake news e o com o aumento da cobertura e redução do atraso vacinal. O presente estudo tem como objetivo conhecer a repercussão da pandemia da covid-19 no comportamento dos usuários com relação à imunização sob a perspectiva dos profissionais de enfermagem. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, com abordagem qualitativa, conduzido com 20 profissionais de enfermagem atuantes em sala de vacina e gestão de imunização de um distrito sanitário de Campo Grande – MS. A coleta de dados foi realizada, de modo presencial, nos serviços de saúde por meio de entrevista semiestruturada, audiogravada, com duração média de 30 minutos. Após a transcrição na íntegra, foram submetidas a análise de conteúdo, modalidade temática. Os resultados –apontaram a influência das Fake News na credibilidade vacinal durante a pandemia da covid-19, em especial com a ascensão do negacionismo e a disseminação de notícias falsas, o que refletiu na atitude dos usuários com relação as vacinas. Frente a isso, a adesão e confiabilidade vacinal, a valorização da ciência e do serviço de saúde podem ser fortalecidos por meio de práticas educacionais em saúde realizadas inclusive nas salas de vacina. Ademais, o presente estudo revelou maior sensibilização dos usuários com relação às medidas preventivas, o aumento da procura das vacinas de rotina, a aproximação de diferentes públicos ao Sistema Único de Saúde, bem como o potencial educativo dos profissionais nas ações cotidianas. Entretanto, a redução dos casos graves e a queda da taxa de mortalidade, refletiu na incompletude do esquema vacinal pela população. Conclui-se que a pandemia explicitou as dimensões do cuidado assistencial que a Atenção Primária a Saúde pode proporcionar ao público e viabilizou uma oportunidade de aproximação e valorização do Sistema Único de Saúde pela população brasileira. Para o fortalecimento da adesão e a confiança nas vacinas, e a valorização da ciência e dos serviços de saúde, é fundamental investir em práticas educacionais na área da saúde. O estudo fornece subsídios para promoção, planejamento e oferta de medidas que busquem ampliar o acesso à informação com relação a vacinação. Destaca-se que a retomada da cultura da prevenção se mostra como ponto primordial para a manutenção das altas taxas de cobertura vacinal, bem como a valorização do SUS em todas as suas vertentes, ressaltando sua importância como base sólida para o progresso científico. Recomenda-se que estudos futuros busquem reconhecer a percepção dos usuários nessa temática com o intuito de articular intervenções entre o serviço de saúde e a comunidade.
Descritores: Imunização; Atenção Primária à Saúde; Estratégia Saúde da Família; Atitude frente à Saúde; COVID-19.
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MATRICIAMENTO COMO ARRANJO DE GESTÃO COMPARTILHADA EM SAÚDE MENTAL: PERCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE/MS |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
29/08/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Guilherme Arthur Fatini Moreira
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Banca |
- Alessandro Diogo de Carli
- André Barciela Veras
- Leandro Antero da Silva
- Luciana Paes de Andrade
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Resumo |
Os transtornos mentais figuram entre as principais causas de morbidade no Brasil e no mundo, somente a depressão responde por mais de 4% da carga global de doenças e ocupa um lugar destacado entre as principais causas de incapacidade, contribuindo para problemas gerais de saúde, como infarto agudo do miocárdio, diabetes e morte prematura. Indivíduos com transtornos mentais exibem taxas mais elevadas de incapacidade e mortalidade, apresentando expectativa de vida reduzida quando comparados à população em geral. A Atenção Primária à Saúde é reconhecida como a principal porta de entrada no Sistema Único de Saúde, desempenhando papel de coordenação do cuidado na rede; quando integrados os conceitos de atenção especializada na Atenção Básica, surge um novo conceito introduzido em 1999 por Gastão Wagner de Souza Campos denominado de Matriciamento, que tem o objetivo de proporcionar retaguarda assistencial especializada e construir conjuntamente um projeto de intervenção pedagógico-terapêutica integrando os diferentes níveis assistenciais. A pesquisa objetivou compreender as percepções dos profissionais da Atenção Primária à Saúde em relação ao Matriciamento em Saúde Mental, descrevendo a teoria e o processo do matriciamento na Atenção Primária à saúde, investigando o conceito e os princípios do apoio matricial na visão dos profissionais da Atenção Primária à Saúde, analisando processo de trabalho na Atenção Primária à Saúde e sua integração com a Rede de Atenção Psicossocial, identificando os fatores facilitadores e as barreiras ao Apoio Matricial e descrevendo de que maneira a integração entre saúde mental e Atenção Primária à Saúde pode contribuir para a promoção e proteção à saúde de indivíduos com transtorno mental. Para isso, adotou-se uma abordagem qualitativa realizada em Campo Grande-MS, entre novembro e dezembro de 2021. A amostra do estudo adotou uma abordagem não-probabilística intencional por saturação, composta por profissionais de saúde atuantes em Unidades de Saúde da Família, que foram selecionadas de acordo com a atuação na Estratégia Saúde de Família e realizam atividades de Apoio Matricial. A composição dos participantes do estudo englobou todos os profissionais envolvidos no Apoio Matricial das equipes de referência de quatro unidades de Atenção Primária à Saúde. A coleta de dados foi realizada por meio de um roteiro de questões direcionadas a grupos focais compostos de 11 a 14 participantes, sendo que para cada grupo, as questões introduzidas inicialmente eram de fácil resposta, elevando-se, de forma progressiva, a especificidade e complexidade. A moderação da discussão esteve a cargo do pesquisador, que possibilitou certa adaptabilidade na gestão do grupo, registrando assuntos pertinentes não antecipados. As entrevistas foram registradas, conservadas em formatos digitais e transcritas integralmente para avaliação. Para organizar o material coletado, empregou-se o método de Análise de Discurso, uma vertente da matriz francesa desta disciplina, que concebe os objetos discursivos sob a tensão da historicidade, da interdiscursividade e da sistematicidade da língua. Compreendeu-se a partir das percepções dos profissionais da Atenção Primária à Saúde que existem divergências no conhecimento e nas abordagens adotadas entre as distintas unidades de saúde, de modo que os participantes demonstram o conhecimento teórico em relação ao matriciamento em conformidade com a processo metodológico originalmente proposto, já os conceitos e os princípios práticos não estão em conformidade com os princípios da Atenção Primária à Saúde e nem com o modelo de Apoio Matricial. Essa discrepância ressalta a importância de um diagnóstico situacional preliminar nos territórios e na Rede de Atenção Psicossocial antes da efetivação do matriciamento, viando compreender as necessidades das equipes e estabelecer expectativas realistas dos resultados esperados para melhor eficácia das práticas futuras, visando à atenção integral à saúde da população. Este trabalho tem o potencial de impactar significativamente a qualidade dos serviços de saúde ao explorar a abordagem de trabalho colaborativo entre diferentes equipes e profissionais de saúde; a pesquisa pode fornecer subsídios importantes para melhorar a progressão e a eficácia dos cuidados em nível primário de atenção à saúde. Além disso, a aplicabilidade do conteúdo deste estudo pode contribuir na melhoria da assistência aos pacientes, na otimização de recursos humanos e na promoção de uma abordagem integrada à saúde na comunidade atendida pelas Estratégias Saúde da Família. |
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CAMINHOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE GUIAS DE PRÁTICA CLÍNICA PARAMANEJO DA CÁRIE DENTÁRIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
15/08/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Hazelelponí Querã Naumann Cerqueira Leite
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Banca |
- Andreia Morales Cascaes
- Arthur de Almeida Medeiros
- Rafael Aiello Bomfim
- Valeria Rodrigues de Lacerda
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Resumo |
Os Guias de Prática Clínica (GPC) são ferramentas de apoio para a decisão clínica
baseada em evidências científicas. No entanto, eles não são bem implementados em
todos os cenários da Atenção Primária à Saúde (APS). O objetivo foi avaliar a
percepção dos cirurgiões-dentistas em relação ao manejo da cárie dentária e quanto
ao conhecimento e prática dos GPC por gestores (coordenadores municipais) e
cirurgiões-dentistas na APS do Estado do Mato Grosso do Sul usando o Quadro
Consolidado para Pesquisa de Implementação (CFIR). Para pesquisa qualitativa
foram realizadas entrevistas semiestruturadas com oito informantes-chave, e
posteriormente, utilizou-se a análise de conteúdo e os domínios do CFIR para
explicitar as barreiras e facilitadores. Para pesquisa quantitativa foi aplicado um
questionário com características sociodemográficas dos dentistas do setor público e
privado, seguido de perguntas pré-definidas baseadas nos cinco domínios do CFIR,
acrescido de quatro questões relacionadas a uma das diretrizes publicadas pela
Coordenação-Geral de Saúde Bucal do Ministério da Saúde. As principais barreiras
foram: desconhecimento sobre os guias (características da intervenção); a resistência
à inovação por profissionais mais antigos (características dos indivíduos); falta de
apoio e incentivos organizacionais (configuração externa), pouco recursos disponíveis
para calibração do dentista e falta de prontidão para implementação (cenário interno).
Os facilitadores principais foram: boa conexão entre a equipe de trabalho e
comunicações existentes dentro da organização (cenário interno); reconhecimento da
necessidade da implementação de um guia para manejo de cárie dentária na APS
(cenário interno), aceitabilidade para o uso dos GPC (características dos indivíduos);
usar líderes de opinião como facilitadores; e a necessidade de melhorar a qualidade
dos serviços e fluxo de trabalho (processo de trabalho). As partes interessadas
reconhecem a necessidade da mínima intervenção frente ao manejo da cárie dentária
e apoiam o uso do GPC na APS. Porém alguns desafios devem ser enfrentados, como
melhorar o acesso a esses documentos, enfrentar resistência à inovação por parte
dos profissionais da área odontológica, melhorar a alocação de recursos disponíveis
para a calibração dos profissionais e promover a prontidão para implementação.
Alguns atalhos podem facilitar a superação desses obstáculos, como a utilização de
pessoas formadoras de opinião, no intuito de favorecer a disseminação da evidência
científica, aliado ao investimento em educação continuada através de capacitação
constante aos profissionais do serviço. Ainda, é desejável que os gestores
reconheçam quem são os líderes de opinião para facilitar a implementação.
Os fatores que influenciam a implementação de evidências na prática clínica através
de Guias de Prática Clínica dentro do serviço de Saúde Bucal da APS puderam ser
identificados nessa pesquisa. Estudar eles contribuem para criação de estratégias de
implementação de GPC, para melhorar a prática clínica dos profissionais e os
resultados de saúde dos pacientes..
Descritores: guia de prática clínica; odontologia; cárie dentária; estratégia saúde da
família; atenção primária à saúde |
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FATORES ASSOCIADOS AO ÓBITO EM GESTANTES E PUÉRPERAS INDÍGENAS E NÃO INDÍGENAS POR SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE PELA COVID-19, NO BRASIL |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
11/08/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Adryelle Katheline D'Elia de Moura
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Banca |
- Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
- Everton Ferreira Lemos
- Glênio Alves de Freitas
- Nathan Aratani
- Renata Palopoli Picoli
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Resumo |
A COVID-19 é uma doença causada pelo novo coronavírus e se tornou uma ameaça
devastadora à saúde da população mundial, tendo a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG-Cov-2,) como sua forma mais grave. As gestantes e puérperas estão entre os grupos de risco, uma vez que as alterações fisiológicas da gestação e pós-parto aumentam o risco de infecções e as deixam susceptíveis à SRAG. Os povos indígenas também se enquadram como grupo de risco e são alvo de afecções graves, principalmente respiratórias, devido às situações de vulnerabilidade social e de saúde. Esta pesquisa teve por objetivo analisar a associação entre os determinantes sociodemográficos, comorbidades, sintomas e características de hospitalização com o desfecho de gestantes e puérperas indígenas e não indígenas
hospitalizadas por SRAG pela COVID-19, no Brasil. O estudo é transversal, quantitativo e retrospectivo, com dados secundários, extraídos no Banco de Dados do Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr), de gestantes e puérperas em idade reprodutiva (entre 10 a 49 anos), internadas por SRAG pela COVID-19, classificadas em raça/cor da pele indígena e não indígena (mulheres brancas, pretas, pardas e amarelas), no período da 9ª semana epidemiológica de 2020 à 35ª semana de 2022. Foram analisadas as variáveis com o desfecho, por meio do teste do qui-quadrado e intervalo de confiança de 95% (IC 95%). Realizou-se regressão logística para identificar os fatores associados ao óbito em gestantes e puérperas indígenas. Em panorama geral, apresentaram fatores associados ao óbito as gestantes do 3º
trimestre, de 20 a 34 anos, residentes na zona urbana/periurbana e na região Nordeste, sem comorbidades e saturação de O2 < 95%, somado a dispneia e necessitaram de internação em UTI, com uso de suporte ventilatório invasivo. Quando comparados os casos de óbitos entre as indígenas e não indígenas, pôde ser observada diferença estatística significante com mais vulnerabilidade das indígenas nas variáveis condição(gestante/puérpera), faixa etária, escolaridade, zona de residência, região de residência e comorbidades. Destaca-se que dentre
as indígenas, residir em zona rural aumenta em trinta e três vezes sua chance de evoluir à óbito quando comparado às indígenas que residem em área urbana/periurbana. Residir nas regiões Norte e Centro-Oeste, aumentam em mais de dez vezes quando comparamos ao Sul/Sudeste. Conclui-se que a pandemia agudizou e aprofundou as desigualdades sociais e étnico-raciais no Brasil, se fazendo necessário esforços específicos que garantam atenção qualificada e temporalmente oportuna a essa população.
Descritores: Saúde de populações indígenas; Gestantes; Período Pós-Parto; COVID-19; Estratégia Saúde da Família. |
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O CUIDADO TERRITORIAL EM SAÚDE E AS POPULAÇÕES ORIGINÁRIAS: NARRATIVAS NA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
07/08/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- MARCUS VINÍCIUS MARCELINI SILVEIRA RIBEIRO
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Banca |
- Alcindo Antonio Ferla
- Júlio Cesar Schweickardt
- Lucas Pereira Melo
- Mara Lisiane de Moraes dos Santos
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Resumo |
Propõe-se neste projeto identificar os efeitos da atuação profissional em saúde,
partindo da experiência de supervisão acadêmica do Programa Mais Médicos para o
Brasil (PMMB) com os médicos cooperados cubanos na atenção primária à saúde
dos povos originários, no sistema de saúde indígena da região amazônica. O projeto
se desenvolve a partir de conexões teóricas com as narrativas da experiência e
rotina como supervisor acadêmico, bem como da análise documental de artigos,
livros e documentos públicos, todos de livre acesso. Procura-se identificar temas
surgidos da prática profissional para aprofundamento e produção de conexões
teóricas com o campo empírico, tendo como base a educação permanente e o
desenvolvimento da prática profissional. As reflexões passam pelo tema do acesso à
saúde, situações clínicas, diálogos interculturais, supervisão acadêmica e logística
de trabalho nesta região. Como resultados foram desenvolvidos, um artigo que
procura relacionar o Programa Mais Médicos, as narrativas do pesquisador sobre a
sua prática profissional e as possibilidades da educação em saúde em tal contexto.
Também, um artigo sobre o enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Amazonas
pelas equipes de saúde e as narrativas sobre as experiências do pesquisador com
atividades de educação em saúde, na saúde indígena do Programa Mais Médicos,
nesse período. Por fim, um artigo sobre a pesquisa narrativa como método
contra-hegemônico de pesquisa e de organização de dados, bem como um campo
capaz de abrir possibilidades de produções científicas autênticas e que
compreendam que a pesquisa sirva também como instrumento de denúncia e
transformação social.
Decs: Estratégia Saúde da família; Saúde indígena; Programa mais médicos |
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EFEITOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS: PERCEPÇÕES DOS FAMILIARES, PROFISSIONAIS DA SAÚDE E DA EDUCAÇÃO |
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Curso |
Mestrado em Saúde da Família |
Tipo |
Dissertação |
Data |
27/04/2023 |
Área |
SAÚDE COLETIVA |
Orientador(es) |
- Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
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Coorientador(es) |
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Orientando(s) |
- Tais Lima de Deus Esperança
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Banca |
- Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
- Edinalva Neves Nascimento
- Renata Palopoli Picoli
- Sandra Maria do Valle Leone de Oliveira
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Resumo |
O novo coronavírus causou mudanças abruptas na sociedade mundial. Impôs o isolamento para
conter a contaminação e gerou o maior impacto que a Saúde e a Educação sofreram no último
século. Este estudo objetiva analisar os efeitos da pandemia da COVID-19 na aprendizagem
das crianças do primeiro e segundo ano do ensino fundamental. Para tal, foi realizado um estudo
descritivo-exploratório, de caráter qualitativo, no município de Campo Grande – MS, nas
Unidades de Saúde da Família (USF) apoiadas pelo Núcleo Ampliado de Saúde da Família e
Atenção Primária (NASF-AP) e nas escolas municipais de ensino fundamental da área de
abrangência, assistidas pelo Programa Saúde na Escola (PSE). De cada distrito sanitário foram
selecionados um equipamento de saúde e um de educação, totalizando 14, definidos por sorteio.
Os participantes escolhidos por conveniência foram: seis coordenadores indicados pelos
diretores e um vice-diretor, 14 professores indicados pelos coordenadores, 14 familiares
indicados pelos professores, sete enfermeiros indicados pelos gerentes das USF e sete
integrantes da equipe NASF-AP, escolhidos por sorteio, totalizando 48 pessoas. Os dados foram
coletados através de entrevistas semiestruturadas, norteadas por um roteiro elaborado para cada
grupo de entrevistados. As entrevistas foram gravadas, transcritas e categorizadas pelo método
de análise de conteúdo de Bardin (2011). Os resultados foram apresentados em três artigos: O
impacto da pandemia no desenvolvimento infantil: percepções de pais e familiares, que
evidenciou a avaliação predominantemente negativa sobre o ensino remoto, aumento do
sofrimento de crianças e familiares, prejuízo na aquisição de habilidades escolares e pouca
apropriação acerca do PSE, pelos responsáveis; Aprendizagem das crianças no contexto da
pandemia: perspectivas dos profissionais da educação e propostas para o Programa Saúde na
Escola, que demonstrou a fragilidade do ensino remoto, com baixa participação nas atividades
on-line, devido à falta de acesso às tecnologias, maior vulnerabilidade, prejuízo no
desenvolvimento e aprendizagem dos educandos, aumento do sofrimento psíquico das crianças
e dos profissionais da educação e pouca apropriação dos professores acerca do PSE; O impacto
da pandemia de Covid-19 no cuidado e aprendizagem infantil: percepções dos profissionais da
saúde e ações para minimizar os danos, cujos resultados corroboraram com os artigos anteriores
sobre aumento do sofrimento psíquico das crianças, fragilidade na intersetorialidade do PSE,
devido a pouca participação da Educação na construção de ações, somada à predominância da
perspectiva biomédica, em detrimento da biopsicossocial. E acrescentou dados sobre mudanças
nos processos de trabalho da APS, sobrecarga e aumento do sofrimento psíquico dos
profissionais. Conclui-se que os educandos tiveram prejuízos em diversos aspectos da vida e
houve aumento do sofrimento psíquico dos membros da comunidade escolar e da saúde. Os
resultados desta pesquisa contribuem com os gestores locais e formuladores de políticas
públicas, na definição de diretrizes para melhora na efetividade e resolutividade do cuidado
integral à saúde da criança, por meio das adequações do PSE e das intervenções das equipes da
APS/ESF, de modo que responda às necessidades da comunidade escolar, no intuito de
melhorar a qualidade de vida das crianças e sua rede de proteção.
Descritores: Estratégia Saúde da Família (ESF); pandemia de COVID-19; promoção da saúde
escolar |
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